Links

ARQUITETURA E DESIGN




Carcavelos, Matosinhos, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Carcavelos, Matosinhos, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Angeiras, Matosinhos, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Contumil, Porto, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Contumil, Porto, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Leal, Porto, 2020 Ⓒ Francisco Ascensão


Leal, Porto, 2020 Ⓒ Francisco Ascensão


Quinta do Alto, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Quinta do Alto, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão


Quarteira, Loulé, 2020 Ⓒ Francisco Ascensão


Cabanas, Tavira, 2022 Ⓒ Francisco Ascensão

Outros artigos:

2024-10-30


ENTRE O BANAL E O SINGULAR : UMA LEITURA DE LOOS, ROSSI E SIZA


2024-09-23


ATELIER RUA: O TRIUNFO DA SIMPLICIDADE QUE INSPIRA UMA GERAÇÃO


2024-08-22


ANA ARAGÃO E GONÇALO M. TAVARES: O EXERCÍCIO REPARADOR DA CIDADE


2024-07-14


SIZA: O SUJEITO ENTRE VERBOS, NA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN


2024-05-22


EXOUSIA — É POSSÍVEL, É PERMITIDO...MAS NÃO, NÃO PODE


2024-04-13


PÁDUA RAMOS: DA ARQUITETURA AO DESIGN


2024-02-26


NO LUGAR DE UMA JANELA, NASCEU UMA PORTA


2024-01-21


TERCEIRO ANDAR DE LUCIANA FINA OU DESTINAÇÃO (EST)ÉTICA


2023-11-02


A PROPÓSITO DE ONDE VAMOS MORAR? — CICLO DE CINEMA POR ANDY RECTOR


2023-09-11


CARTOGRAFIA DO HORIZONTE: DO TERRITÓRIO AOS LUGARES


2023-08-05


O ESTALEIRO, O LABORATÓRIO, A SUA CAIXA E O CAVALETE DELA


2023-06-01


UMA CIDADE CONSTRUÍDA PARA O CONSUMO: DA LÓGICA DO MERCADO À DISNEYFICAÇÃO DA CIDADE


2023-04-30


ESCUTAR, UMA VEZ MAIS, GRÂNDOLA — OPERAÇÃO SAAL DE VALE PEREIRO


2023-04-03


NOTAS SOBRE UM ARQUITECTO ARTIFICIALMENTE INTELIGENTE


2023-02-24


MUSEU DA PAISAGEM. AS POSSIBILIDADES INFINITAS DE LER E REINTERPRETAR O TERRITÓRIO


2023-01-30


A DIVERSIDADE NA HABITAÇÃO DAS CLASSES LABORIOSAS, OS HIGIENISTAS E O CASO DA GRAÇA


2022-12-29


HABITAR: UM MANIFESTO SECRETO


2022-11-23


JONAS AND THE WHOLE


2022-10-16


CASA PAISAGEM OU UM PRESÉPIO ABERTO


2022-08-11


ENTREVISTA A JOSÉ VELOSO, ARQUITETO DA OPERAÇÃO SAAL DA MEIA-PRAIA


2022-07-11


TERRA, TRIENAL DE ARQUITETURA DE LISBOA 2022. ENTREVISTA A CRISTINA VERÍSSIMO E DIOGO BURNAY


2022-05-31


OH, AS CASAS, AS CASAS, AS CASAS...


2022-04-23


A VIAGEM ARQUITETÓNICA COMO ENCONTRO: DA (RE)DESCOBERTA À (DES)COBERTA DAS ORIGENS


2022-03-29


PODERÁ O PATRIMÓNIO SER EMANCIPATÓRIO?


2022-02-22


EM VÃO: FECHA-SE UMA PORTA PARA QUE UMA JANELA FENOMENOLÓGICA SE ABRA


2022-01-27


SOBRE A 'ESTÉTICA DO CONHECIMENTO': UMA LEITURA DA PEDAGOGIA DE BAUKUNST


2021-12-29


CALL FOR ARCHITECTS


2021-11-27


DE QUE ME SERVE SER ARQUITECTA?


