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A opção pela via mais fácil e mais confortável, por vezes até temerosa e cobarde, a fuga perante os medos e os temores que nos assolam o espírito, os demónios e fantasmas que receamos e evitamos, não é, quase sempre, o mais recompensador, o mais agregador de ensinamentos e experiências, o que nos conduzirá, por vezes por caminhos sem dúvida tortuosos e espinhosos, a lugares onde, uma vez atingidos, nos sentiremos inquestionavelmente mais libertos e mais equilibrados, e não é, outras tantas, aquele que nos faz mais expostos, mais transparentes e mais honestos perante nós mesmos e perante o mundo em que nos movemos. Por essa razão, em oposição à sua negação ou à sua negligência, que nos poderá deixar reféns e enclausurados numa dimensão pessoal menor e diminuída face ao que realmente poderemos ser, por que razão não deveremos encarar, confrontar e acolher essa nossa vertente mais íntima e pessoal, tão intimidante e ameaçadora quanto cativante e sedutora, que, no seu estado aparente nos poderá parecer crua, obscura e temível, mas que se nos pode revelar, afinal, inigualavelmente mais gratificante e mais estimulante para a nossa essência humana?
Este assombroso desafio é-nos lançado, nas suas próprias palavras, por Kwesi Darko, o ousado e destemido músico, MC, rapper e produtor, que adopta o nome artístico de Blue Daisy, natural da sempre efervescente Camden Town londrina, no seu mais recente álbum “Darker Than Blue” lançado em 25 de Setembro último pela conceituada e respeitada editora belga R&S Records, que já apôs o seu selo em trabalhos de outros incontornáveis nomes como Nicolas Jaar, James Blake, Aphex Twin, Lone, Moirée, Vondelpark ou Lakker – uma comunidade artística que não receia e cultiva o risco da aventura musical experimental e da inovação criativa na descoberta de inéditos ambientes sonoros.
Assumamo-lo sem demoras: “Darker Than Blue”, a par das restantes criações originais de Kwesi, não é um produto musical e artístico de fácil consumo – ele não simboliza e não representa o referido caminho fácil e confortável. Mas, assumamo-lo igualmente de imediato: é absolutamente incomum e marcante.
De acordo com as palavras de Kwesi, este trabalho nasce no âmago do seu submundo mais basilar e nuclear, nas suas entranhas mais profundas e viscerais; é a sua reacção e a sua forma de expressão forjadas no confronto e no desafio aos seus demónios interiores e exteriores – os primeiros versos da faixa homónima do título do LP não deixam margem para dúvidas: “Darker than blue / Arisen from the sewage / Rodent mentality / Birthed to the gutter / Raised up out of the ruins”. Este cenário dantesco não resume e encerra em si mesma, porém, a essência da identidade e da mensagem que o artista verte na sua música. Para lá deste impressionante e devastador invólucro imediato e superior que nos atinge sem contemplações, sentimos emergir e elevar-se uma sincera entrega de uma intimidade revelada, um puro desejo de partilha e de comunicação de uma consciência exposta que acrescenta estratos ainda mais substanciais e sofisticados ao universo sonoro e emocional que Kewsi nos oferece – uma bizarra mas bela catarse que, surpreendentemente, acaba por se revelar pacificadora e esperançosa depois de aterrorizadora e perturbante. Neste equilíbrio complementar de conteúdos opostos, Kewsi transmite-nos, acima de tudo, uma mensagem de um efectivo realismo que toca aqueles dois extremos e encara de frente, num intenso vórtex catártico, purgativo e redentor, tudo o que se encontra entre eles: entre a luz da vida concebida e as trevas da morte imposta, surgem as angústias e as alegrias, as dúvidas e as convicções, as frustrações e as conquistas, os embustes e as verdades, as evasões e os desafios.
