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Está tudo conforme esperado. Está tudo conforme deve estar.
O sistema de som descarrega punk-rock incendiário, daquele mesmo à bruta, para um espaço claustrofobicamente confortável, apertado entre um tecto baixo que se abate sobre as nossas cabeças e quatro paredes que encolhem à medida que se lhes escorre o suor.
Para encontrar o Afonso, a voz e a presença que nos ancoram no universo criado em privacidade mútua entre artistas no meio do público e entre público em pleno stage-floor, o melhor a fazer é tirar os olhos do palco, o palco em que ele se enterra nas profundezas das tábuas do stage-floor quando por lá passa, e procurar algum vestígio de pegadas no tecto da sala por onde ele caminha não poucas vezes enquanto sustentado pelas mãos da plateia em mais um stage-diving, crowd-surfing e outras coisas dessas que ele para lá faz – coitadas das bolas de espelhos... Para encontrar o Victor, a guitarra selvagem que nos sorri tanto quanto nos torpedeia em bombardeamentos eléctricos e distorcidos, o melhor a fazer é procurar por ele empoleirado em cima de uma coluna, do monitor de palco ou de algum outro local do palco e respectivas periferias por onde ele pára sem por lá se demorar muito e em que o nosso radar o encontre. Para encontrar o Pedro, o baixo que se mantém discreto lá atrás mas poderoso de uma forma que nos atinge no estômago com o corpo e volume sonoros que lhe sai dos dedos, o melhor a fazer é aguardar e pedir mais um copo, porque, por agora, há uma muralha: o palco está tomado por um punhado de público que se agarra ao microfone enquanto canta o refrão da música. Para encontrar a Paula, a impressionante e feminina casa das máquinas rítmica que agora, depois de umas mãos-cheias de bateristas entre 2005 e 2015, comanda as baguettes que nos metem na ordem apenas para nos realçar que é a liberdade que impera, basta ouvirmos e sentirmos as rajadas que ela dispara, pois a muralha por lá mantém a invasão. Não é bem invasão… Ela é pacífica e consentida por quem manda no palco: “é disto que o punk é feito”.
Para encontrar a plateia, basta olhar para o ringue da luta que não é nem ringue nem é luta; é um campo de batalha que não é batalha e onde não há punhos cerrados; é o campo de celebração onde a tribo liberta o seu ritual emocional e expressivo. Para encontrar alguém no bar, o melhor a fazer é procurar no palco, por mais difícil que essa tarefa possa parecer para quem procura e para quem se quer achado, pois quem está no bar está devidamente instruído, ao abrigo de contínuas requisições provenientes de um dos microfones do palco, para lá levar cerveja com abundância.
Está tudo conforme deve estar. Vamos na terceira faixa do concerto, e ainda nem sequer se partiu nada. O The Guardian diz, em 2002, “A Parkinsons’ gig is probably the closest most of us will come to experiencing what an early Sex Pistols appearance was actually like”; outros tantos dizem tanto ou mais. Para os The Parkinsons, o que interessa é o que eles são. Ponto.
Em 2001, entre viver a vida um dia de cada vez e lutar diariamente pelo primeiro concerto, as ruas e os clubs nocturnos de Camden Town e de Londres são literalmente virados de pernas para o ar – saídos de Coimbra para fugir ao aborrecimento de um mundo que não lhes era suficiente e para voar em outras altitudes da atmosfera musical, o alerta era diário: “Atenção! Os Camden Boys saíram do barraco das traseiras do restaurante de kebab que têm dinheiro para pagar e andam por aí a incendiar a zona!” Surge o primeiro concerto, promotores e editores assistem, a lança está cravada na carne da legião de fãs – por todo o lado, um rasto de brasas e labaredas. Sucedem-se noites de casas cheias, intensas e alucinantes para eles e para quem a eles assiste. Em 2002 chega “A Long Way To Nowhere”, longa-duração da desejada estreia: a cultura punk, há tanto faminta e privada de uma banda icónica, encontra finalmente esse volume preenchido por quem, como eles, olha de lado para o glam-rock de Inglaterra e o garage-rock dos Estados Unidos de início de século. É verdadeiro e genuíno punk-rock sem lei, sem contenção e sem maquilhagem. Até 2005, saem EP’s, mais um LP, e digressões esgotadas que alastram por Inglaterra nos maiores festivais, pela Europa e chegam aos Estados Unidos e ao Japão, para além da imprensa, rádio, TV que não se cala – nunca nada igual uma banda portuguesa tinha atingido. A vida traz umas rasteiras e umas matreirices nos anos posteriores, mas a união de sangue entre a banda não é desfeita. Em 2011 o fogo reacende, a frequência de concertos por cá e por lá intensifica, sai mais um LP em 2012, mais concertos por tudo quanto é lado.