2021-10-26


'OS CAMINHOS DA ÁGUA'


2021-09-30


A ARQUITETURA PORTUGUESA: O TRAJETO DO SÉCULO XX E DESAFIOS DO SÉCULO XXI


2021-08-22


CERAMISTAS E ILUSTRADORES: UMA RESIDÊNCIA EM VIANA DO ALENTEJO


2021-07-27


COMPREENSÃO DA CIDADE DO PORTO ATÉ AO SÉCULO XX


2021-06-20


O ANTECEDENTE CULTURAL DO PORTO NA TRANSIÇÃO PARA O SÉCULO XXI


2021-05-12


JOÃO NISA E AS 'PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UMA PAISAGEM'


2021-02-16


A ORDEM INVISÍVEL DA ARQUITECTURA


2021-01-10


SURENDER, SURENDER


2020-11-30


AS MULHERES NO PRIVATE PRESS MOVEMENT: ESCRITAS, LETRAS DE METAL E CHEIRO DE TINTA


2020-10-30


DES/CONSTRUÇÃO - OS ESPACIALISTAS EM PRO(EX)CESSO


2020-09-19


'A REALIDADE NÃO É UM DESENCANTO'


2020-08-07


FORA DA CIDADE. ARTE E LUGAR


2020-07-06


METROPOLIS, WORLD CITY & E.P.C.O.T. - AS VISÕES PARA A CIDADE PERFEITA IMAGINADAS POR GILLETTE, ANDERSEN E DISNEY


2020-06-08


DESCONFI(N)AR, O FUTURO DA ARQUITECTURA E DAS CIDADES


2020-04-13


UM PRESENTE AO FUTURO: MACAU – DIÁLOGOS SOBRE ARQUITETURA E SOCIEDADE


2020-03-01


R2/FABRICO SUSPENSO: ITINERÁRIOS DE TRABALHO


2019-12-05


PRÁTICAS PÓS-NOSTÁLGICAS / POST-NOSTALGIC KNOWINGS


2019-08-02


TEMPOS MODERNOS, CERÂMICA INDUSTRIAL PORTUGUESA ENTRE GUERRAS


2019-05-22


ATELIER FALA - ARQUITECTURA NA CASA DA CERCA


2019-01-21


VICARA: A ESTÉTICA DA NATUREZA


2018-11-06


PARTE II - FOZ VELHA E FOZ NOVA: PATRIMÓNIO CLASSIFICADO (OU NEM POR ISSO)


2018-09-28


PARTE I - PORTO ELEITO TRÊS VEZES O MELHOR DESTINO EUROPEU: PATRIMÓNIO AMEAÇADO PARA UNS, RENOVADO PARA OUTROS. PARA INGLÊS (NÃO) VER


2018-08-07


PAULO PARRA – “UMA TRAJECTÓRIA DE VIDA” NA GALERIA ROCA LISBON


2018-07-12


DEPOIS, A HISTÓRIA: GO HASEGAWA, KERSTEN GEERS, DAVID VAN SEVEREN


2018-05-29


NU LIMITE


2018-04-18


POLAROID


2018-03-18


VICO MAGISTRETTI NO DIA DO DESIGN ITALIANO


2018-02-10


GALERIA DE ARQUITETURA


2017-12-18


RHYTHM OF DISTANCES: PROPOSITIONS FOR THE REPETITION


2017-11-15


SHAPINGSHAPE NA BIENAL DA MAIA


2017-10-14


O TEATRO CARLOS ALBERTO DIALOGA COM A CIDADE: PELA MÃO DE NUNO LACERDA LOPES


2017-09-10


“VINTE E TRÊS”. AUSÊNCIAS E APARIÇÕES NUMA MOSTRA DE JOALHARIA IBEROAMERICANA PELA PIN ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA


