Links


ARTES PERFORMATIVAS


DELIA DERBYSHIRE: O SOM E A MATEMÁTICA

RUI MIGUEL ABREU

2011-06-02



 

É interessante pensar que o nascimento do mítico Radiophonic Workshop da BBC tenha ocorrido em aliança com o departamento teatral e não como seria lógico pensar-se com a secção de música da instituição. Por um lado, Desmond Briscoe e Daphne Oram (a compositora de que falámos na anterior edição do Memórias do Futuro), os fundadores do Radiophonic Workshop, não eram vistos como compositores pelos músicos da vetusta BBC, mas antes como técnicos de som. Por outro, imaginar a gloriosa profusão de ruídos espaciais, invenções de futuro e visionárias manipulações electrónicas como parte de um drama muito particular acaba por fazer inteira justiça ao Radiophonic Workshop. O seu lugar era, de facto, o da encenação de um amanhã para que a Inglaterra olhava com alguma confiança depois da Segunda Guerra Mundial. Porque o futuro primeiro deseja-se e só depois se constrói.

 

<

 

Apesar do nascimento do Radiophonic Workshop ser coincidente com a chegada da era da televisão, foi no âmbito da rádio que começou a dar os primeiros passos. Muitos dos pioneiros das vanguardas europeias estavam aliás ligados a núcleos de investigação associados a laboratórios de rádio, casos de Stockhausen, Berio ou Schaeffer. O som em estado puro e a sua capacidade de antecipar o futuro pareciam ser motores desse género específico de criatividade. Delia Derbyshire, no entanto, chegou ao Radiophonic Workshop em 1963 e criou imediatamente um impacto ao ajudar a criar o tema que ainda hoje é visto por muitos como um verdadeiro clássico da idade electrónica em Inglaterra – o genérico da série televisiva de ficção científica Dr Who.

 

<

 

Com uma formação em matemáticas e música, Delia Derbyshire estava inteiramente fora do seu tempo e só por um breve período é que encontrou alguma sintonia. Em 1959, acabada de sair da faculdade, Delia procurou um emprego na Decca, a famosa editora que em breve haveria de recusar os Beatles e compensar o erro assinando os Rolling Stones, mas foi-lhe recusada entrada devido à política da companhia de não contratar mulheres. Acabou a trabalhar para a Boosey & Hawkes, uma das marcas míticas de Library Music, então um campo em expansão por causa das necessidades de música na rádio e na televisão para a ilustração sonora de filmes, documentários e programas diversos. Em 1963, Ron Grainer recebeu a encomenda para um indicativo para a nova série de ficção científica Dr Who. E foi a partir das suas notas em papel que Delia Derbyshire gravou e orquestrou o tema tal como hoje se conhece. Grainer terá ficado tão surpreendido com o trabalho de Delia que procurou conseguir-lhe um crédito de co-autoria, ideia firmemente recusada pela BBC que não entendia na altura como poderiam simples técnicos serem igualmente autores. Mas Delia, não era um mero talento técnico. Roy Curtis-Bramwell, autor que escreveu sobre o Radiophonic Workshop, afirmou que «a matemática do som era natural para Delia Derbyshire», acrescentando que «ela podia pegar num conjunto de sons e construir com eles uma peça musical de forma muito diferente de qualquer outra pessoa. Ela manteve-se no Radiophonic Workshop durante algum tempo e contribuiu com uma quantidade enorme de música muito bela, quase de outro mundo».