“Darker Than Blue” é uma admirável e brutal experiência conceptual e musical que, em densas, compactas, ferozes e implacáveis atmosferas sonoras que descarregam uma poderosa energia pura e crua, sinuosas entre luz e escuridão, tão belas e libertadoras quanto aterradoras e claustrofóbicas, aborda conceitos a que poucos se arriscam numa pessoal e emocional dissecação dos confins da personalidade e das experiências pessoais de Kwesi Darko a que vulneravelmente se expõe e submete, ainda que intransigente para com a mais leve violação das suas convicções pessoais e artísticas. Inspirado pelo ambiente e experiências quotidianos e sem ceder no seu olhar frontal e crítico sobre eles e em resultado de uma prática artística intuitiva, experimental e que não receia ser exploradora, não por procurar deliberadamente uma sonoridade obscura e complexa mas antes como a forma de expressão que sente mais coerente, sincera e honesta para consigo mesmo, Kwesi cria neste extraordinário “Darker Than Blue” música arrojada, personalizada, ímpar e excêntrica que não teme desafiar, desviar e ampliar os padrões convencionais e estabelecidos e criar novos territórios musicais na sua individualizada identidade artística, ainda que mais bizarra e extravagante, sem se preocupar com sucessos comerciais ou tabelas de vendas e rejeitando qualquer categorização e enformação em géneros musicais específicos castradoras da sua individualidade artística.
Numa formidável composição musical caótica e frenética, quase selvagem e apocalíptica, que sobrepõe e acumula ritmos e beats de baixo e de bateria hostis, agressivos e ameaçadores e de címbalos estilhaçados, acordes e riffs de guitarras abrasivos, enfurecidos e opressores, melodias de teclados e pianos intimidantes e inibidores, a sua voz cavernosa, pedregosa e fantasmagórica que murmura, recita e grita versos de street-poetry e spoken-word, uma vasta variedade de cáusticas e acídicas percussões, graves e sisudos apontamentos clássicos de violino e violoncelo e efeitos sonoros sintetizados aplicados às ansiosas instrumentação e voz, não deixando de ser temperada por pequenas variações e gradações mais suaves, amigáveis e acolhedoras mas nem por isso menos relevantes e incisivas, somos transportados numa intensa, sinistra, tempestuosa e dramática mas absolutamente arrebatadora e entusiasmante viagem sónica híbrida, alucinogénia e experimental que funde ambient, hip-hop, trip-hop, jazz, grime, bassline, dubstep, punk-rock, entre outros géneros que Kwesi aglomera num variado e futurista conjunto de faixas, absolutamente singular e único, que, ditatorial, nos captura em absoluto na sua atmosfera sonora deslumbrante, excitante e distinta. “Darker Than Blue” é Kwesi exposto e despido, honesto e vulnerável mas confiante e seguro, revelando abertamente as suas diversas facetas rebeldes e anárquicas, melancólicas e fragilizadas, insinuantes e sedutoras.
Em oposição ao álbum “The Sunday Gift” de 2011, o seu primeiro longa-duração original, e a par de outras edições na sua carreira, nos quais sustentou primordialmente em sons e beats a sua forma de partilha de emoções e pensamentos, em “Darker Than Blue”, Kwesi sentiu chegado o momento de falar, de colocar a sua mensagem em palavras e de se expressar de forma mais entregue e mais declarada, assumindo o risco de se mostrar, a si mesmo e aos outros, sem manobras esquivas e sem esconderijos escapatórios. Tendo ponderado convidar outros artistas para parcerias vocais, à semelhança de alguns trabalhos anteriores, entre os quais Chance The Rapper, a quem destinaria uma participação em “Daydreaming”, apercebeu-se, a um dado momento, que a natureza intensamente pessoal e emocionalmente exigente de “Darker Than Blue” reivindicava que ele mesmo assumisse confiantemente o desafio de tomar o microfone e apoderar-se de “Darker Than Blue” como uma obra exclusivamente sua (sendo “Alone” a única excepção na qual Connie Constance, uma jovem vocalista londrina merecedora de grande admiração por parte de Kwesi e cuja carreira tomou a sua primeira forma no EP “In The Grass” lançado em 4 de Setembro, figura apenas na segunda metade da faixa).