2017-08-01


23 – JOALHARIA CONTEMPORÂNEA NA IBERO-AMÉRICA


2017-06-30


PASSAGENS DE SERRALVES PELO TERMINAL DE CRUZEIROS DO PORTO DE LEIXÕES


2017-05-30


EVERYTHING IN THE GARDEN IS ROSY: AS PERIFERIAS EM IMAGENS


2017-04-18


“ÁRVORE” (2002), UMA OBRA COM A AUTORIA EM SUSPENSO


2017-03-17


ÁLVARO SIZA : VISÕES DA ALHAMBRA


2017-02-14


“NÃO TOCAR”: O NOVO MUSEU DO DESIGN EM LONDRES


2017-01-17


MAXXI ROMA


2016-12-10


NOTAS SOBRE ESPAÇO E MOVIMENTO


2016-11-15


X BIAU EM SÃO PAULO: JOÃO LUÍS CARRILHO DA GRAÇA À CONVERSA COM PAULO MENDES DA ROCHA E EDUARDO SOUTO DE MOURA


2016-10-11


CENAS PARA UM NOVO PATRIMÓNIO


2016-08-31


DREAM OUT LOUD E O DESIGN SOCIAL NO STEDELIJK MUSEUM


2016-06-24


MATÉRIA-PRIMA. UM OLHAR SOBRE O ARQUIVO DE ÁLVARO SIZA


2016-05-28


NA PEGADA DE LE CORBUSIER


2016-04-29


O EFEITO BREUER – PARTE 2


2016-03-24


O EFEITO BREUER - PARTE 1


2016-02-16


GEORGE BEYLERIAN CELEBRA O DESIGN ITALIANO COM LANÇAMENTO DE “DESIGN MEMORABILIA”


2016-01-08


RESOLUÇÕES DE ANO NOVO PARA A ARQUITETURA E DESIGN EM 2016


2015-11-30


BITTE LEBN. POR FAVOR, VIVE.


2015-10-30


A FORMA IDEAL


2015-09-14


DOS FANTASMAS DE SERRALVES AO CLIENTE COMO ARQUITECTO


2015-08-01


“EXTRA ORDINARY” - JOVENS DESIGNERS EXPLORAM MATERIAIS, PRODUTOS E PROCESSOS


2015-06-25


PODE A TIPOGRAFIA AJUDAR-NOS A CRIAR EMPATIA COM OS OUTROS?


2015-05-20


BIJOY JAIN, STUDIO MUMBAI


2015-04-14


O FIM DA ARQUITECTURA


2015-03-12


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE II/II)


2015-02-11


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE I/II)


2015-01-11


ESPECTADOR


2014-12-09


ARQUITECTAS: ENSAIO PARA UM MANUAL REVOLUCIONÁRIO


2014-11-10


A MARCA QUE TEM O MEU NOME


2014-10-04


NEWS FROM VENICE


2014-09-08


A INCONSCIÊNCIA DE ZENO. MÁQUINAS DE SUBJECTIVIDADE NO SUPERSTUDIO*


2014-07-30


ENTREVISTA A JOSÉ ANTÓNIO PINTO


2014-06-17


ÍNDICES, LISTAGENS E DIAGRAMAS: the world is all there is the case


2014-05-15


FILME COMO ARQUITECTURA, ARQUITECTURA COMO AUTOBIOGRAFIA


2014-04-14


O MUNDO NA MÃO


2014-03-13


A CASA DA PORTA DO MAR


2014-02-13


O VERNACULAR CONTEMPORÂNEO


2014-01-07


PÓS-TRIENAL 2013 [RELAÇÕES INSTÁVEIS ENTRE EVENTOS, ARQUITECTURAS E CIDADES]


2013-11-12


UMA SUBTIL INTERFERÊNCIA: A MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO “FERNANDO TÁVORA: MODERNIDADE PERMANENTE” EM GUIMARÃES OU UMA EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA NUMA ESCOLA EM PLENO FUNCIONAMENTO


2013-09-24


DESIGN E DELITO


2013-08-12


“NADA MUDAR PARA QUE TUDO SEJA DIFERENTE”: CONVERSA COM BEYOND ENTROPY


2013-08-11


“CHANGING NOTHING SO THAT EVERYTHING IS DIFFERENT”: CONVERSATION WITH BEYOND ENTROPY


2013-07-04


CORTA MATO. Design industrial do ponto de vista do utilizador


2013-05-20


VÍTOR FIGUEIREDO: A MISÉRIA DO SUPÉRFLUO


2013-04-02


O DESIGNER SOCIAL


2013-03-11


DRESS SEXY AT MY FUNERAL: PARA QUE SERVE A BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA?