 

<

 

Delia é agora o objecto de um curto documentário da autoria de Kara Blake de título The Delian Mode. Em 25 minutos, uma combinação de entrevistas – com gente como Adrian Utley dos Portishead, Brian Hodgson, seu companheiro no Radiophonic Workshop, ou, entre outros, David Vorhaus e Peter Zinovieff, respectivamente aliados nas aventuras White Noise e Unit Delta Plus – material de arquivo e alguma vídeo-arte (o cabo de um telefone para significar o transporte da voz de Delia do passado para o presente), Blake constrói um retrato possível de uma mulher absolutamente visionária. Não é um retrato inteiramente inédito. Algum do material de arquivo e algumas das vozes que ilustram a vida e a obra de Delia Derbyshire já tinham servido para os documentários Alchemists of Sound (para televisão) ou Sculptress of Sound (para rádio), mas ainda assim, Kara Blake consegue impor a sua própria visão e revelar algumas tiradas incisivas da parte dos seus entrevistados. David Vorhaus, ele próprio um pioneiro de relevo graças ao seu trabalho nos White Noise e aos discos de Library Music que produziu, oferece uma imagem bem ilustrativa do carácter de Delia: «há uma linha ténue que divide o génio da loucura e ela dançou nessa corda bamba durante muito tempo».

 

http://thedelianmode.com/trailer

 

Delia Derbyshire faleceu em 2001 e nos últimos 10 anos a sua obra – e sobretudo o alcance da sua influência – tornou-se mais visível do que nunca. É ela a sombra que informa a guinada na direcção estética dos Portishead, por exemplo, e é ela a influência que a maior parte dos «hauntologistas» associados à editora Ghost Box reclamam. E até os Broadcast da recém desaparecida Trish Keenan a saudaram com a devida vénia.
 

A vida de Delia Derbyshire, no entanto, não foi fácil, como The Delian Mode bem ilustra. A dada altura, o tempo passou a correr com outro modo, com a chegada dos sintetizadores, e Delia sentiu que os dias da meticulosa escultura do som em fita magnética estavam a desaparecer. A década de 70 foi especialmente atribulada para ela, com o álcool a revelar-se um ingrato refúgio para os seus demónios. Foi só na fase final da sua vida que encontrou alguma paz, muito através dos primeiros sinais de reconhecimento por parte de uma nova geração. Peter Kember, o homem que o mundo conhece como Sonic Boom (membro dos míticos Spaceman 3 juntamente com Jason Pierce que haveria depois de fundar os Spiritualized), foi dos primeiros a manifestar admiração por Delia e neste documentário oferece um valioso testemunho para se perceber como viveu a sua musa nos últimos anos de vida.
 

No elogio fúnebre publicado nas páginas da revista Wire em 2001, Robin Carmody explicava que Delia Derbyshire tinha sido «uma psicóloga do som, uma analista obsessiva do ritmo, da inflexão, do tom, do pensamento». Foi, sem dúvida, alguém que desde cedo conviveu com memórias do mesmo futuro que ajudou a inventar. E que nunca esteve tão presente como agora.
 

<

 

O documentário: http://thedelianmode.com/
Página oficial: http://www.delia-derbyshire.org/
Discografia: http://www.discogs.com/artist/Delia+Derbyshire
 




Outros artigos:

2024-11-30


FRANCIS ALYS: RICOCHETES
 

2024-10-21


AO SER NINGUÉM, DUVALL TORNOU-SE TODAS. I AM NO ONE, DE NÁDIA DUVALL, NOS GIARDINI, BIENAL DE VENEZA 2024
 

2024-09-18


JOSÈFA NTJAM : SWELL OF SPÆC(I)ES
 

2024-08-13


A PROPÓSITO DE ZÉNITE
 

2024-06-20


ONDE ESTÁ O PESSOA?
 

2024-05-17


ΛƬSUMOЯI, DE CATARINA MIRANDA
 

2024-03-24


PARADIGMAS DA CONTÍNUA METAMORFOSE NA CONSTRUÇÃO DO TEMPO EM MOVIMENTO // A CONQUISTA DE UMA PAISAGEM AUTORAL HÍBRIDA EM CONTÍNUA CAMINHADA
 

2024-02-26


A RESISTÊNCIA TEMPORAL, A PRODUÇÃO CORPORAL E AS DINÂMICAS DE LUTA NA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2023-12-15


