Links

ARQUITETURA E DESIGN




Praça do Areeiro (1941) em Lisboa, de Cristino da Silva.


Luís Cristino da Silva, ante plano de conjunto das instalações académicas de Coimbra (solução A), 1954. Fonte: Arquivo da Universidade de Coimbra, CAPOCUC 364.


Maqueta da cidade universitária de Coimbra: escadaria monumental e Praça de D. Dinis.


Raúl Lino, Casas Portuguesas, Edição de Valentim, de Carvalho, Lisboa, 1954.


Bloco das Águas Livres, 1956, Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu Cabral.


Bloco das Águas Livres, 1956, Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu Cabral.


Fotografia do Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal / Fotografia do espólio do IAPP © Arquivo Ordem dos Arquitetos – IARP


Construção do Bairro do Leal, Coleção Alves Costa, Centro de Documentação 25 de Abril.


Esboço do Bairro da Bouça, Álvaro Siza. Construção 1975-77.


Bairro da Bouça, Porto, 1973-1977, Álvaro Siza.


Quinta da Malagueira, 1977, Álvaro Siza Vieira.


Bairro do Restelo [Quarteirão Rosa], Pedro Viana Botelho, Nuno Teotónio Pereira Lisboa, 1984-1985.


População residente (%) por grupos etários e local de residência, Portugal, 2019. Fonte Pordata.


Evolução do Índice de Envelhecimento e do Índice de Dependência de Idosos (%), Portugal, 1960-2019. Fonte Pordata e projeção do Doc. Nós Portugueses


Representação Habitação coletiva do século XXI (inspirado na cidade do Porto). (autoria de Alexandra Paulo)

Outros artigos:

2024-04-13


PÁDUA RAMOS: DA ARQUITETURA AO DESIGN


2024-02-26


NO LUGAR DE UMA JANELA, NASCEU UMA PORTA


2024-01-21


TERCEIRO ANDAR DE LUCIANA FINA OU DESTINAÇÃO (EST)ÉTICA


2023-11-02


A PROPÓSITO DE ONDE VAMOS MORAR? — CICLO DE CINEMA POR ANDY RECTOR


2023-09-11


CARTOGRAFIA DO HORIZONTE: DO TERRITÓRIO AOS LUGARES


2023-08-05


O ESTALEIRO, O LABORATÓRIO, A SUA CAIXA E O CAVALETE DELA


2023-06-01


UMA CIDADE CONSTRUÍDA PARA O CONSUMO: DA LÓGICA DO MERCADO À DISNEYFICAÇÃO DA CIDADE


2023-04-30


ESCUTAR, UMA VEZ MAIS, GRÂNDOLA — OPERAÇÃO SAAL DE VALE PEREIRO


2023-04-03


NOTAS SOBRE UM ARQUITECTO ARTIFICIALMENTE INTELIGENTE


2023-02-24


MUSEU DA PAISAGEM. AS POSSIBILIDADES INFINITAS DE LER E REINTERPRETAR O TERRITÓRIO


2023-01-30


A DIVERSIDADE NA HABITAÇÃO DAS CLASSES LABORIOSAS, OS HIGIENISTAS E O CASO DA GRAÇA


2022-12-29


HABITAR: UM MANIFESTO SECRETO


2022-11-23


JONAS AND THE WHOLE


2022-10-16


CASA PAISAGEM OU UM PRESÉPIO ABERTO


2022-09-08


ENTREVISTA A ANA CATARINA COSTA, FRANCISCO ASCENSÃO, JOÃO PAUPÉRIO E MARIA REBELO


2022-08-11


ENTREVISTA A JOSÉ VELOSO, ARQUITETO DA OPERAÇÃO SAAL DA MEIA-PRAIA


2022-07-11


TERRA, TRIENAL DE ARQUITETURA DE LISBOA 2022. ENTREVISTA A CRISTINA VERÍSSIMO E DIOGO BURNAY


2022-05-31


OH, AS CASAS, AS CASAS, AS CASAS...


2022-04-23


A VIAGEM ARQUITETÓNICA COMO ENCONTRO: DA (RE)DESCOBERTA À (DES)COBERTA DAS ORIGENS


2022-03-29


PODERÁ O PATRIMÓNIO SER EMANCIPATÓRIO?


2022-02-22


EM VÃO: FECHA-SE UMA PORTA PARA QUE UMA JANELA FENOMENOLÓGICA SE ABRA


2022-01-27


SOBRE A 'ESTÉTICA DO CONHECIMENTO': UMA LEITURA DA PEDAGOGIA DE BAUKUNST


2021-12-29


CALL FOR ARCHITECTS


2021-11-27


DE QUE ME SERVE SER ARQUITECTA?


2021-10-26


'OS CAMINHOS DA ÁGUA'


2021-08-22


CERAMISTAS E ILUSTRADORES: UMA RESIDÊNCIA EM VIANA DO ALENTEJO


2021-07-27


COMPREENSÃO DA CIDADE DO PORTO ATÉ AO SÉCULO XX


2021-06-20


O ANTECEDENTE CULTURAL DO PORTO NA TRANSIÇÃO PARA O SÉCULO XXI


2021-05-12


JOÃO NISA E AS 'PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UMA PAISAGEM'


2021-02-16


A ORDEM INVISÍVEL DA ARQUITECTURA


2021-01-10


SURENDER, SURENDER


2020-11-30


AS MULHERES NO PRIVATE PRESS MOVEMENT: ESCRITAS, LETRAS DE METAL E CHEIRO DE TINTA


2020-10-30


DES/CONSTRUÇÃO - OS ESPACIALISTAS EM PRO(EX)CESSO


2020-09-19


'A REALIDADE NÃO É UM DESENCANTO'


2020-08-07


FORA DA CIDADE. ARTE E LUGAR


2020-07-06


METROPOLIS, WORLD CITY & E.P.C.O.T. - AS VISÕES PARA A CIDADE PERFEITA IMAGINADAS POR GILLETTE, ANDERSEN E DISNEY


2020-06-08


DESCONFI(N)AR, O FUTURO DA ARQUITECTURA E DAS CIDADES


2020-04-13


UM PRESENTE AO FUTURO: MACAU – DIÁLOGOS SOBRE ARQUITETURA E SOCIEDADE


2020-03-01


R2/FABRICO SUSPENSO: ITINERÁRIOS DE TRABALHO


2019-12-05


PRÁTICAS PÓS-NOSTÁLGICAS / POST-NOSTALGIC KNOWINGS


2019-08-02


TEMPOS MODERNOS, CERÂMICA INDUSTRIAL PORTUGUESA ENTRE GUERRAS


2019-05-22


ATELIER FALA - ARQUITECTURA NA CASA DA CERCA


2019-01-21


VICARA: A ESTÉTICA DA NATUREZA


2018-11-06


PARTE II - FOZ VELHA E FOZ NOVA: PATRIMÓNIO CLASSIFICADO (OU NEM POR ISSO)