2013-02-08


O CONSUMIDOR EMANCIPADO


2013-01-08


SOBRE-QUALIFICAÇÃO E REBUSCO


2012-10-29


“REGIONALISM REDIVIVUS”: UM OUTRO OLHAR SOBRE UM TEMA PERSISTENTE


2012-10-08


LEVINA VALENTIM E JOAQUIM PAULO NOGUEIRA


2012-10-07


HOMENAGEM A ROBIN FIOR (1935-2012)


2012-09-08


A PROMESSA DA ARQUITECTURA. CONSIDERAÇÕES SOBRE A GERAÇÃO POR VIR


2012-07-01


ENTREVISTA | ANDRÉ TAVARES


2012-06-10


O DESIGN DA HISTÓRIA DO DESIGN


2012-05-07


O SER URBANO: UMA EXPOSIÇÃO COMO OBRA ABERTA. NO CAMINHO DOS CAMINHOS DE NUNO PORTAS


2012-04-05


UM OBJECTO DE RONAN E ERWAN BOUROULLEC


2012-03-05


DEZ ANOS DE NUDEZ


2012-02-13


ENCONTROS DE DESIGN DE LISBOA ::: DESIGN, CRISE E DEPOIS


2012-01-06


ARCHIZINES – QUAL O TAMANHO DA PEQUENÊS?


2011-12-02


STUDIO ASTOLFI


2011-11-01


TRAMA E EMOÇÃO – TRÊS DISCURSOS


2011-09-07


COMO COMPOR A CONTEMPLAÇÃO? – UMA HISTÓRIA SOBRE O PAVILHÃO TEMPORÁRIO DA SERPENTINE GALLERY E O PROCESSO CRIATIVO DE PETER ZUMTHOR


2011-07-18


EDUARDO SOUTO DE MOURA – PRITZKER 2011. UMA SISTEMATIZAÇÃO A PROPÓSITO DA VISITA DE JUHANI PALLASMAA


2011-06-03


JAHARA STUDIO


2011-05-05


FALEMOS DE 1 MILHÃO DE CASAS. NOTAS SOBRE O CONCURSO E EXPOSIÇÃO “A HOUSE IN LUANDA: PATIO AND PAVILLION”


2011-04-04


A PROPÓSITO DA CONFERÊNCIA “ARQUITECTURA [IN] ]OUT[ POLÍTICA”: UMA LEITURA DISCIPLINAR SOBRE A MEDIAÇÃO E A ESPECIFICIDADE


2011-03-09


HUGO MADUREIRA: O ARTISTA-JOALHEIRO


2011-02-07


O QUE MUDOU, O QUE NÃO MUDOU E O QUE PRECISA MUDAR


2011-01-11


nada


2010-12-02


PEQUENO ELOGIO DO ARCAICO


2010-11-02


CABRACEGA


2010-10-01


12ª BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA — “PEOPLE MEET IN ARCHITECTURE”


2010-08-02


ENTREVISTA | FILIPA GUERREIRO E TIAGO CORREIA


2010-07-09


ATYPYK PRODUCTS ARE NOT MADE IN CHINA


2010-06-03


OS PRÓXIMOS 20 ANOS. NOTAS SOBRE OS “DISCURSOS (RE)VISITADOS”


2010-05-07


OBJECTOS SEM MEDO


2010-04-01


O POTENCIAL TRANSFORMADOR DO EFÉMERO: A PROPÓSITO DO PAVILHÃO SERPENTINE EM LONDRES


2010-03-04


PEDRO + RITA = PEDRITA


2010-02-03


PARA UMA ARQUITECTURA SWISSPORT


2009-12-12


SOU FUJIMOTO


2009-11-10


THE HOME PROJECT


2009-10-01


ESTRATÉGIA PARA HABITAÇÃO EVOLUTIVA – ÍNDIA


2009-09-01


NA MANGA DE LIDIJA KOLOVRAT


2009-07-24


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR (Parte II)


2009-06-16


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR


2009-05-19


O QUE É QUE SE SEGUE?