Em 2016, celebram-se quinze anos de história de uma das bandas de culto do punk. De culto, ponto.
O memorável LP de estreia é reeditado em vinil, sai um documentário sobre a banda homónimo do álbum de 2002, ambos exibidos em inúmeras salas nacionais e internacionais ao longo de todo o ano, acompanhados por aquela experiência dificilmente igualável: um concerto dos The Parkinsons. E parece que está para breve um novo álbum, ainda sem datas previstas.
Os últimos dias de Novembro trouxeram três noites sucessivas a Lisboa, a uma sala de concertos uns degraus abaixo no subsolo de nunca se sai com a sensação de expectativas “sabotadas”. Desta vez, mais uma vez.
A pretexto destes concertos, e de tudo o mais, a Artecapital falou com Afonso Pinto – dizer que lhe corre sangue de Iggy Pop nas veias é pouco. É tudo conforme deve ser.
O mundo e o punk
Artecapital (AC): Como olham para o mundo de hoje? Punk é mais que música, não é sequer necessário dizer-vos isso – é contestação ao estabelecido, é oposição à ausência de individualidade e de iniciativa, é crítica alternativa à restrição da liberdade. Entretanto, a publicidade conduz-nos a sermos iguais consumindo produtos gerados por impérios comerciais, o entretenimento é oco, a tecnologia invade-nos a privacidade e inibe a intimidade, alguma informação perde-se em massificação confusa, muita da classe política é órfã de sentido de estado. E, ou, também, uma espécie de totalitarismo, ainda que abstracto e opaco, feito de agentes financeiros de quem ninguém conhece as caras, cujas decisões afectam quem anda na calçada. Se o mundo de hoje isto, como olham os The Parkinsons para este mundo? O que podem e querem trazer?
Afonso Pinto (AP): O punk pode ser, e é, muitas coisas para muita gente, com bastantes e variadas vertentes, sejam estéticas ou ideológicas. Mas os The Parkinsons, como banda, nunca tiveram como premissa mudar o mundo, não nos cabe a nós o papel de demagogos, o que não significa que não tenhamos os nossos ideais e convicções, apenas não somos o tipo de banda que as andaria a pregar. Com toda a facilidade com a qual hoje em dia se obtém (des)informação, acho que cada vez mais cabe a cada um de nós fazermos as nossas próprias ideias e simplesmente tentarmos ser um pouco melhor hoje do que éramos ontem. Em relação ao mundo actual, e tivesse eu o poder necessário, dependendo do dia, ou o tentava salvar ou acabava logo com ele de vez. Em certos dias, é realmente difícil manter um certo optimismo, mas talvez seja por isso que andamos aqui aos berros.
(AC): E, na mesma sequência, considerando que este mundo não é o mesmo de há 40 anos, o que pode, o que deve fazer toda a cultura punk hoje em dia? Deve manter-se fiel à sua génese, deve transformar-se para melhor reagir a um mundo transformado? Qual a vossa radiografia à cultura punk actual, na música e não só, em Portugal, lá fora?
(AP): A génese do punk?? Isso é o quê?? Algo escrito em pedra por algum iluminado em ‘77? Como aquele palhacito (Joe Corré) que fez uma fortuna a vender cuecas e fez uma fogueira no Tamisa para queimar umas t-shirts do papá e da mamã porque diz que o espírito do punk morreu? Se isso é que é o punk, seja o de outrora ou o actual, só me da vontade de dizer “FUCK PUNK(S)”!!!