2018-09-28


PARTE I - PORTO ELEITO TRÊS VEZES O MELHOR DESTINO EUROPEU: PATRIMÓNIO AMEAÇADO PARA UNS, RENOVADO PARA OUTROS. PARA INGLÊS (NÃO) VER


2018-08-07


PAULO PARRA – “UMA TRAJECTÓRIA DE VIDA” NA GALERIA ROCA LISBON


2018-07-12


DEPOIS, A HISTÓRIA: GO HASEGAWA, KERSTEN GEERS, DAVID VAN SEVEREN


2018-05-29


NU LIMITE


2018-04-18


POLAROID


2018-03-18


VICO MAGISTRETTI NO DIA DO DESIGN ITALIANO


2018-02-10


GALERIA DE ARQUITETURA


2017-12-18


RHYTHM OF DISTANCES: PROPOSITIONS FOR THE REPETITION


2017-11-15


SHAPINGSHAPE NA BIENAL DA MAIA


2017-10-14


O TEATRO CARLOS ALBERTO DIALOGA COM A CIDADE: PELA MÃO DE NUNO LACERDA LOPES


2017-09-10


“VINTE E TRÊS”. AUSÊNCIAS E APARIÇÕES NUMA MOSTRA DE JOALHARIA IBEROAMERICANA PELA PIN ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA


2017-08-01


23 – JOALHARIA CONTEMPORÂNEA NA IBERO-AMÉRICA


2017-06-30


PASSAGENS DE SERRALVES PELO TERMINAL DE CRUZEIROS DO PORTO DE LEIXÕES


2017-05-30


EVERYTHING IN THE GARDEN IS ROSY: AS PERIFERIAS EM IMAGENS


2017-04-18


“ÁRVORE” (2002), UMA OBRA COM A AUTORIA EM SUSPENSO


2017-03-17


ÁLVARO SIZA : VISÕES DA ALHAMBRA


2017-02-14


“NÃO TOCAR”: O NOVO MUSEU DO DESIGN EM LONDRES


2017-01-17


MAXXI ROMA


2016-12-10


NOTAS SOBRE ESPAÇO E MOVIMENTO


2016-11-15


X BIAU EM SÃO PAULO: JOÃO LUÍS CARRILHO DA GRAÇA À CONVERSA COM PAULO MENDES DA ROCHA E EDUARDO SOUTO DE MOURA


2016-10-11


CENAS PARA UM NOVO PATRIMÓNIO


2016-08-31


DREAM OUT LOUD E O DESIGN SOCIAL NO STEDELIJK MUSEUM


2016-06-24


MATÉRIA-PRIMA. UM OLHAR SOBRE O ARQUIVO DE ÁLVARO SIZA


2016-05-28


NA PEGADA DE LE CORBUSIER


2016-04-29


O EFEITO BREUER – PARTE 2


2016-03-24


O EFEITO BREUER - PARTE 1


2016-02-16


GEORGE BEYLERIAN CELEBRA O DESIGN ITALIANO COM LANÇAMENTO DE “DESIGN MEMORABILIA”


2016-01-08


RESOLUÇÕES DE ANO NOVO PARA A ARQUITETURA E DESIGN EM 2016


2015-11-30


BITTE LEBN. POR FAVOR, VIVE.


2015-10-30


A FORMA IDEAL


2015-09-14


DOS FANTASMAS DE SERRALVES AO CLIENTE COMO ARQUITECTO


2015-08-01


“EXTRA ORDINARY” - JOVENS DESIGNERS EXPLORAM MATERIAIS, PRODUTOS E PROCESSOS


2015-06-25


PODE A TIPOGRAFIA AJUDAR-NOS A CRIAR EMPATIA COM OS OUTROS?


2015-05-20


BIJOY JAIN, STUDIO MUMBAI


2015-04-14


O FIM DA ARQUITECTURA


2015-03-12


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE II/II)


2015-02-11


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE I/II)


2015-01-11


ESPECTADOR


2014-12-09


ARQUITECTAS: ENSAIO PARA UM MANUAL REVOLUCIONÁRIO


2014-11-10


A MARCA QUE TEM O MEU NOME


2014-10-04


NEWS FROM VENICE


2014-09-08


A INCONSCIÊNCIA DE ZENO. MÁQUINAS DE SUBJECTIVIDADE NO SUPERSTUDIO*


2014-07-30


ENTREVISTA A JOSÉ ANTÓNIO PINTO


2014-06-17


ÍNDICES, LISTAGENS E DIAGRAMAS: the world is all there is the case


2014-05-15


FILME COMO ARQUITECTURA, ARQUITECTURA COMO AUTOBIOGRAFIA


2014-04-14


O MUNDO NA MÃO


2014-03-13


A CASA DA PORTA DO MAR


2014-02-13


O VERNACULAR CONTEMPORÂNEO


2014-01-07


PÓS-TRIENAL 2013 [RELAÇÕES INSTÁVEIS ENTRE EVENTOS, ARQUITECTURAS E CIDADES]


2013-11-12


UMA SUBTIL INTERFERÊNCIA: A MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO “FERNANDO TÁVORA: MODERNIDADE PERMANENTE” EM GUIMARÃES OU UMA EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA NUMA ESCOLA EM PLENO FUNCIONAMENTO


2013-09-24


DESIGN E DELITO


2013-08-12


“NADA MUDAR PARA QUE TUDO SEJA DIFERENTE”: CONVERSA COM BEYOND ENTROPY


2013-08-11


“CHANGING NOTHING SO THAT EVERYTHING IS DIFFERENT”: CONVERSATION WITH BEYOND ENTROPY


2013-07-04


CORTA MATO. Design industrial do ponto de vista do utilizador


2013-05-20


VÍTOR FIGUEIREDO: A MISÉRIA DO SUPÉRFLUO


2013-04-02


O DESIGNER SOCIAL


2013-03-11


DRESS SEXY AT MY FUNERAL: PARA QUE SERVE A BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA?


2013-02-08


O CONSUMIDOR EMANCIPADO


2013-01-08


SOBRE-QUALIFICAÇÃO E REBUSCO


2012-10-29


“REGIONALISM REDIVIVUS”: UM OUTRO OLHAR SOBRE UM TEMA PERSISTENTE


2012-10-08


LEVINA VALENTIM E JOAQUIM PAULO NOGUEIRA


2012-10-07


HOMENAGEM A ROBIN FIOR (1935-2012)


2012-09-08


A PROMESSA DA ARQUITECTURA. CONSIDERAÇÕES SOBRE A GERAÇÃO POR VIR


2012-07-01


ENTREVISTA | ANDRÉ TAVARES


2012-06-10


O DESIGN DA HISTÓRIA DO DESIGN


2012-05-07


O SER URBANO: UMA EXPOSIÇÃO COMO OBRA ABERTA. NO CAMINHO DOS CAMINHOS DE NUNO PORTAS


2012-04-05


UM OBJECTO DE RONAN E ERWAN BOUROULLEC


2012-03-05


DEZ ANOS DE NUDEZ


2012-02-13


ENCONTROS DE DESIGN DE LISBOA ::: DESIGN, CRISE E DEPOIS


2012-01-06


ARCHIZINES – QUAL O TAMANHO DA PEQUENÊS?


