|
GEORGE BEYLERIAN CELEBRA O DESIGN ITALIANO COM LANÇAMENTO DE “DESIGN MEMORABILIA”
NICOLE ANDERSON
O design italiano tem tido um domínio sobre George M. Beylerian desde que este entrou pela primeira vez na área em 1964. "Eu era uma vítima, uma vítima sortuda", diz rindo-se. Ao refletir sobre a génese da sua carreira no design, o fundador da Material ConneXion, a maior biblioteca de recursos do mundo, pensa nesses anos de formação que passou em Itália, rodeado por designers e testemunhando em primeira mão o seu engenho e a sua produção prodigiosa. "Os meus primeiros anos no negócio levaram-me a Itália, e isso realmente forçou as coisas porque Itália é cheia de design e criatividade", recorda Beylerian. O lançamento do seu mais recente empreendimento, Design Memorabilia, no verão passado, leva-o a completar o círculo - colaborando mais uma vez com alguns dos muitos designers e amigos com quem tem trabalhado ao longo das últimas cinco décadas, remontando à época do seu primeiro negócio em Nova Iorque, a popular loja de design Scarabaeus, que abriu em meados dos anos 1960 e era conhecida pelos seus artigos de decoração italianos.
Ao longo dos anos, Beylerian foi conhecido por muitas funções – empreendedor, curador, coleccionador, entre outros - e este novo projecto deu-lhe a oportunidade de retomar a de comerciante, um título do qual ele é particularmente devoto, juntando-se com antigos colegas para desenvolver belos produtos a um preço razoável, enquanto ao mesmo tempo presta homenagem ao design italiano.
Oportuna ainda que comemorativa, a coleção inaugural do Design Memorabilia, apropriadamente chamado de GUS- tibus, é ao mesmo tempo uma visão avançada na sua missão e preservacionista em espírito. Coincidindo, tanto em termos temáticos como temporais, com a Expo 2015 Milano intitulada "Alimentar o Planeta, Energia para a Vida", a colecção apresenta novos e velhos designs de serviços de mesa – alguns reeditados, outros ligeiramente re-imaginados – de trinta e dois designers notáveis (vivos e mortos), a maioria dos quais são italianos ou trabalharam e viveram em Itália. A linha estreou em julho no MoMA Design Store no SoHo, revivendo várias peças do passado, introduzindo ao mesmo tempo novas, a partir de designers como Tobia Scarpa, Paola Navone, Frederica Marangoni, Aldo Cibic e Roberto Sambonet.
"Eu revisitei coisas que estava a fazer há cinquenta anos atrás enquanto um jovem homem. Primeiro, foi uma das peças da coleção por Ettore Sottsass – as tigelas quadradas com a caneca redonda – eu costumava vendê-las em minha loja em 1967, e pelo mesmo preço de agora, depois de todos estes anos,” explica Beylerian. "Havia muito simbolismo e implicações emocionais em muitas destas peças."
No caso do suporte de biscoitos e bolo Cirri de Anna Castelli Ferrieri, Beylerian decidiu trazer a peça, produzida pela primeira vez em 1991 para a Sambonet Itália, de volta à vida. Desta vez é feita de plástico ABS em vez de prata, mas ainda mantém a sua forma delicada estilo renda. Desta vez, o suporte está a ser vendido a "um décimo do preço", diz Beylerian. "Como eu disse, às vezes, há um tempo e um lugar para tudo. Provavelmente foi concebido demasiado cedo ou foi projectado demasiado precioso e o mercado não estava lá para a categoria preciosa."
Indo do elegante ao bem-humorado e ao caprichoso, a colecção ilustra como objectos pequenos do dia a dia podem servir muitos propósitos, como o útil e o divertido, o prático e o cativador – o gracioso Globo Cenoura e o temporizador de cozinha de Elio Fiorucci, ou o escultural Trio de Vasos com flores feitas de porcelana de Angelo Mangiarotti, por exemplo. E, apesar do nome irónico da colecção, os designs não são, de modo algum, apenas lembranças. "Esta não é uma coisa tipo memorial, onde se vai e vem com ela. Estas são clássicos que se vêem. Esperamos continuar – e talvez mesmo esperar adicionar mais ", diz Beylerian.
E, de facto, estes designs, muitos concebidos há bastante tempo, estão novamente a encontrar o seu caminho para as casas das pessoas – provando que o passado é uma parte muito importante do presente, e, como diz Beylerian, "É um renascimento – é um puxão no braço, por assim dizer." Versão portuguesa do original inglês publicado na Modern Magazine, a 4 de Fevereiro de 2016.
Nicole Anderson