CAFE ZERO BY SOREN AAGAARD, PERFORMA - BIENAL DE ARTES PERFORMATIVAS
 

2023-11-13


SOBRE O PROTEGER E O SUPLICAR – “OS PROTEGIDOS” DE ELFRIEDE JELINEK
 

2023-10-31


O REGRESSO DE CLÁUDIA DIAS. UM CICLO DE CRIAÇÃO DE 10 ANOS A EMERGIR DA COLEÇÃO DE LIVROS DO SEU PAI
 

2023-09-12


FESTIVAL MATERIAIS DIVERSOS - ENTREVISTA A ELISABETE PAIVA
 

2023-08-10


CINEMA INSUFLÁVEL: ENTREVISTA A SÉRGIO MARQUES
 

2023-07-10


DEPOIS DE METADE DOS MINUTOS - ENTREVISTA A ÂNGELA ROCHA
 

2023-05-20


FEIOS, PORCOS E MAUS: UMA CONVERSA SOBRE A FAMÍLIA
 

2023-05-03


UMA TERRA QUE TREME E UM MAR QUE GEME
 

2023-03-23


SOBRE A PARTILHA DO PROCESSO CRIATIVO
 

2023-02-22


ALVALADE CINECLUBE: A PROGRAMAÇÃO QUE FALTAVA À CIDADE
 

2023-01-11


'CONTRA O MEDO' EM 2023 - ENTREVISTA COM TEATROMOSCA
 

2022-12-06


SAIR DE CENA – UMA REFLEXÃO SOBRE VINTE ANOS DE TRABALHO
 

2022-11-06


SAMOTRACIAS: ENTREVISTA A CAROLINA SANTOS, LETÍCIA BLANC E ULIMA ORTIZ
 

2022-10-07


ENTREVISTA A EUNICE GONÇALVES DUARTE
 

2022-09-07


PORÉM AINDA. — SOBRE QUASE UM PRAZER DE GONÇALO DUARTE
 

2022-08-01


O FUTURO EM MODO SILENCIOSO. SOBRE HUMANIDADE E TECNOLOGIA EM SILENT RUNNING (1972)
 

2022-06-29


A IMPORTÂNCIA DE SER VELVET GOLDMINE
 

2022-05-31


OS ESQUILOS PARA AS NOZES
 

2022-04-28


À VOLTA DA 'META-PERSONAGEM' DE ORGIA DE PASOLINI. ENTREVISTA A IVANA SEHIC
 

2022-03-31


PAISAGENS TRANSDISCIPLINARES: ENTREVISTA A GRAÇA P. CORRÊA
 

2022-02-27


POÉTICA E POLÍTICA (VÍDEOS DE FRANCIS ALŸS)
 

2022-01-27


ESTAR QUIETA - A PEQUENA DANÇA DE STEVE PAXTON
 

2021-12-28


KILIG: UMA NARRATIVA INSPIRADA PELO LOST IN TRANSLATION DE ANDRÉ CARVALHO
 

2021-11-25


FESTIVAL EUFÉMIA: MULHERES, TEATRO E IDENTIDADES
 

2021-10-25


ENTREVISTA A GUILHERME GOMES, CO-CRIADOR DO ESPECTÁCULO SILÊNCIO
 

2021-09-19


ALBUQUERQUE MENDES: CORPO DE PERFORMANCE
 

2021-08-08


ONLINE DISTORTION / BORDER LINE(S)
 

2021-07-06


AURORA NEGRA
 

2021-05-26


A CONFUSÃO DE SE SER NÓMADA EM NOMADLAND
 

2021-04-30


LODO
 

2021-03-24


A INSUSTENTÁVEL ORIGINALIDADE DOS GROWLERS
 

2021-02-22


O ESTRANHO CASO DE DEVLIN
 

2021-01-20


O MONSTRO DOS PUSCIFER
 

2020-12-20


LOURENÇO CRESPO
 

2020-11-18


O RETORNO DE UM DYLAN À PARTE
 

2020-10-15


EMA THOMAS
 

2020-09-14


DREAMIN’ WILD
 

2020-08-07


GABRIEL FERRANDINI
 

2020-07-15


UMA LIVRE ASSOCIAÇÃO DO HERE COME THE WARM JETS
 

2020-06-17


O CLASSICISMO DE NORMAN FUCKING ROCKWELL!
 