2011-12-02


STUDIO ASTOLFI


2011-11-01


TRAMA E EMOÇÃO – TRÊS DISCURSOS


2011-09-07


COMO COMPOR A CONTEMPLAÇÃO? – UMA HISTÓRIA SOBRE O PAVILHÃO TEMPORÁRIO DA SERPENTINE GALLERY E O PROCESSO CRIATIVO DE PETER ZUMTHOR


2011-07-18


EDUARDO SOUTO DE MOURA – PRITZKER 2011. UMA SISTEMATIZAÇÃO A PROPÓSITO DA VISITA DE JUHANI PALLASMAA


2011-06-03


JAHARA STUDIO


2011-05-05


FALEMOS DE 1 MILHÃO DE CASAS. NOTAS SOBRE O CONCURSO E EXPOSIÇÃO “A HOUSE IN LUANDA: PATIO AND PAVILLION”


2011-04-04


A PROPÓSITO DA CONFERÊNCIA “ARQUITECTURA [IN] ]OUT[ POLÍTICA”: UMA LEITURA DISCIPLINAR SOBRE A MEDIAÇÃO E A ESPECIFICIDADE


2011-03-09


HUGO MADUREIRA: O ARTISTA-JOALHEIRO


2011-02-07


O QUE MUDOU, O QUE NÃO MUDOU E O QUE PRECISA MUDAR


2011-01-11


nada


2010-12-02


PEQUENO ELOGIO DO ARCAICO


2010-11-02


CABRACEGA


2010-10-01


12ª BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA — “PEOPLE MEET IN ARCHITECTURE”


2010-08-02


ENTREVISTA | FILIPA GUERREIRO E TIAGO CORREIA


2010-07-09


ATYPYK PRODUCTS ARE NOT MADE IN CHINA


2010-06-03


OS PRÓXIMOS 20 ANOS. NOTAS SOBRE OS “DISCURSOS (RE)VISITADOS”


2010-05-07


OBJECTOS SEM MEDO


2010-04-01


O POTENCIAL TRANSFORMADOR DO EFÉMERO: A PROPÓSITO DO PAVILHÃO SERPENTINE EM LONDRES


2010-03-04


PEDRO + RITA = PEDRITA


2010-02-03


PARA UMA ARQUITECTURA SWISSPORT


2009-12-12


SOU FUJIMOTO


2009-11-10


THE HOME PROJECT


2009-10-01


ESTRATÉGIA PARA HABITAÇÃO EVOLUTIVA – ÍNDIA


2009-09-01


NA MANGA DE LIDIJA KOLOVRAT


2009-07-24


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR (Parte II)


2009-06-16


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR


2009-05-19


O QUE É QUE SE SEGUE?


2009-04-17


À MESA COM SAM BARON


2009-03-24


HISTÓRIAS DE UMA MALA


2009-02-18


NOTAS SOBRE PROJECTOS, ESPAÇOS, VIVÊNCIAS


2009-01-26


OUTONO ESCALDANTE OU LAPSO CRÍTICO? 90 DIAS DE DEBATE DE IDEIAS NA ARQUITECTURA PORTUENSE


2009-01-16


APRENDER COM A PASTELARIA SEMI-INDUSTRIAL PORTUGUESA OU PORQUE É QUE SÓ HÁ UMA RECEITA NO LIVRO FABRICO PRÓPRIO


2008-11-20


ÁLVARO SIZA E O BRASIL


2008-10-21


A FORMA BONITA – PETER ZUMTHOR EM LISBOA


2008-09-18


“DELIRIOUS NEW YORK” EXPLICADO ÀS CRIANÇAS


2008-08-15


A ROOM WITH A VIEW


2008-07-16


DEBATER CRIATIVAMENTE A CIDADE: A EXPERIÊNCIA PORTO REDUX


2008-06-17


FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA, DEFEITO E FEITIO


2008-05-14


A PROPÓSITO DA DEMOLIÇÃO DO ROBIN HOOD GARDENS


2008-04-08


INTERFACES URBANOS: O CASO DE MACAU


2008-03-01


AS CORES DA COR


2008-02-02


Notas sobre a produção arquitectónica portuguesa e sua cartografia na Architectural Association


2008-01-03


TARZANS OF THE MEDIA JUNGLE


2007-12-04


MÚSICA INTERIOR


2007-11-04


O CIRURGIÃO INGLÊS


2007-10-02


NÓS E OS CARROS


2007-09-01


Considerações sobre Tempo e Limite na produção e recepção da Arquitectura


2007-08-01


A SUBLIMAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE


2007-07-01


UMA MITOLOGIA DE CARNE E OSSO


2007-06-01


O LUGAR COMO ARMADILHA


2007-05-02


ESPAÇOS DE FILMAR


2007-04-02


ARTES DO ESPAÇO: ARQUITECTURA/CENOGRAFIA


2007-03-01


TERRAIN VAGUE – Notas de Investigação para uma Identidade


2007-02-02


ERRARE HUMANUM EST…


2007-01-02


QUANDO A CIDADE É TELA PARA ARTE CONTEMPORÂNEA


2006-12-02


ARQUITECTURA: ESPAÇO E RITUAL


2006-11-02


IN SUSTENTÁVEL ( I )


2006-10-01


VISÕES DO FUTURO - AS NOVAS CIDADES ASIÁTICAS


2006-09-03


NOTAS SOLTAS SOBRE ARQUITECTURA E TECNOLOGIA


2006-07-30


O BANAL E A ARQUITECTURA


2006-07-01


NOVAS MORFOLOGIAS NO PORTO INDUSTRIAL DE LISBOA


2006-06-02


SOBRE O ESPAÇO DE REPRESENTAÇÃO MODERNO


2006-04-27


MODOS DE “VER” O ESPAÇO - A PROPÓSITO DE MONTAGENS FOTOGRÁFICAS



A ARQUITETURA PORTUGUESA: O TRAJETO DO SÉCULO XX E DESAFIOS DO SÉCULO XXI

GONÇALO FURTADO E ALEXANDRA PAULO


 

 

O presente texto foca-se na arquitetura portuguesa e revê algumas transformações na sociedade do século XX e XXI.

Com esta proposta interessa recuar à implantação da República. Socioeconomicamente, a maioria da população vivia em pobreza, trabalhava na agricultura, sem assistência médica, sem água, sem saneamento e sem acesso à educação. Sendo que, a entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial, em 1914, conteve relevante impacto no país, ocorreu um declínio da economia, e, posteriormente, uma pandemia em 1918 (pneumónica) que agravou a instabilidade.