Observando a sequência da tracklist que indicamos abaixo, é-nos fácil acreditar que a faixa homónima ao álbum, reforçada pela antecessora como seu prefácio, foi colocada na sexta posição das doze faixas que compõem o LP como a sua charneira e o ponto de viragem entre a primeira metade do álbum, mais calma, suave e introspectiva, e a segunda metade, psicadélica, torcida, violenta e enraivecida, num ciclo que se encerra e completa na última faixa ao regressar novamente ao registo inicial depois de nos deixar contraditoriamente e formidavelmente preenchidos e exaustos.
Com efeito, no amplo espectro emocional de “Darker Than Blue” – salientando as faixas que mais memoráveis nos são, se algumas nos é possível eleger e distinguir de entre o conjunto global – encontramos em “My Heart”, na abertura do álbum, um hino pleno de serenidade meditativa mas entristecida em acordes de teclado distintamente Fender Rhodes e das frases vazias de palavras da voz solo e dos corais algo gospel; na sequência da tracklist, em “Daydreaming”, o mesmo piano Fender Rhodes em acordes macios e resignados é agora contraposto por um beat R&B mais enérgico que adquire formas mais abstractas e arrítmicas, por percussões afiadas e pela voz algo mais manifestante de Kwesi, que reclama poder devanear solto e livre na sua imaginação e nos seus sonhos afastando-se da obsessão exagerada por falsos relacionamentos sociais de que não quer fazer parte num registo que se mantém suave e melodioso mas já desvenda discretamente que este álbum se trata de uma crítica manifestação a si mesmo e ao que assiste do mundo. Marcando a transição para a segunda metade do ábum, “Darker Than Blue” e a sua progressão sonora, que se inicia tranquila em frases de violino e de piano para, repentinamente, se transformar numa inquietante e agressora sobreposição do instrumental e dos versos em spoken-word, numa fria e pragmática ilustração do seu percurso pessoal de resiliência e perseverança na selva urbana quando nada começou por possuir, “saindo do esgoto e da sarjeta”, e tudo teve que conquistar a pulso derrubando obstáculo após obstáculo, o que, nessa batalha, apenas o fortaleceu enquanto pessoa. O caos infernal e destruidor do mundo e a resistência perante os demoníacos inimigos que buscam a aniquilação dos bravos que lhes resistem são o tema central em “Six Days” e “Gravediggers”, as faixas mais obscuras, atormentadoras e sufocantes na voz de Kewsi parecendo diabolicamente possuída e na sua sonoridade mais punk-rock e synth-rock plena de poderosos riffs de guitarras e robustas baterias e linhas baixos ao jeito bassline, acrescidos por frios e lancinantes efeitos sonoros, também presentes em “We’re All Gonna Die”, que recupera a presença dos teclados mas jazz e em que Kewsi, em rap, friamente nos atinge com o óbvio e incontornável título e refrão. A atmosfera sonora de “Let’s Fly Tonight” e de “You and Me”, uma apenas instrumental e sem palavra, invocando a reflexão e a espiritualidade profunda e interior, e a outra alguém que socorre em seu resgate, espelha o que poderá ser a última hipótese de sobrevivência no ambiente maléfico a que o resto do álbum alude.
A história musical de Kwesi Darko tem início no final dos anos ’00 pela mão de Mary Anne Hobbs, a famosa jornalista, locutora e DJ que conduzia, ao longo de toda essa década, o influente e eclético programa semanal de grande audiência BBC1’s Experimental Show, anteriormente intitulado The Breezeblock, cujo formato, assente na passagem de faixas individuais ou em setlists previamente misturados, atravessava uma vasta variedade de géneros de música electrónica. Ainda que visitando ambientes com pendor mais mainstream como o chill out, o acid jazz, o hip-hop, o techno, o funk e o reggae, dedicava especial atenção à música mais experimental e underground do drum & bass, do glitch, do IDM, do turntablism e às novas correntes do grime e do dubstep encontradas no epicentro da inovação da cena musical londrina das décadas de ’90 e de ’00.