2019-07-31


R.I.P HAYMAN: DREAMS OF INDIA AND CHINA
 

2019-06-12


O PUNK QUER-SE FEIO - G.G. ALLIN: UMA ABJECÇÃO ANÁRQUICA
 

2019-02-19


COSEY FANNI TUTTI – “TUTTI”
 

2019-01-17


LIGHTS ON MOSCOW – Aorta Songs Part I
 

2018-11-30


LLAMA VIRGEM – “desconseguiste?”
 

2018-10-29


SRSQ – “UNREALITY”
 

2018-09-25


LIARS – “1/1”
 

2018-07-25


LEBANON HANOVER - “LET THEM BE ALIEN”
 

2018-06-24


LOMA – “LOMA”
 

2018-05-23


SUUNS – “FELT”
 

2018-04-22


LOLINA – THE SMOKE
 

2018-03-17


ANNA VON HAUSSWOLFF - DEAD MAGIC
 

2018-01-28


COUCOU CHLOÉ
 

2017-12-22


JOHN MAUS – “SCREEN MEMORIES”
 

2017-11-12


HAARVÖL | ENTREVISTA
 

2017-10-07


GHOSTPOET – “DARK DAYS + CANAPÉS”
 

2017-09-02


TATRAN – “EYES, “NO SIDES” E O RESTO
 

2017-07-20


SUGESTÕES ADICIONAIS A MEIO DE 2017
 

2017-06-20


TIMBER TIMBRE – A HIBRIDIZAÇÃO MUSICAL
 

2017-05-17


KARRIEM RIGGINS: EXPERIÊNCIAS E IDEIAS SOBRE RITMO E HARMONIAS
 

2017-04-17


PONTIAK – UM PASSO EM FRENTE
 

2017-03-13


TRISTESSE CONTEMPORAINE – SEM ILUSÕES NEM DESILUSÕES
 

2017-02-10


A PROJECTION – OBJECTOS DE HOJE, SÍMBOLOS DE ONTEM
 

2017-01-13


AGORA QUE 2016 TERMINOU
 

2016-12-13


THE PARKINSONS – QUINZE ANOS PUNK
 

2016-11-02


patten – A EXPERIÊNCIA DOS SENTIDOS, A ALTERAÇÃO DA PERCEPÇÃO
 

2016-10-03


GONJASUFI – DESCIDA À CAVE REAL E PSICOLÓGICA
 

2016-08-29


AGORA QUE 2016 VAI A MEIO
 

2016-07-27


ODONIS ODONIS – A QUESTÃO TECNOLÓGICA
 

2016-06-27


GAIKA – ENTRE POLÍTICA E MÚSICA
 

2016-05-25


PUBLIC MEMORY – A TRANSFORMAÇÃO PASSO A PASSO
 

2016-04-23


JOHN CALE – O REECONTRO COM O PASSADO EM MAIS UMA FACE DO POLIMORFISMO
 

2016-03-22


SAUL WILLIAMS – A FORÇA E A ARTE DA PALAVRA ALIADA À MÚSICA
 

2016-02-11


BIANCA CASADY & THE C.I.A – SINGULARES EXPERIMENTALISMO E IMAGINÁRIO
 

2015-12-29


AGORA QUE 2015 TERMINOU
 

2015-12-15


LANTERNS ON THE LAKE – SOBRE FORÇA E FRAGILIDADE
 

2015-11-11


BLUE DAISY – UM VÓRTEX DE OBSCURA REALIDADE E HONESTA REVOLTA
 

2015-10-06


MORLY – EM REDOR DE REVOLUÇÕES, REFORMULAÇÕES E REINVENÇÕES
 

2015-09-04


ABRA – PONTO DE EXCLAMAÇÃO, PONTO DE EXCLAMAÇÃO!! PONTO DE INTERROGAÇÃO?...
 