O desagrado da população sustentou uma mudança que veio a perdurar. Em 1926, instalou-se uma ditadura militar que, com nova constituição Estado Novo de 1933, teve como chefe de governo Salazar. Com tal constituição, a operação do regime caracterizou-se por severidade, repressão e censura. O pensamento conservador, na década de 30 e seguintes, fortaleceu-se nacionalmente, sendo que internacionalmente a queda da bolsa (1929) impulsionou o agravamento da situação económica que favoreceu a expansão de regimes totalitários [1]. Até aos anos 50, a maioria da população trabalhou na agricultura manual e alguns nos serviços. Sendo certo que ocorreu um crescimento económico no país ao longo deste período, certo é também que não teve quase impacto na forma de viver.

Em termos de arquitetura, no início do século XX, parte da habitação em Lisboa e Porto carecia de condições de higiene, (grande problema na altura), sem luz e ar natural. Nos anos 10 e 20 verificaram-se duas estratégias, segundo Lacerda Lopes: “A perspetiva nacionalista de uma arquitetura e o desejo de um alinhamento internacional.” [2] Sendo que tiveram a tal presente, o autor refere: “As duas décadas deste regime agitado e controverso, edificado com a instauração da República, não foram capazes de evidenciar uma estratégia de intervenção arquitetónica para resolução de problemas urbanos e das difíceis condições da vida da população portuguesa.”[3]

Diga-se que na passagem do século XIX para o século XX, nas cidades como o Porto, produziu-se muitas obras de Arte Nova e Art Déco. [4] Segundo o arquiteto Nuno Portas: “As avenidas e ruas generosas começavam a construir-se já na virada do século, ordenando os prédios de rendimento e as vivendas de prestígio – revivalistas, ecléticas, arte nova e arte déco – que ao longo do primeiro quarto do século as foram preenchendo.” [5] Salientando que cidades Lisboa e Porto densificaram, posteriormente, e já nos anos 50.

Sobre a década de 1920, João Vieira Caldas refere: “Assiste-se em Portugal à emergência de três fatores que irão determinar e confrontar a mudança: o uso do betão-armado, nos primeiros tempos requerido pelas obras de exceção e depois generalizado até aos programas habitacionais correntes; a formatura de uma geração de arquitetos que troca o ecletismo da sua aprendizagempor uma conceção claramente modernista da arquitetura; a substituição de um regime republicano vigente por uma ditadura (…).” [6]

De facto, a arquitetura moderna esteve presente nos anos 20 e 30 pela mão de geração de arquitetos como Carlos Ramos (1897-1969), Pardal Monteiro (1897-1990), Rogério de Azevedo (1898- 1983), entre outros, mas deve referir-se que a arquitetura não foi firme mantendo-se uma conjugação entre elementos (modernos e funcionais, com outros). Persistia a monumentalidade pública e manteve-se presente a decoração e, de certa forma, o moderno só timidamente tende a aparecer numa geração de arquitetos mais recente formada na época. Como já aludido, a introdução de materiais construtivos veio marcar essas décadas (betão e/ou estruturas em ferro), beneficiando-se do potencial, marcando a estrutura e afastava a decoração, numa simplificação volumétrica.

Com o Estado Novo (1933), a crescente linguagem moderna viria a ser entendida como contraditória à realidade nacionalista da época. Logo, surgindo arquitetos que passam a seguir a arquitetura do regime. De acordo com Vieira Caldas: "(…) modelos do estereótipo pretensamente nacionista, que na verdade não difere muito dos modelos italianos e espanhóis correspondentes, baseado na estilização de termos construtivos e decorativos historicistas.”[7] Teotónio Pereira refere também: “Para os grandes edifícios públicos, como universidades, cineteatros e tribunais (apelidados correntemente de palácios da justiça), o carácter dominante era de uma monumentalidade retórica de raiz clássica, muito próxima dos modelos alemães ou italianos da época. Tratava-se de exprimir o poder do Estado e de incutir nos cidadãos os valores de autoridade e da ordem.” [8]

Se universalmente não existia preocupação do regime pela forma arquitetónica produzida (durante os primeiros anos da ditadura de 1926 e de 1933), possibilitando-a ser moderna, esta realidade alterou-se. As obras modernas passam a ser consideradas anti regime e até mesmo condenáveis. Segundo Teotónio Pereira, no seu texto Arquitetura do Regime 1938-1948: “O que aconteceu foi que esta arquitetura vanguarda foi sufocada à nascença por razões políticas e ideológicas, não se tendo permitido que dessa experiência se tirassem benefícios." [9]

Assim, muitos projetos modernos tiveram de seguir uma linguagem de acordo com o Estado Novo. Por exemplo, a Praça do Areeiro (1938-1943) de Cristino da Silva, autor que, em 1948, produz a Cidade Universitária de Coimbra, entre outras. Rapidamente são replicados modelos de habitação coletiva e unifamiliar com desejo conservador de “valores tradicionais portugueses”. Segue-se toda uma unificação da Casa Portuguesa, postulada por Raul Lino (1879-1974), que enfatizou os aspetos apropriados pelo regime, numa oposição aos arquitetos modernos. Visando uma arquitetura “verdadeiramente portuguesa” e com preocupações pretensiosamente tradicionalistas, tendo publicado A nossa Casa em 1918, em 1924, A Casa Portuguesa e, em 1933, Casas Portuguesas.

Diga-se que ao contrário de Lisboa, o Porto conseguiu dar continuidade do moderno pelas gerações posteriores.[10] Sendo as razões para tal, de acordo com o arquiteto Teotónio Pereira: “Por um lado, o afastamento de capital e portanto da vigilância estatal; por outro, os arquitetos portuenses, ao contrário dos lisboetas, dependiam sobretudo de encomenda privada, o que lhes assegurava maior independência face às imposições oficiais; finalmente, porque a cidade do Porto tem uma tradição fortemente enraizada de autonomia face ao poder sediado em Lisboa.” [11]

Carlos Ramos estava na frente da formação académica e, em 1947, Távora que já escrevera O Problema da Casa Portuguesa, manifesta inquietações contra uma só arquitetura portuguesa. Nesse texto, uma primeira parte: Arquitetura e Arqueologia evidencia uma falsa interpretação da arquitetura portuguesa. Em Para uma Arquitetura Portuguesa de hoje afirma que a habitação deve corresponder às necessidades e ser produto das vivências da época e do lugar, desenvolvendo três parâmetros para a prática da arquitetura: Do meio Português, o Homem e a Natureza como elementos principais, analisando a história portuguesa e devendo trazer potencialidades para o seu presente, Da Arquitetura e das possibilidades da construção moderna no Mundo, enfatiza tal de se operar, adaptando e integrando ao contexto nacional.