Em 2009, o ainda desconhecido músico / MC / rapper / produtor musical sem representação editorial, natural da sempre efervescente Camden Town londrina, restringido e circunscrito ao estudo de Direito e aos computadores e sintetizadores com que, no seu quarto, dava asas à sua faceta musical e artística criando instrumentais assentes em beats e melodias, tentando conquistar a barreira do reconhecimento artístico em contactos e apelos sucessivos a DJ’s e editoras estabelecidos à semelhança de tantos outros beatmakers, envia para o dropbox de Mary Anne algumas faixas de sua autoria que, para seu pasmo, assombro e êxtase, a mesma rapidamente exibe no seu programa. A editora Black Acre, sediada em Bristol, cidade berço do trip-hop e cantão do creditado Tricky de quem qualquer apresentação adicional é absolutamente dispensável, a par de outros géneros como o dubstep de Burial, que já havia identificado Kwesi no soundcloud como um artista promissor a manter sob controlo apertado do seu radar, pega na deixa e junta o jovem produtor à família artística da editora. As primeiras peças do puzzle começam a formar uma imagem: em Agosto de 2009, Kwesi lança o seu single de estreia “Space Ex”, uma singular e peculiar faixa de inovadora sonoridade que mescla elegantemente numa unidade bem equilibrada o R&B suave e ameno da presença vocal em downtempo da cantora francesa La Note e das melodias discretas e esvoaçantes de teclados electrónicos em oposição, mais complementar do que contraditória, diversas texturas timbrais de efeitos sonoros electrónicos e sintetizados mais abstractos, minimalistas, glaciais e atordoantes com algumas características ambient e uma estrutura polirrítmica sustentada nas fortes linhas de subbasses distorcidos e reverberantes do bassline, que mereceu o título de Best New Track pela Pitchfork.
Encorajado por este primeiro passo prometedor e pelo destaque frequente que ia recebendo na programação de Mary Anne, sucedem-se até ao final de 2011 vários trabalhos que solidificam o lançamento da sua carreira: em Novembro de 2009, surge o EP “Strings Detached” que inclui quatro faixas originais, em Agosto de 2010 associa-se à artista e produtora baseada em Los Angeles Tokimonstra com quem edita as duas faixas do EP “USD / Free Dem”, seguindo-se uma outra parceria com a compositora, vocalista e produtora inglesa Anneka no mês seguinte traduzida no EP “Raindrops” que contém duas faixas originais compostas pela dupla e os respectivos remixes de autoria de John Talabot e de Sunken Foals e, em Maio de 2011, lança as três novas faixas do EP “3rd Degree” – uma sequência de trabalhos pontuais que, apesar da sua reduzida dimensão, não passam despercebidos à imprensa e aos restantes agentes do mercado, intermediados e alternados por breves períodos de recolhimento e concentração em nova produção artística, consolidando a curiosidade, a expectativa e o interesse em redor de Kwesi.
Ampliando o seu mérito intrínseco, esta série preparatória de edições culminou no lançamento em Outubro de 2011 do seu álbum de estreia “The Sunday Gift” galardoado com o título de Electronic Album Of The Year pela Mojo Magazine entre inúmeras outras elevadas críticas recebidas, cujas doze faixas, em que colaboram vocalmente nomes como Hey!Zeus, Heidi Vogel, Stac e Anneka geraram a edição de quatro singles e um remix, fintam habilmente as categorias musicais estanques numa fusão que parte das texturas abstractas e digitais do ambient experimental, minimalista e downtempo que Kwesi vinha produzindo até então nos trabalhos anteriores e que se nota em algumas das faixas do álbum mas evolui e começa a apontar em outras direcções, que os trabalhos posteriores solidificarão, com a adição de efeitos sonoros sintetizados mais desconcertantes e atonais como no dark-ambient, das fortes linhas de baixo e dos padrões de bateria reverberantes do grime, os vocais em rapping do hip-hop, os riffs distorcidos da guitarra e os sintetizados ruidosos do synth-rock, como que em antevisão do álbum de 2015.
