|
NU LIMITE
REDAçãO DA REVISTA NU
A revista NU surge, no ano letivo de 2001/2002, enquanto espaço coletivo de expressão e troca de conhecimento entre alunos sobre a disciplina, integrada no programa de objetivos do Núcleo de Estudantes de Arquitectura da Associação Académica de Coimbra (NUDA/AAC). O primeiro número, #1 Encruzilhadas, foi lançado em Abril de 2002, e, a partir desse ponto, a NU torna-se uma revista periódica de reflexão e debate, com um objetivo primordial: usar a discussão como ferramenta de aprendizagem para quem a faz e para quem a lê.
Em 2003, surge o número #12 Onde está Coimbra?, no âmbito de Coimbra Capital Nacional da Cultura comissariada por Jorge Figueira. No ano seguinte, a convite do Instituto das Artes, a Bienal Internacional de Arquitectura de Veneza conta com a presença da NU, com o número #20 Onde está Portugal?, integrado na representação portuguesa comissariada por Pedro Gadanho. Em 2007, o programa Gaudi, de apoio a publicações sobre arquitectura de vários países europeus, faz uma recolha a ser apresentada em feiras internacionais e, inclusa numa antologia, distingue a NU para representar a crítica portuguesa de arquitectura. Em 2012, é lançado o número #40 Entrevistas – Antologia Crítica 2002-2012, em pareceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa, como uma reflexão sobre os temas debatidos durante os primeiros dez anos da revista.
Apesar de ter contado com intervalos variados entre cada uma das suas mais de quarenta edições, a NU conquistou um espaço importante tanto no panorama escolar (Darq, Coimbra), devido à sua colaboração com o processo de aprendizagem, como no panorama nacional, enquanto revista de estudantes de arquitectura há mais tempo em atividade no país. Direcionando as suas publicações para temas de interesse à produção arquitectónica, com artigos de crítica produzidos pelos estudantes, aos quais se acrescentam inúmeras colaborações de nomes nacionais e internacionais, cada número é desenvolvido em torno de um tema principal, abrangendo tópicos relacionados com diferentes interpretações sobre o mesmo.
A edição número #44, a lançar no dia 29 de Maio de 2018, tem como tema limite.
Limite, estrema, fronteira, raia, aquilo que define ou delimita um espaço.
Entendemos, muitas vezes, o limite como um fim, uma meta, uma fronteira entre dois espaços, uma linha que separa - o momento imediatamente antes de algo transbordar, algo completo ou acabado –, um término. Contudo, esse momento pode ser ultrapassado, transpondo-se esse ponto, passando, então, o limite a ser um mediador entre estados diferentes e não apenas um fim em si mesmo.
Mas o que está para além do limite? E qual limite? Do limite físico, existente, marcável e definível? Ou o limite do bom senso, da legalidade, do que é normal fazer? Qual o limite entre o real e o irreal? Entre o natural e o artificial? Entre o possível e o utópico? Será o espaço infinito? E o Espaço? Tem o Universo limites? Sendo este, aparentemente, uma coisa física, é definível e limitado? O Universo expande-se constantemente, mas qual o limite dessa expansão? Terá fim? E qual o limite oposto, o da concentração? Quanto poderá ser o espaço condensado e comprimido?
Partimos da arquitectura, na qual os limites se revelam primariamente no espaço e lhe atribuem forma. Normalmente podem ser condicionantes para o projeto, mas são, do mesmo modo, a única base para o fazer; sem eles a arquitectura caíria num vazio experimental onde essa total liberdade acabaria por impedir o processo de criação. Todo o projeto surge de algo - um programa, um local ou um conceito –, e esse algo, por mais variável que possa ser, terá sempre o seu caráter limitador.
No entanto, fugimos do próprio limite da arquitectura tentando encontrar-nos a nós próprios num tema que é, por contradição à sua natureza, muito amplo e quase ilimitado.
Ao mar, como uma fronteira física que impede o continuar, opomos um estado de reflexão que, pela imensidão do seu confronto, nos provoca o sonho e desse sonho julgamos o real. Questionamos aquilo que existe mesmo e aquilo que apenas pensamos existir. Real ou irreal, sonho ou metafísica, um diálogo constante que nos provoca a sensação de medo. Regressamos a casa quando nos deparamos com este abismo, mas mesmo aqui há um confronto: discutem-se os tais limites do campo disciplinar da arquitectura. Entendê-los, ou pelo menos discuti-los, permite-nos perceber, não só o modo como esta lida com outras áreas, mas sobretudo as expectativas sobre si depositadas.
Entender os limites é, no fundo, entender o que é limitado; é entender o que se está a delimitar. Procurando os limites de algo, procura-se esse algo em si. O que define e limita uma coisa acaba por ser a sua própria definição, o modo de a designar.
Viveremos a vida nu limite?
Redação da revista NU
:::
A revista NU dispõe de um arquivo online onde podem ser consultados todos os números publicados.