Também é importante reconhecer outras formas de luta contra o regime, como as revistas de arquitetura, onde ganharam terreno “no campo crítico e observativo da produção arquitetónica em Portugal pela mão de diversos arquitetos, nomeadamente Nuno Portas.” [12] Acresce o papel de organizações, com o ICAT desenvolveu-se em 1946, liderado pelo arquiteto Keil do Amaral e o ODAM, em 1947, orientado por Losa. [13] O predito Keil do Amaral tentou revogar as diretrizes do regime manifestando que esta arquitetura era «(…) cenografia pretensiosa, feita de arcarias despropositadas, complicadas chaminés, retorcidos e abundantes ferros-forjados…, portas super- barrocas, falsos andares nobres.» [14] Mais criticava «colegas que se dedicaram a procurar das revistas alemãs ou de outras nacionalidades modelos para as obras de saber português que tanto encantavam os mentores da campanha pró-arquitetura nacional.» [15]

Em 1948, com o I Congresso Nacional de Arquitetura, veio reforçou-se o desagrado na arquitetura imposta pelo regime, apoiando a Carta de Atenas e o movimento moderno, tal graças a jovens que se impunham. Muitas encomendas foram entregues a estes novos arquitetos, representando novas oportunidades arquitetónicas, em programas como Câmaras Municipais, Caixas de providência, Igrejas, etc. Assim, nos anos 40 e 50 vai desaparecendo o “portuguesismo”, sendo que o Inquérito à Arquitetura Popular Portuguesa (1961) veio demonstrar a multiplicidade da arquitetura vernacular. Tal foi ao encontro da valorização do contexto, do lugar, das suas materialidades locais edos métodos artesanais. [16] Ocorrendo assim, uma continuidade do moderno por arquitetos como Keil do Amaral (1910-1975), Losa (1908-1988), Godinho (1910-1990), Viana de Lima (1913-1991) e da geração dos anos 20 com Távora (1923-2005) e Teotónio Pereira (1922-2016) e, dos anos 30, com Portas (1934-) e Álvaro Siza Vieira (1933-). [17]

Indubitavelmente, na década de 1950, intensificaram-se debates proveitosos, assumindo um papel numa produção arquitetónica atenta à tradição e modernidade, que se consolida nacionalmente. Em 1952, Teotónio Pereira orientou o MRAR, entre 1953 a 1958, e encarregou-se ainda do programa de habitação social. Por outro lado, em Lisboa, no mesmo ano, reuniram-se 600 participantes de 35 países diferentes no III Congrés del’Union Internationale des Architects (UIA), que se constituiu numa maior exposição do país ao exterior. No final da mesma década, os arquitetos portugueses estavam em sintonia com “movimentos de contestação internacional ao modelo moderno, preconizado nos CIAM.” [18] E, internacionalmente, Viana de Lima e Távora destacavam-se no importante papel de levar aos CIAM (1953) a arquitetura moderna portuguesa.

Em relação à realidade das cidades de Lisboa e do Porto, a habitação urbana caracterizava-se superlotada e, nesta altura, inicia-se o processo de migração do interior para o litoral. Acresce que em 1950 deu-se uma crescente construção de barracas clandestinas. Em Lisboa, Faria da Costa planeia o Bairro de Alvalade, aprovado em 1945, e que, como Nuno Portas consistiu no primeiro destinado a habitação social. Posteriormente e ainda de acordo com o modelo Corbusiano e internacional, seguiam-se o Bairro das Estacas de Formosinho Sanchez e Ruy d’Athouguia, sendo que, no Porto, o arquiteto Fernando Távora projeta o Conjunto Residencial de Ramalde.[19]

No que toca à 2ª metade do século XX, interessa referir que todo o processo de industrialização contribuiu para o despovoamento do interior com o consequente aumento da população urbana em cidades do litoral. A guerra colonial dos anos 60 e a emigração associam-se à modernização, ainda na origem das enumeras mudanças sociais [20], poucos prosseguiam estudos no secundário e universitário e a taxa de analfabetismo, nos anos 60, era elevada 39% [21] feminino e 26,6% [22] masculino. A insuficiência de infraestruturas e transportes públicos faziam as localidades estarem muito distantes, existindo uma marcação de separação entre o norte e sul, litoral e do interior. Nas cidades Lisboa e Porto, entre outras, verifica-se, a partir dos 70, a individualização. De facto, a revolução de 1974 trouxe mudanças no comportamento da vida coletiva e privada, trabalho, educação. O serviço médico à periferia estendeu-se a todo o país [23] (mais tarde SNS) e construíram-se novas escolas, correios e serviços em todo o país.Na indústria, havia ainda uma mão-de-obra pouco qualificada, mas na economia regista-se o desenvolvimento do turismo com o interesse do norte da Europa por Portugal (principalmente pelo Algarve). Paralelamente, a especulação imobiliária favorece a perda de identidade de muitos locais turísticos e construção em massa.

Nos anos 80 com as Câmaras Municipais, é revalorizado o poder local. Desenvolve-se, também, a relação com a Europa e com a entrada de Portugal, em 1986, na CEE. A agricultura perde relevo e Portugal tornar-se-ia atrativo para o imigrante do Brasil e da Europa de Leste. Nos anos 90 vive-se uma fase de prosperidade. Continua-se a abandonar os campos e trabalha-se, principalmente, na indústria e nos serviços. (Em 1990, o setor terciário já representava 47,6% [24] e no fim da década atingiu 52,7% [25], mais de metade da população). Promove-se também a natalidade, atendendo que, desde a década de 1980, Portugal não assegura a renovação das gerações, assistindo-se ao envelhecimento da população. Os jovens têm nova posição na família, procurando a sua própria identidade, levando à reconstrução da sociedade. Verifica-se a melhoria global na vida, na saúde, na educação, no trabalho e no ambiente familiar, sustentado por políticas de apoio, mudança social e cultural.

Em termos de arquitetura, interessa salientar data de 1961 a publicação o Inquérito à Arquitetura Popular. Tal acompanhando uma tendência internacional que é levada aos CIAM “contra ortodoxia do movimento moderno e a favor da sua revisão.” [26] Na década de 1960, dá-se ainda uma preocupação pelo habitante que é um aspeto relevante.

Em relação às intervenções no âmbito da arquitetura, habitação e expansão das cidades, de acordo com Sérgio Fernandez: “A expansão planificada das cidades ficará a dever-se a grandes intervenções, onde, com fins diversos são estabelecidos padrões de economia razoavelmente limitados: no Porto, os bairros camarários, como o da Pasteleira, com seiscentos fogos, para alojamento das camadas de menores recursos que vivem em deploráveis condições, em locais centrais entretanto sobrevalorizadas; em Lisboa, os Olivais Norte e Sul, de muito maior escala, e, em 1962, Chelas.’’ [27] A própria cidade tornar-se-ia preocupação, destacando-se Nuno Portas, no que toca à reflexão das questões sociais e políticas e no tornar relevantes os processos de urbanização, da obra e do projeto. A luta da arquitetura de então foca-se na melhoria das cidades e habitação. Tornara-se evidente o problema da especulação imobiliária, a rápida crescente de produções de fraco contexto, procurando lucro instantâneo, devido à forte procura de alojamento das migrações do interior para o litoral, bem como ao turismo, a partir de investimentos privados e associados a uma falta de planeamento.