O trabalho e o “trabalho”
(AC): Apontaste para o palco e disseste que “quando isto for trabalho, a coisa não funciona”. É clara a mentalidade implícita que o que vos fez sair de Coimbra em 2001, o que vos fez viver algumas dificuldades do primeiro ano em Londres, o que vos fez viver o turbilhão que explodiu de repente em 2002, o que vos fez viver aqueles anos electrizantes até 2005 como viveram, tudo isso é bem mais, é bem diferente, do que “cash in your pocket” e de “cover magazines”. Queres desenvolver “quando isto for trabalho, a coisa não funciona”?
(AP): O que me ouviste dizer em relação a “trabalho” era eu a responder de uma maneira muito pessoal a uma pergunta sobre o meu próprio emprego, no qual já estou há 13 anos anos. Perguntaram “deves gostar mesmo daquilo”, ao qual respondi que não, pelo contrário, trabalho e trabalho e eu odeio trabalhar, eu trabalho para viver, não vivo para trabalhar. Se me pudesse dar a esse luxo, não levantava mais um dedo na vida, estava a esta hora na praia a beber cocktails. Quanto a dicotomia banda = trabalho, isso pode reflectir-se quando estás assinado com uma grande editora, por exemplo, e tens todo o tipo de “metas” e promoções a atingir que não têm necessariamente a ver com o objectivo inicial pelo qual começas uma banda, que é pura e simplesmente o de tocar e fazer música. Mas, claro, é um tipo de trabalho que, no mínimo, podemos chamar de privilegiado. Antes uma guitarra (ou qualquer outro instrumento) nas mãos do que uma enxada, e há muitos chamados músicos que por aí andam que mais valia era pô-los a trabalhar nas obras!!
A música
(AC): Musicalmente, ao percorrer a vossa discografia, o vosso DNA punk personalizado torna-se diferenciado, dele afloram aqui e ali uns pozinhos de algo mais, umas aberturas de guitarra, umas melodias de guitarra e voz, umas pausas e quebras, nuns álbuns mais, noutros menos. Queres comentar a vossa sonoridade, a forma como ela surge em cada trabalho, a forma como ela assume estas nuances de um trabalho para o outro?
(AP): O processo criativo parte sempre do Victor, ele compõe e escreve todas as letras e cancões, e é depois em estúdio que cada um traz a sua própria personalidade e tenta imprimi-la da melhor maneira possível e/ou adequada.
As pessoas: o presente e o passado
(AC): 15 anos é um bocado de vida. Tu ficaste por Londres, mas a saltar entre lá e cá; o Victor e o Pedro regressaram, têm a vida cá e vários outros projectos musicais; desde 2015 juntou-se a Paula. E depois destes 15 anos? O que são os The Parkinsons de 2016 comparados com os The Parkinsons de 2001-2005? E como se olham ao olhar para trás (seja individualmente enquanto cada um de vocês, seja enquanto grupo)?
(AP): Os The Parkinsons de hoje, apesar de um pouco mais velhos, são os mesmos de há 15 anos atrás. A energia, garra e vitalidade quando subimos a um palco é a mesma, e sempre continuará a ser, pois não faria sentido de outra forma. Mas tanto como banda, como individualmente, pode dizer-se que estamos mais maduros e isso reflecte-se muito positivamente na dinâmica que temos como banda ou nas nossas vidas pessoais.
(AC): O documentário – não só a vossa carreira, mas a vossa história, enquanto banda e enquanto pessoas, posta em imagem. Não são tantas assim as bandas objecto de um documentário como este. Como é ser personagem em vida real de um documentário destes, e olhar para vocês próprios enquanto espectadores do documentário? E o olhar da Caroline Richards, o que têm a dizer dele?