Ainda que “The Sunday Gift” o tenha definitivamente colocado sob a mira do público e da imprensa, como atesta a mixtape “Soundtrack Of The Night Sky” editada para a FACT Magazine em Novembro de 2011, Kwesi mantém a sua postura pessoal e a sua conduta artística norteadas unicamente pela sua coerência consigo mesmo e pela definição dos próximos caminhos a tomar e das novas fronteiras a derrubar: novamente recolhido sobre si mesmo e a sobre a sua vivência interior, reaparece pontualmente do seu submundo em vários concertos sob a alçada do colectivo Tempo Clash, que integra e no qual constam outros nomes do panorama electrónico experimental e underground britânico como Kutmah e Om Unit e edita, em Junho de 2012, mais uma mixtape, desta feita para a Inverted Audio, e, em Agosto seguinte, as seis faixas do EP “Bedtime Stories”, novamente referenciado pela imprensa.
Sentenciado pelo seu genial talento a não passar demasiado tempo sem ser notado, em Fevereiro de 2013 regressa com o excepcional projecto “F??? A Rap Song” com o convidado Hey!Zeus – uma excepcional e vibrante faixa de um negro, áspero e asfixiante rap e hip-hop merecedora do título de “Single Of The Week” pelo The Guardian e que, apesar de aconselharmos vivamente a visitar em www.youtube.com/watch?v=J29KK5Q1lLQ, nos abstemos de publicar em virtude do seu conteúdo visual e linguístico.
A brilhante e incomum heterogeneidade e versatilidade artísticas de Kwesi continuam a expandir ao longo deste percurso de seis anos e, após “F??? A Rap Song”, a faixa que o despertou e cativou a explorar a sua voz até chegar a “Darker Than Blue” em que assume os vocais, surge mais uma série de EP’s: em Maio de 2013, “Used To Give a F???” e, em Setembro de 2014, “Mermaids”, cada um apresentando três faixas, intercalados em Fevereiro de 2014 pelas cinco excelentes faixas de “Psychotic Love”, entre as quais a faixa de abertura homónima ao EP e “Devil’s Pie” na terceira posição, um EP tão notável e extraordinário quanto “Darker Than Blue”. A escalada de sucessos e de reconhecimento permanece e, não sendo de menos arriscar afirmarmos que Blue Daisy, não deixando de criar o seu próprio espaço e identidade artísticas em resultado das suas relevantes irreverência e inventividade, é totalmente adequado à aprovação dos fãs de Tricky, o quase que inevitável e predestinado convite por parte deste para trabalharem juntos que o atesta toma forma na faixa “My Palestine Girl” do último álbum do célebre produtor e músico de Bristol, ao mesmo tempo que memoráveis apresentações ao vivo, seja a solo ou na abertura para bandas como os Public Enemy, se sucedem em actuações plenas de frenetismo caótico, de insurgente revolta, mas de genuína denúncia e sincera mensagem, que pasmam, arrasam e entusiasmam o público. O anúncio de “Darker Than Blue” não poderia ficar atrás dessas actuações e, dois dias antes do lançamento oficial, eis Kwesi novamente a agitar o status quo nas ruas de Camden, saindo inesperadamente das traseiras de uma carrinha em autêntica guerrilha de rua e oferecendo em plena calçada uma performance espontânea.
O diabólico, imprevisível e excitante Kwesi Darko vem construindo solidamente a sua carreira como um dos mais excitantes, versáteis e irreverentes artistas do universo britânico de inovadora música electrónica experimental e underground, ao mesmo tempo de que não abdica da sua personalidade e da mensagem que entende e sente ser necessário transmitir mesmo quando se expõe introvertido, frágil ou envolvente, ainda que para tal liberte em acções, actuações e na sua produção artística a sua natureza mais anárquica e insubmissa, e “Darker Than Blue”, revelador do seu excepcional potencial artístico de que ansiamos continuar a receber frutos, e as suas espessas e compactas muralhas sonoras nas quais não hesitamos em nos deixar capturar e entrincheirar, não nos deixa qualquer dúvida de que estamos perante um artista que ambiciona e deixará um relevante marco nos horizontes artísticos e musicais.