No entanto, considera-se que desde a década de 1950 até 1974, não deixam de haver momentos de produção arquitetónica de qualidade. De facto, o 25 de abril de 1974 firmou a possibilidade de novos caminhos e citando Fernandez: “Nele residia a esperança de uma participação popular em moldes radicalmente distintos. Nesse novo contexto, as intervenções arquitetónicas levariam a cabo no âmbito do SAAL poderiam vir a ser um embrião de uma ação disciplinar estruturalmente mais avançada.’’28 [28] Os bairros de lata haviam-se tornando um grande problema e mais de três milhões de portugueses [29] viviam ainda mal alojados. Mas década ficou marcada pelo programa SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), visando a construção de habitação para as populações desfavorecidas, pós Revolução. Como resposta às graves carências na habitação, o SAAL consistiu num grupo organizado pelo FFH (Fundo de Fomento da Habitação), criado em 1968. Portas produziu um despacho para organização de associações, existindo subsídio de fundo perdido, incluindo a própria mão-de-obra dos moradores, a autoconstrução. Segundo Bandeirinha: «A arquitetura portuguesa, a cultura arquitetónica portuguesa do 25 de Abril é o SAAL. Portanto, o SAAL representa tudo aquilo que é não só de representação arquitetónica, mas de reflexão sobre essa produção arquitetónica se processou em Portugal, nessa margem de tempo que se deu ao 25 de Abril.» [30]

No SAAL Algarve, por exemplo a autoconstrução funcionou bem. Já o Porto consistiu num caso particular, resultando num produto arquitetónico distinto. De acordo com Alves Costa, os projetos SAAL Porto eram feitos “não para expansão, mas para consolidação e ordenamento da cidade.” [31] Verificando-se, entre 1974 e 1976, diversos experimentos que Alves Costa enumera: “(…) sejam bandas de cércea relativamente baixa e acessos diretos às habitações, como no Restelo (em Lisboa), de Teotónio Pereira, ou na Bouça (no Porto), de Álvaro Siza, ou na opinião maioritária pelos blocos articulados por acessos verticais coletivos muitas vezes dando pelas galerias de distribuição.” [32] Já em Lisboa, as intervenções foram maioritariamente na periferia, ao contrário, no Porto, em que coexistiram estratégias com origem no centro da cidade. (As ilhas eram no interior dos quarteirões, mais próximas do trabalho.)

Obra de referência é o Bairro da Bouça, no Porto (1973-1978) da autoria de Álvaro Siza, que continha quatro blocos habitacionais com duplex. Sobre o Bairro, Montaner considera: “A linguagem arquitetónica era extremamente atrativa, totalmente distinta em cada uma das fachadas e inspirava-se tanto na arquitetura portuguesa como no racionalismo holandês (…) e no expressionismo e racionalismo alemão (Bruno Taut e Ernst May).” [33] O referido arquiteto, Álvaro Siza, teve o papel fundamental para a continuação da modernidade e tradição (exemplo é a Quinta da Malagueira de 1977, em Évora).

Por essa altura, as cidades Lisboa e Porto continuaram a crescer em redor, acentuando-se o despovoamento. Em 1978, iniciam-se os Planos Diretores Municipais [34] para ordenamento espacial, sendo que somente nos anos 90 fez-se consolidar como regulares do crescimento clandestino. De facto, o início do ordenamento limitava-se, muitas vezes, a legalizar habitações. No final do século XX, de acordo com Vieira de Almeida a arquitetura portuguesa viria a definir-se pela coexistência entre duas realidades no território português: “a das obras de autor e a das construções correntes.” [35] Como o arquiteto refere no texto De 1976 ao Final do século: Convergências, divergências e cruzamento de nível: “O universo da construção corrente começou a ser também esfera de ação dos arquitetos, por força de uma conjuntura múltipla e facetada: o aumento do número de arquitetos presentes no mercado de trabalho, a ascensão do poder autárquico como promotor de obras, o início de expansões urbanas em povoações de pequena e média dimensão, o desvanecer das clivagens entre mundo rural e o mundo urbano, (…) pela melhoria de condições económicas da população, permitindo em simultâneo a realização do sonho da casa própria e o desenvolvimento pelo país da atividade de compra e venda imobiliária (…).” [36]

Nos anos 80, começara também a existir uma preocupação pela preservação e revalorização da cultura e história presente em edifícios com valor cultural. Sendo que, assinala-se neste domínio, o significado que o Chiado apresentava, e que Álvaro Siza atuou com clareza, na recuperação do edificado, malha urbana e espaço público. Como referiu numa entrevista ao jornal Público: “A procura foi que os elementos novos que não pusessem em questão o espírito da arquitetura pombalina. Tudo o que seja tentar uma cópia, absolutamente fiel está condenado ao fracasso, portanto não é isso. E, por outro lado, também há aspetos muito inovadores em relação ao Chiado, que acabam por ter influência em tudo, desenho até ao puxador da porta que são diferenças como, para dar exemplo, novas ligações entre ruas (…).” [37]

Sem dúvida nenhuma que na passagem da Revolução de 1974 para a década de 1980, tomam lugar grandes mudanças sociais, políticas e económicas em diversas áreas, desde o turismo, ao abandono extremo dos campos e surgimento de núcleos urbanos em redor de outros já existentes, tornando Portugal, um país de realidades diversas. Em relação ao ensino, em Lisboa tendeu uma aproximação a vertentes internacionais, e, no Porto, manteve-se uma continuidade de Escola com Siza Vieira, a posicionar-se a nível internacional. De resto, toda a arquitetura portuguesa, no final do século XX, cativa a crescente interesse internacional, rendidos a obras de arquitetos como Byrne, Souto Moura, Carrilho da Graça, entre outros.

A década de 1980 contou ainda com jovens arquitetos e a individualidade [38] de produções arquitetónicas relevantes. De facto, coexistiram diversas vertentes na arquitetura portuguesa, desde continuidade, monumentalidade, cenográfica, de exploração e enfatização da estrutura, da tecnologia e da composição pragmática e funcional, entre outras. Deram-se início da produção de diversas obras como instituições, desde científicas, de ensino superior, museus, em todo o país, com carácter público, possibilitando exceções na malha urbana. Simultaneamente à carência de equipamentos públicos, constatava-se ainda a escassez de infraestruturas satisfatórias. Com o descontrolo do crescimento das cidades, anárquica e fragmentada, Portugal fez a arquitetura e o urbanismo, grandes contributos ao ordenamento do território, bem como a qualificação do espaço urbano para garantir qualidade de vida e possibilidade de estabilização e fixação populacional. Por outro lado, constatou-se uma preocupação com os centros históricos devolutos e assistiu-se à falta de espaço público com qualidade e um afastamento entre o trabalho e a habitação.