2015-08-05


BILAL – A BANDEIRA EMPUNHADA POR QUEM SABE QUEM É
 

2015-07-05


ANNABEL (LEE) – NA PRESENÇA SUPERIOR DA PROFUNDIDADE E DA EXCELÊNCIA
 

2015-06-03


ZIMOWA – A SURPREENDENTE ORIGEM DO FUTURO
 

2015-05-04


FRANCESCA BELMONTE – A EMERGÊNCIA DE UMA ALMA VELHA JOVEM
 

2015-04-06


CHOCOLAT – A RELEVANTE EXTRAVAGÂNCIA DO VERDADEIRO ROCK
 

2015-03-03


DELHIA DE FRANCE, PENTATONES E O LIRISMO NA ERA ELECTRÓNICA
 

2015-02-02


TĀLĀ – VOLTA AO MUNDO EM DOIS EP’S
 

2014-12-30


SILK RHODES - Viagem no Tempo
 

2014-12-02


ARCA – O SURREALISMO FUTURISTA
 

2014-10-30


MONEY – É TEMPO DE PARAR
 

2014-09-30


MOTHXR – O PRAZER DA SIMPLICIDADE
 

2014-08-21


CARLA BOZULICH E NÓS, SOZINHOS NUMA SALA SOTURNA
 

2014-07-14


SHAMIR: MULTI-CAMADA AOS 19
 

2014-06-18


COURTNEY BARNETT
 

2014-05-19


KENDRA MORRIS
 

2014-04-15


!VON CALHAU!
 

2014-03-18


VANCE JOY
 

2014-02-17


FKA Twigs
 

2014-01-15


SKY FERREIRA – MORE THAN MY IMAGE
 

2013-09-24


ENTRE O MAL E A INOCÊNCIA: RUTH WHITE E AS SUAS FLOWERS OF EVIL
 

2013-07-05


GENESIS P-ORRIDGE: ALMA PANDRÓGINA (PARTE 2)
 

2013-06-03


GENESIS P-ORRIDGE: ALMA PANDRÓGINA (PARTE 1)
 

2013-04-03


BERNARDO DEVLIN: SEGREDO EXÓTICO
 

2013-02-05


TOD DOCKSTADER: O HOMEM QUE VIA O SOM
 

2012-11-27


TROPA MACACA: O SOM DO MISTÉRIO
 

2012-10-19


RECOLLECTION GRM: DAS MÁQUINAS E DOS HOMENS
 

2012-09-10


BRANCHES: DOS AFECTOS E DAS MEMÓRIAS
 

2012-07-19


DEVON FOLKLORE TAPES (II): SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA COM DAVID CHATTON BARKER
 

2012-06-11


DEVON FOLKLORE TAPES - PESQUISAS DE CAMPO, FANTASMAS FOLCLÓRICOS E LANÇAMENTOS EM CASSETE
 

2012-04-11


FC JUDD: AMADOR DA ELETRÓNICA
 

2012-02-06


SPETTRO FAMILY: OCULTISMO PSICADÉLICO ITALIANO
 

2011-11-25


ONEOHTRIX POINT NEVER: DA IMPLOSÃO DOS FANTASMAS
 

2011-10-06


O SOM E O SENTIDO – PÁGINAS DA MEMÓRIA DO RADIOPHONIC WORKSHOP
 

2011-09-01


ZOMBY. PARA LÁ DO DUBSTEP
 

2011-07-08


ASTROBOY: SONHOS ANALÓGICOS MADE IN PORTUGAL
 

2011-06-02


DELIA DERBYSHIRE: O SOM E A MATEMÁTICA
 

2011-05-06


DAPHNE ORAM: PIONEIRA ELECTRÓNICA E INVENTORA DO FUTURO
 

2011-03-29


TERREIRO DAS BRUXAS: ELECTRÓNICA FANTASMAGÓRICA, WITCH HOUSE E MATER SUSPIRIA VISION
 

2010-09-04


ARTE E INOVAÇÃO: A ELECTRODIVA PAMELA Z
 

2010-06-28


YOKO PLASTIC ONO BAND – BETWEEN MY HEAD AND THE SKY: MÚLTIPLA FANTASIA EM MÚLTIPLOS ESTILOS