2009-04-17


À MESA COM SAM BARON


2009-03-24


HISTÓRIAS DE UMA MALA


2009-02-18


NOTAS SOBRE PROJECTOS, ESPAÇOS, VIVÊNCIAS


2009-01-26


OUTONO ESCALDANTE OU LAPSO CRÍTICO? 90 DIAS DE DEBATE DE IDEIAS NA ARQUITECTURA PORTUENSE


2009-01-16


APRENDER COM A PASTELARIA SEMI-INDUSTRIAL PORTUGUESA OU PORQUE É QUE SÓ HÁ UMA RECEITA NO LIVRO FABRICO PRÓPRIO


2008-11-20


ÁLVARO SIZA E O BRASIL


2008-10-21


A FORMA BONITA – PETER ZUMTHOR EM LISBOA


2008-09-18


“DELIRIOUS NEW YORK” EXPLICADO ÀS CRIANÇAS


2008-08-15


A ROOM WITH A VIEW


2008-07-16


DEBATER CRIATIVAMENTE A CIDADE: A EXPERIÊNCIA PORTO REDUX


2008-06-17


FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA, DEFEITO E FEITIO


2008-05-14


A PROPÓSITO DA DEMOLIÇÃO DO ROBIN HOOD GARDENS


2008-04-08


INTERFACES URBANOS: O CASO DE MACAU


2008-03-01


AS CORES DA COR


2008-02-02


Notas sobre a produção arquitectónica portuguesa e sua cartografia na Architectural Association


2008-01-03


TARZANS OF THE MEDIA JUNGLE


2007-12-04


MÚSICA INTERIOR


2007-11-04


O CIRURGIÃO INGLÊS


2007-10-02


NÓS E OS CARROS


2007-09-01


Considerações sobre Tempo e Limite na produção e recepção da Arquitectura


2007-08-01


A SUBLIMAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE


2007-07-01


UMA MITOLOGIA DE CARNE E OSSO


2007-06-01


O LUGAR COMO ARMADILHA


2007-05-02


ESPAÇOS DE FILMAR


2007-04-02


ARTES DO ESPAÇO: ARQUITECTURA/CENOGRAFIA


2007-03-01


TERRAIN VAGUE – Notas de Investigação para uma Identidade


2007-02-02


ERRARE HUMANUM EST…


2007-01-02


QUANDO A CIDADE É TELA PARA ARTE CONTEMPORÂNEA


2006-12-02


ARQUITECTURA: ESPAÇO E RITUAL


2006-11-02


IN SUSTENTÁVEL ( I )


2006-10-01


VISÕES DO FUTURO - AS NOVAS CIDADES ASIÁTICAS


2006-09-03


NOTAS SOLTAS SOBRE ARQUITECTURA E TECNOLOGIA


2006-07-30


O BANAL E A ARQUITECTURA


2006-07-01


NOVAS MORFOLOGIAS NO PORTO INDUSTRIAL DE LISBOA


2006-06-02


SOBRE O ESPAÇO DE REPRESENTAÇÃO MODERNO


2006-04-27


MODOS DE “VER” O ESPAÇO - A PROPÓSITO DE MONTAGENS FOTOGRÁFICAS



ENTREVISTA A ANA CATARINA COSTA, FRANCISCO ASCENSÃO, JOÃO PAUPÉRIO E MARIA REBELO

AN ARCHAEOLOGY OF UTOPIA E MADALENA FOLGADO


 

 

 

 

Ana Catarina Costa, Francisco Ascensão, João Paupério e Maria Rebelo são arquitetos e os coordenadores da plataforma Uma Arqueologia da Utopia/ An Archaeology of Utopia (AU). Esta plataforma visa franquear registos que não apenas documentais dos bairros construídos no âmbito do Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), uma iniciativa levada a cabo pelo então Secretário de Estado da Habitação do 1º Governo Provisório do Pós 25 de Abril, Nuno Portas, com o objetivo de providenciar condições habitacionais às populações carenciadas dos grandes centros urbanos e periferias. Esta é uma plataforma em aberto; a sua proposta é permanecer em construção, através da contribuição das pessoas — todas as pessoas. Entre tantas possíveis inversões de sentido da palavra serviço — como esta entrevista aos coordenadores nos revela — AU está, desde já, ao serviço da possibilidade de rememorar um horizonte, em aberto, onde podemos viver juntos, que não fatalmente neoliberal. 