(AP): Sentimo-nos bastante privilegiados em sermos “alvo” do “olhar” da Caroline, que passados vários anos de árduo e infatigável trabalho, contou a nossa história de uma maneira objectiva e bastante imparcial, resultando num trabalho do qual estamos todos bastante orgulhosos. Eu pessoalmente acho bastante estranho ver um tao largo pedaço da minha vida passar-me a frente num ecrã numa hora e meia, mas e a nossa historia e é o que nos tornou no que que somos, não mudaria ali nada!
O presente, o futuro e o “trabalho”
(AC): 2016 está a ser um ano em cheio, um ano punk. O público que vos assiste, feito dos “velhos” que viveram convosco o período 2001-2005, mas também feitos de novos, prova que os The Parkinsons continuam a ter a mesma verdade pura inicial capaz de magnetizar mais e mais pessoas em redor da banda. Como estão a viver este ano, com tudo isto a fervilhar em redor dos The Parkinsons? Opinião e feedback sobre todo este ano repleto de concertos e exibições do documentário?
(AP): 2016 tem sido realmente um ano muito bom para os The Parkinsons. O documentário da Caroline exibido em Londres, no IndieLisboa, no MUVI, e uma série de outras salas em Portugal e lá fora, e agora a reedição do nosso primeiro disco vieram em vinil, pela Rastilho, muitas datas de concertos, sem dúvida despertar um novo interesse pela banda e com ele trazer um também novo fôlego. A reacção ao filme tem sido excelente, seja pelos convites de diversos festivais de cinema e salas que o querem exibir, seja pelo espaço dedicado pela imprensa, seja pelo público que, quando o assiste, parece ter-nos agora sob um novo carinho. Isto, claro, permitiu-nos tocar mais regularmente do que fizemos em anos anteriores, apesar de já andarmos a tocar regularmente desde 2010.
(AC): Por outro lado, 2016 pode fazer-nos pensar que tudo parece alinhar-se para a abertura de uma nova era para os The Parkinsons, parece que a febre está a aumentar novamente, regressada do passado ou reformulada passados estes anos entre 2001-2005 e 2016. O que vos passa pela cabeça quanto ao que o futuro vos traga? Daqui a dois meses, daqui a um ano… E, virando a pergunta ao contrário, o que desejam vocês dele? E se o “trabalho” aumentar?
(AP): O futuro? Eu, pessoalmente, não gosto de fazer planos com demasiada antecedência, mas prevê-se um ano bom para os The Parkinsons. Com o já mencionado novo interesse na banda, e particularmente no documentário, esperemos que este circule agora o máximo possível e que, com ele, nos apresente a novos e desconhecidos públicos. Entretanto, vamos acabar o 2016 com mais 3 shows, Porto, Coimbra e Amsterdão, na passagem do ano, o que depois disso decidimos fazer uma pequena pausa dos palcos para trabalharmos então num novo disco, aquele que será o quarto longa duração de originais da banda.
(AC): O álbum novo que está na calha, o regresso ao estúdio – entre estúdio e concerto, para onde vos pende o coração? Mais do que isso, deve pender para algum dos lados, ou ambos são metade de uma imagem que apenas se completa com essas duas faces?
(AP): O coração dos The Parkinsons, ou a sua verdadeira essência, sempre estará no palco. É aí que nos abrimos e expomos completamente, onde entregamos tudo e não deixamos prisioneiros. Mas para subir a um palco precisas de cancões para tocar, e é sempre uma boa aventura gravar uma nova “fornada”.
O mundo da música
(AC): O mundo da música mudou nos vossos 15 anos. Em 2001, desde Londres ao Japão, o mundo da música acordou para os The Parkinsons em resultado do que vocês eram e são em palco e na vida; a vossa genuinidade, a vossa crueza, a vossa verdade enchem um volume esvaziado e ansioso por ser preenchido nesse início de século – elevados ao nível dos maiores nomes do passado. A explosão dos The Parkinsons deu-se porque certas pessoas estavam a assistir ao vosso concerto em certo local – a vida acontece. Entretanto, o início do séc XXI coincide com a revolução tecnológica: internet expandida, telecomunicações expandidas, smartphones, redes sociais, apps, plataformas disto e daquilo. O mundo da música hoje é comandado por downloads, views, likes, e por aí fora, não raras vezes máquinas industrializadas que produzem artistas, e a experiência mútua entre banda e público (em suma, tudo o que vocês são) desvanece. Como olham vocês para a indústria da música de hoje? Se vocês pegassem em vocês próprios e partissem à aventura sem rede de segurança para Londres como em 2001, ainda existiria alguma hipótese de vir a ser algum algo, simultaneamente genuíno e verdadeiro mas que deixa lastro no mundo?