No que toca aos anos 90, esses caracterizaram-se pela prosperidade económica, política e social, consolidando a modernização e internacionalização de um país vindo de uma Revolução, em 1974. A arquitetura valoriza-se a nível nacional e internacional, teve então grande impacto nos media. Constatou-se uma grande aposta em infraestruturas, em equipamentos, em grandes obras públicas no âmbito da saúde, do ensino, da cultura, entre outros, focando-se, principalmente, em questões urbanísticas – equipamentos e espaços públicos. Ocorreram experiências com abertura para o internacional, de pensamento livre e artístico de novas gerações de arquitetos, e uma maior aproximação ao mundo, e no âmbito público, desde o desenho de espaço público à produção de equipamentos.

Como caraterizar a realidade atual? Atualmente, a maioria da população nasceu após os anos 60 [39] e a maioria populacional trabalha em serviços e comércio. Em 2000, o terciário era 52,7% [40] e em 2019, a população empregada no setor terciário era de 69,8% [41]. Em 2000, a taxa de desemprego era de 3,9% [42] e, entre 2010 e 2012, atingiu a sua maior percentagem que rondou entre 10,8% [43] e os 15,5% [44] , devido à primeira crise económica do século iniciada em 2008, tendo uma descida significante, muito graças à atração turística pelo país para 6,5% [45]. A primeira crise económica fez entre 2009 e 2014 saírem do país permanentemente cerca de 160.000 [46] jovens entre os 15 anos e 39 anos de idade. As condições de higiene e de educação aumentaram, a taxa de analfabetismo diminuiu drasticamente (9% [47], em 2001 e de 5,2% [48] em 2011).

Um dos aspetos que se alterou significativamente e de realçar é a relação entre o núcleo familiar e o alojamento, principalmente na atualidade, é cada vez mais dissociado. As transformações do século XX fizeram com que fossem alterados os percursos de cada indivíduo numa família, a partilha de casa por partilha da habitação com amigos e, por vezes, passando à partilha habitacional de jovens casais. Nem todos os indivíduos permanecem no mesmo local, a mudança de cidade para estudar ou para ir trabalhar.

Por outro lado, após uma primeira crise económica que abalou muitas famílias, fala-se agora da maior crise, ocorrendo esta nos tempos da covid-19. De facto, a pandemia veio causar um impacto muito forte à sociedade. Com o primeiro confinamento geral, 60 mil novas pessoas [49] necessitaram de recorrer a ajuda alimentar. No seguimento do que antes aludimos, a pandemia tem vindo a agravar principalmente a situação dos jovens. Sem a segurança de um emprego, a habitação fica menos assegurada. Notícias demonstram as dificuldades, provocando o despejo, a procura de outra habitação ou até o retorno à casa dos pais. É inevitável o impacto na habitação, sendo que este se tornou o lugar produtivo e reprodutivo e retorna-se à habitação, enfatizando as necessidades da sua flexibilidade, adaptabilidade, sentindo-se pela falta de condições ao teletrabalho, ao cuido de crianças, exercício físico, etc. Por outro lado, verificou-se um acrescento de pedidos de apoio ao arrendamento durante os confinamentos. A realidade não era fácil para toda a população, e com a pandemia as populações mais fragilizadas. O artigo Os Novos Pobres: Gente Jovem e que tinha Emprego [50] do jornal Sol de 24 de Janeiro de 2021 destaca que a pandemia não escolheu idade nem género, aumentando cada vez mais os pedidos de auxílio. Além disso, não podemos deixar de enfatizar a realidade preocupante dos seniores, verificando-se o agravamento das condições da população mais envelhecida portuguesa. Fragilidade, perante o combate ao vírus. De acordo com o artigo O que é preciso para acabar com os “depósitos de velhos”? [51] do Jornal Público de 8 de Novembro de 2020, morreram 1047 idosos em lares com covid-19, destacando as necessidades do país à falta de alternativas como habitação assistida, habitação adaptada e cohousing sénior. Em suma, face às crises económicas e situação pandémica atual, acreditando que a arquitetura é um contributo para a sociedade, focando nas primeiras décadas do século, esta deve fazer uma reflexão crítica sobre as questões atuais e traduzir as necessidades existentes da população para projeto e de um futuro melhor. Se a crise económica e a pandemia destacou problemas habitacionais já existentes, o aumento da população a viver o quotidiano a partir da habitação, fez sobressair questões da prática de projeto arquitetónico.

Remetendo para explicações, factos e autores do presente artigo, o século XXI inicia com uma diversidade de perspetivas de arquitetura. Do século XX, enfatiza-se a reabilitação, sendo esta um aspeto protagonista na arquitetura portuguesa. Destaca-se, também, o que fazer na arquitetura sénior, sendo que Portugal é atualmente posicionado em 3º lugar da Europa e no 5º lugar do ranking de país mais envelhecido do mundo. [52] O que a arquitetura poderá e deverá servir como melhoria da sua qualidade de vida. Entre outras questões, as enunciadas favorecem-se exemplos de alterações por atender, num novo debate disciplinar sobre o presente. Desde a formação académica, deve introduzir, repensando as novas necessidades de seniores e jovens adultos, e que acresça às questões mencionadas a reabilitação, globalização e o impacto da turistificação. Verifica-se a importância da relação destas questões do século XXI, com especial atenção por parte de todos os arquitetos que queiram ver a sua disciplina adequada aos desafios da contemporaneidade.

 


Alexandra Ressurreição Paulo
Mestre em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Recentemente, recebeu um Prémio Distinção do IJUP - Encontro de Investigação Jovem, na área de arquitetura, com a apresentação (poster) da Dissertação final de Mestrado: Tipologias de Habitação Contemporânea: Experiências em Portugal no século XXI.

Gonçalo M Furtado C Lopes
Licenciado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Mestre pela Universidade Politécnica da Catalunha, e doutorado pela University College of London, bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. É professor de Teoria da FAUP, tendo no passado lecionado na Faculdade de Engenharia e sido professor visitante na Escola de Barcelona. Autor de vários livros, integra ainda o corpo editorial de algumas revistas e publica regularmente sobre temas pós-modernos e contemporâneos. Em 2008 foi premiado pela WOSC (UK) com “Kybernetes
Research Award: Highly commended paper" e em 2010 pelo IIAS (Canada) com o “Outstanding Scholarly Contribution Award 2010”.