Por Madalena Folgado

 

>>>

 

MF: Na vossa opinião quais as principais razões para que o programa SAAL seja ainda do desconhecimento de tantos portugueses? Ou, colocada a questão de outro modo: Acreditam que continuar a investir na sua divulgação fora do país fará com que, como em outras situações no tocante à arquitetura portuguesa, percebamos o devido valor desta iniciativa, uma vez mais, através do olhar do Outro?

AU: Haverá sem dúvida várias razões para que a amplitude daquilo que foi o SAAL seja ainda do desconhecimento de tantos portugueses, tanto dentro como fora do campo da arquitectura, apesar da divulgação que tem vindo a ser feita nacional e internacionalmente: podemos referir o número da revista L’Architecture d’Aujourd’hui dedicado a Portugal logo em 1976, ou a exposição realizada sobre o SAAL em Serralves, em 2014, que esteve também em exibição no Centro Canadiano de Arquitectura. Em parte, a responsabilidade poderá ser do modo como esta divulgação foi sendo selectivamente recortada e tratada durante as últimas cinco décadas. Não nos interessa tanto estabelecer aqui uma genealogia dos motivos para que tal tenha acontecido. Mas convém não esquecer que o património do SAAL não é apenas arquitectónico e urbanístico, ou seja, de ordem material, mas é também fortemente ideológico. Diz respeito a um período histórico muito específico em que, como noutras regiões do planeta, se atravessava em Portugal um processo revolucionário de pendor socialista ou, no mínimo, anti-capitalista.

Com a viragem dos anos 70 para os anos 80 e a consolidação de um novo sistema organizado de ideias e práticas neoliberais que reconstruiu a economia política à escala global, desmantelando as construções de natureza colectiva das décadas anteriores, esse pendor foi-se invertendo e o contexto tanto objectivo como subjectivo que tornou possível o SAAL foi desaparecendo. Esse projecto para tornar o neoliberalismo uma forma de pensar e de viver hegemónica foi seguramente acompanhado pelo esforço em descredibilizar tudo o que remetesse para a possibilidade de outras formas de vida em comum. Os responsáveis pela construção dessa hegemonia (e pela destruição de tudo o que se lhe oponha) seguiram os seus principais ideólogos na crença de que havíamos alcançado o “fim da História” (Fukuyama) e que para esse zénite capitalista “não existe alternativa” (Tatcher). Ora, se uma das características desse capitalismo tardio é uma intensa especulação financeira em torno do sector imobiliário, o SAAL é uma história que não interessará relembrar. Quanto à sua divulgação fora do país, não sabemos se isso ajudará a revalorizar o processo dentro de fronteiras, mas no melhor dos casos talvez possa fazê-lo chegar a lugares do planeta onde o contexto social e político seja mais propício ao seu acolhimento. Afinal de contas, não esqueçamos que também o programa SAAL encontrou inspiração, à época, em experiências realizadas noutros países…

MF: Contemporizar o programa SAAL, segundo a vossa proposta, passa pela criação de uma plataforma online, intitulada Uma Arqueologia da Utopia / An Archaeology of Utopia. Muita da informação sobre o SAAL tem permanecido sob o domínio de investigação académica e/ou profissional, ocorre-me que de certo modo aquilo que pode parecer algo muito simples tenha na sua génese o mesmo sentido de Serviço das operações do Pós 25 de Abril. Poderiam comentar a partir das motivações que vos levaram a propor esta plataforma?

AU: É bastante interessante essa noção de Serviço, mas comecemos pelo princípio. As motivações para construirmos esta plataforma não serão exactamente as mesmas entre nós, mas partem sem dúvida de um encontro afortunado e de um interesse comum pelo SAAL. No caso da Ana Catarina, esta plataforma é, em certa medida, uma continuidade natural para o extenso trabalho de investigação que tem desenvolvido nos últimos anos e que enquadrou a tese de Doutoramento que defendeu recentemente. Para os restantes, o interesse foi aparecendo de forma mais espontânea e menos estruturada, nomeadamente a partir da descoberta dos bairros construídos em Quarteira e na Meia-Praia, no Algarve, e do interesse que fizeram despertar pela sua arquitectura, assim como pelo modo como existem e resistem actualmente nos meios mais ou menos urbanizados em que se encontram. Nalguns casos, há bairros que nunca foram devidamente estudados ou divulgados, mas que são impressionantes do ponto de vista da sua arquitectura e, em particular, do modo como essa arquitectura trabalha à escala do quarteirão, do bairro, e se propõe a “fazer cidade”, rompendo as fronteiras entre arquitectura e urbanismo. Isso faz com que, mesmo no caso de bairros que foram profundamente transformados, a estrutura original seja ainda legível e, num profundo sentido de conjunto, a sua arquitectura ainda hoje persista.