(AP): A manufaturação de bandas ou determinadas imagens sempre existiu, não é nada de novo. A “máquina” sempre andará à procura do próximo “hit”, do próximo fenómeno cultural. A revolução tecnológica pode realmente servir os dois campos, ou muito facilmente espalhar e vender tais fenómenos de massa a população, como também permite gente como nós, bandas e editoras pequenas, promover e estar em controlo do nosso próprio trabalho podendo nos divulgá-lo infinitamente nos social media hoje em dia disponíveis. Os The Parkinsons, na sua primeira etapa (2000-2003), perderam o nascer destas redes sociais por meros meses, sabe-se lá hoje em dia onde andaria o nosso nome se tivéssemos tido esses meios à nossa disposição na altura.
The Parkinsons
Afonso “Al Zheimer” Pinto – voz
Victor “Torpedo” Silveira – guitarra
Pedro Chau – baixo
Paula Nozzari – bateria
DOCUMENTÁRIO “A LONG WAY TO NOWHERE, de Caroline Richards
www.theparkinsonsmovie.com
ÁLBUNS DE ESTÚDIO
“A Long Way To Nowhere” (2002, Fierce Panda Records (CD); 2016, Rastilho Records (vinil))
1. Primitive
2. Too Many Shut Ups
3. Angel In The Dark
4. Universe
5. Hate Machine
6. Nothing To Lose
7. Scientists
8. Bad Girl
“Reason To Resist” (2004, Curfew Records)
1. No Choice
2. A Night on the Council Estate
3. Heroes and Charmers
4. Sound of the Town
5. Mr Happy Man
6. New Wave
7. Kill Today
8. Goodnight My Baby
9. Body and Soul
10. Underclass
11. She Prefers Girls
12. Reason to Resist
13. Needs of Flesh
“Back To Life” (2012, Garagem Records)
1. Too Late
2. In The Wee Hours
3. Back To Life
4. So Lonely
5. Nothing To Complain
6. Little Toys
7. City
8. Girl From Another World
9. Good Reality
10. New Big Thing
ÁLBUNS COMPILAÇÃO
“Rare Sessions” (2014, Garagem Records)
1. Bad Girl
2. Angel in the Dark
3. Pill
4. Primitive
5. Somerstown
6. Bedsit City (aka Streets of London)
7. Universe
8. Reason to Resist
9. Too Many Shut Ups
“Down with the Old World” (2005, Rastilho Records)
1. No Choice
2. A Night On The Council Estate
3. Heroes And Charmers
4. Sound Of The Town
5. Mr Happy Man
6. New Wave
7. Kill Today
8. Goodnight My Baby
9. Body And Soul
10. Underclass
11. She Prefers Girls
12. Reason To Resist
13. Needs Of Flesh
14. Heroes & Charmers (alt. version)
15. Running (New Wave b-side)
16. New Wave (alt. version)
17. Blame (New Wave b-side)
18. Enemy (previously unreleased track)
19. Cazuza (introduction to band by radio DJ)
20. New Wave (live @ Corn Rocket Club)
21. Heroes & Charmers (live @ Corn Rocket Club)
22. Running (live @ Corn Rocket Club)
23. Body & Soul (live @ Corn Rocket Club)
24. New Wave (Quicktime video)
25. Heroes & Charmers (Quicktime video)
EP’S
“Streets of London” (2002, Fierce Panda Records)
1. Bedsit City
2. Somerstown
3. Pill
New Wave (2004, Curfew Records)
1. New Wave
2. Blame
3. Running
Up For Sale (2005, Wrench Records)
1. New Wave
2. Body and Soul
3. Heroes And Charmers
4. Running