 

 

 


:::

 

Notas

[1] SARAIVA, José Hermano - História essencial de Portugal [em linha]. RTP Arquivos: RTP Memória, 2011. [consult. 12-8-2020].
[2] LOPES, Carlos Nuno Lacerda, Projectos e Modos de Habitar. Porto: Universidade do Porto, 2011, Tese de Doutoramento. p.147, parag.1, l.5-6
[3] Ibid. p.154, parag.6
[4] PORTAS, Nuno - “A Arquitetura da Habitação no século XX Português” in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried - Portugal: Arquitectura do século XX, 1ª ed., Munchen: Prestel, 1997. p.117, l.21-29.
[5] Ibid.
[6] CALDAS, João Vieira, ‘’Cinco Entremeios sobre o Ambíguo Modernismo’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.23, parag.3.
[7] Ibidem.p.30, parag.5
[8] PEREIRA, Nuno teotónio, ‘’A Arquitetura do Regime, 1938-1948’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.36, parag.7, l.1-9
[9] Ibidem. p.33, parag.5
[10] Ibidem. p.36, parag.3
[11] Ibidem. p.36, parag.4
[12] RAMOS, Rui, A Casa unifamiliar Burguesa na Arquitectura Portuguesa: Mudança e Continuidade no espaço doméstico na Primeira metade do século XX, Porto: Universidade do Porto, 2004, Tese de Doutoramento. p.670, parag. 2
[13] Ibidem. p. 344
[14] PEREIRA, Nuno Teotónio, ‘’A Arquitetura do Regime, 1938-1948’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.37, parag.3
[15] Ibidem. p.37, parag.3
[16] TOSTÕES, Ana, ‘’Modernização e Regionalismo, 1948-1961’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.41, parag.1
[17] Ibidem. p.41, parag.2
[18] RAMOS, Rui, 2004, Tese de Doutoramento. p.670,l.12-14
[19] PORTAS, Nuno, “A Arquitetura da Habitação no século XX Português” in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.119, ponto 6, l.29-33
[20] WALL, Karin, ‘‘Elementos sobre a sociologia da família’’ in Análise Social, vol.XXVIII (123-124), 1993. p.1001,l.6-12
[21] Pordata. Tabela percentual sobre a Taxa de Analfabetismo: total e por sexo.
[22] Pordata. Tabela percentual sobre a Taxa de Analfabetismo: total e por sexo. 
[23] BARRETO, António, Portugal, um retrato social. RTP: Rui branquinho, 2007.
[24] Pordata. Tabela Percentual sobre População empregada:total e por grandes setores de atividade
[25] Pordata. Tabela Percentual sobre População empregada:total e por grandes setores de atividade.
[26] RAMOS, Rui, 2004, Tese de Doutoramento. p.322, l.13-14
[27] FERNANDEZ, Sérgio, ‘’Arquitetura Portuguesa, 1961-1974’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried, 1997. p.57, parag.1
[28] FERNANDEZ, Sérgio, ‘’Arquitetura Portuguesa, 1961-1974’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.62, parag.6
[29] As Operações SAAL. Realização de João Dias. Portugal: Optec, 2007 (120 min): Cor, P&B
[30] As Operações SAAL. Realização de João Dias. Portugal: Optec, 2007 (120 min): Cor, P&B
[31] COSTA, Alexandre Alves, ‘’O SAAL e os anos da Revolução, 1974-1975’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.66, parag.1, l.15-17
[32] Ibidem. p.65, l.12-19
[33] MONTANER, Josep Maria, La vivenda de la vivenda colectiva: Políticas y proyectos en la ciudad contemporânea, Editorial Reverté, Barcelona, 2015. ISBN 978- 84-291-2126-1 p.100, l. 8-12
[34] BARRETO, António, Portugal, um retrato social. RTP: Rui branquinho, 2007.
[35] ALMEIDA, Rogério Vieira de, “De 1976 ao Final do século: Convergências, Divergências e Cruzamento de Nível’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.73, l.1-4
[36] Ibidem. p.73, l.12-30
[37] Entrevista a Álvaro Siza Vieira ao Jornal Público. 25/08/2013
[38] ALMEIDA, Rogério Vieira de, “De 1976 ao Final do século: Convergências, Divergências e Cruzamento de Nível’’ in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried,1997. p.75, parag.2, l.8 -11
[39] Na tabela percentual sobre a população residente, média anual: total e por grupo etário, os nascidos após 1970 são 57% da população residente, em 2019. (Atualizado em 2020-06-15)
[40] Tabela percentual sobre população empregada: total e por grandes setores de atividade económica. (Atualizado em 2020-02-07) 
[41] Tabela percentual sobre população empregada: total e por grandes setores de atividade económica. (Atualizado em 2020-02-07) 
[42] Tabela percentual sobre população empregada: total e por grandes setores de atividade económica. (Atualizado em 2020-02-07) 
[43] Informação INE/Pordata. Nós, Portugueses: Nascer para não morrer. Realização de Pedro Clérigo. RTP/Fundação Francisco Manuel dos Santos. Portugal, 2020.
[44] Ibidem.
[45] Ibidem.
[46] Ibidem.
[47] Família nos Censos 2011: Diversidade e mudança. p.1, l.4-7.
[48] Ibidem. p.1, l.4-7.
[49] Informação da Rede de Emergência Alimentar. Nós, Portugueses: Nascer para não morrer. Realização de Pedro Clérigo. RTP/Fundação Francisco Manuel dos Santos. Portugal, 2020.
[50] FAUSTINO, Joana – Os novos pobres: gente jovem e que tinha emprego [em linha]. Jornal SOL, 24 de Janeiro de 2021. [consult. 21-3-2021].
[51] FARIA, Natália – Morreram 1047 idosos em lares com covid-19. O que é preciso para acabar com os depósitos de velhos? [em linha]. Jornal PÚBLICO, 8 de novembro de 2020. [consult. 20-3-2021].
[52] Informação INE. Nós, Portugueses: Nascer para não morrer. Realização de Pedro Clérigo. RTP/Fundação Francisco Manuel dos Santos. Portugal, 2020.
[49] Informação da Rede de Emergência Alimentar. Nós, Portugueses: Nascer para não morrer. Realização de Pedro Clérigo. RTP/Fundação Francisco Manuel dos Santos. Portugal, 2020.
[50] FAUSTINO, Joana – Os novos pobres: gente jovem e que tinha emprego [em linha]. Jornal SOL, 24 de Janeiro de 2021. [consult. 21-3-2021].
[51] FARIA, Natália – Morreram 1047 idosos em lares com covid-19. O que é preciso para acabar com os depósitos de velhos? [em linha]. Jornal PÚBLICO, 8 de novembro de 2020. [consult. 20-3-2021].
[52] Informação INE. Nós, Portugueses: Nascer para não morrer. Realização de Pedro Clérigo. RTP/Fundação Francisco Manuel dos Santos. Portugal, 2020.