Ambas as experiências elevaram, em diferentes níveis de profundidade, a consciência sobre o desconhecimento que existe sobre o SAAL, tanto no que diz respeito à amplitude original do programa, como às diferentes evoluções e destinos dos 75 bairros que se construíram à época sob o seu desígnio. Aliás, a vida dos bairros, o modo como estes foram sendo transformados nas últimas décadas, tem adquirido bastante relevância no projecto e é uma questão que raramente se vê abordada em profundidade no domínio da investigação académica e/ou profissional. Nesse sentido, o caso da Meia-Praia é paradigmático e serve-nos para regressar então ao sentido de Serviço previamente referido. Efectivamente, se há algo que o SAAL demonstrou, independentemente das formas e das metodologias experimentadas e que devem hoje ser revistadas com um olhar crítico, foi a necessidade de algo que no domínio da habitação equivalesse ao Serviço Nacional de Saúde e permitisse cumprir, através da organização e resposta colectivas, aquela que é uma das mais importantes conquistas e heranças de Revolução de Abril: o direito a uma habitação digna, para todas e para todos. Essa é uma pré-condição indispensável para uma vida digna, mas a realidade é que ainda hoje não existe e os resultados estão à vista. Segundo dados recentes (de Julho de 2022), obtidos pelos levantamentos realizados no âmbito do programa 1º Direito, 185 municípios já identificaram 52.436 famílias a viver em situações de habitação indigna. Facilmente se imagina que este número será bastante inferior à realidade, se tivermos em conta que são 308 os municípios que constituem o território português. O estado de degradação material em que se encontra o bairro da Meia-Praia, assim como a incerteza quanto ao seu futuro, adquirem assim uma dimensão simbólica e demonstrativa da urgência em criar tal serviço. Infelizmente, e num momento em que organizações e partidos de esquerda discutem a relação entre uma habitação digna e a saúde pública, tudo isto é sintomático do estado em que nos encontramos. É tristemente irónico que não só não estejamos próximos da criação desse Serviço como, pelo contrário, esteja em curso uma delapidação planeada do Sistema Nacional de Saúde.

Se há um sentido para esta plataforma, esse poderá ser o de demonstrar que há efectivamente um sentido de Serviço público, que foi conquistado pela Revolução de Abril, mas que em várias áreas está cada vez mais em perigo e que é urgente reconquistar. Por outro lado, e para concluir, ao destacar as qualidades originais dos projectos, do modo como eles foram e continuam a ser construídos, estamos a assumir que uma importante conquista desse Serviço, tal como existiu durante o SAAL, foi a de procurar uma coincidência entre o Direito à Habitação e o Direito à Arquitectura, à Cidade. Afinal, uma casa digna não é só um tecto com quatro paredes. É a qualidade das relações que se estabelecem no seu interior, mas é também a possibilidade de expandir a casa para o exterior, rumo à construção de uma vida em comum. Não foi por acaso que em vários casos houve esforços (e nalguns bem-sucedidos) para incluir nos projectos dos bairros infra-estruturas colectivas, tais como escolas, infantários, bibliotecas… 

MF: Considero muito interessante no contexto do vosso exercício de curadoria a criação de diferentes tipos de ‘chaves’ para o entendimento das Operações SAAL, em particular, o trabalho de alguns artistas. Poderiam falar-nos um pouco sobre esses artistas e/ou obras?

AU: Quanto a essa questão, nunca foi o objectivo dar particular relevo às obras de arte produzidas sobre o SAAL. Como é referido, existirão na plataforma vários tipos de “chaves” – de carácter informativo, ensaístico, científico, artístico, etc. – que abrem perspectivas diversas sobre o processo, sobre a sua história e sobre o modo como ainda hoje esta continua a fazer-se. O principal objectivo, portanto, é fazê-las habitar num mesmo plano, sem particular hierarquia ou divisão tipológica, para que isso permita a quem a visita colocá-las em contacto, curto-circuitá-las e, eventualmente, estabelecer a partir daí novas perspectivas, como é o caso do trabalho de investigação fotográfica que está a ser desenvolvido pelo Francisco. Em última instância, o objectivo de todos esses materiais é despertar o interesse em visitar e re-visitar esses bairros e a sua história. Aliás, é talvez o momento para lembrar que estamos ainda muito no início do seu desenvolvimento e é suposto, porque foi concebida como tal, que esta seja uma plataforma aberta e em permanente construção. E, portanto, gostaríamos que as pessoas se venham a envolver e que tenham vontade de contribuir activamente para a sua evolução…

MF: Como é que vêem os processos de auto-construção — e não me refiro à evolução das tipologias previstas nos projetos originais —, i.e., o que é que temos a aprender, para o bem e para o mal, em termos do que pode ser a autoria do projeto de arquitetura, com quem habita os bairros SAAL?

AU: Por um lado, a questão da auto-construção é sempre ambígua, contraditória até. Essa forma de organização pode remeter para processos que sugerem a emancipação das populações em causa, mas pode também remeter para o seu contrário, ou seja, para uma condição de precariedade tanto nos meios como nos resultados. Ou, como consideravam algumas pessoas na altura, remeter para uma situação de “dupla exploração” dos moradores, que não deveriam ver-se obrigados a trabalhar uma segunda jornada para poder usufruir de uma casa e de uma vida dignas. Esse debate não é de agora, como nos demonstra a história do próprio processo. Aliás, à época foram adoptadas soluções diferentes que incluíam a auto-construção prevista por decreto, conforme se consideravam mais apropriadas às condições objectivas e subjectivas de cada organização de moradores.

Por outro lado, há este conjunto de novas camadas que os habitantes construíram gradualmente em vários bairros: desde simples ornamentos que foram sobrepostos aos projectos originais – de arquitectura tão despojada quanto económica – e que remetem para uma certa vontade de expressão pessoal e colectiva (sublinhamos colectiva, uma vez que muitos destes ornamentos evocam uma certa imagem da arquitectura popular, de carácter anónimo) às ampliações que foram sendo realizadas para responder a novas (ou velhas) necessidades, como, por exemplo, o crescimento da família ou a simples vontade de cobrir um espaço exterior para crescer uma cozinha ou conquistar uma lavandaria, ou ainda ao revestimento das casas com materiais que permitam uma melhor eficiência energética. Nalguns casos, sobretudo quando existe ainda uma forma de propriedade colectiva ou uma associação de moradores empenhada, essa transformação é feita em conjunto, ou seguindo princípios estabelecidos pela associação. Noutros casos, essas transformações vão sendo feitas mais caso a caso.

Contudo, em ambas as situações, talvez seja mais justo falar de auto-concepção do que propriamente de auto-construção, uma vez que se pode assumir que em muitos destes casos não terão sido os habitantes, com as suas próprias mãos, a construir essas modificações. Aí, sim, há um interesse particular da nossa parte em considerar que também estas transformações fazem parte do próprio processo. Ao fazê-lo, o objectivo não é o de formular um juízo negativo sobre essa espécie de arquitectura selvagem (numa referência ao “pensamento selvagem” de Lévi-Strauss), que para a maior parte dos arquitectos e arquitectas constitui imediatamente um desrespeito pela autoria e pelas qualidades do projecto original. Pelo contrário, essas transformações constituem uma espécie de lente a partir da qual podemos revisitar os projectos originais e reflectir criticamente sobre conceitos como o de autoria individual vs. colectiva, ou sobre as consequências (positivas ou negativas) e as potencialidades de entender o projecto enquanto “obra aberta” (Eco). Ou então, por exemplo, de voltar à reflexão sobre a necessidade de um Serviço que possa prestar, a esta vontade ou necessidade de transformar os bairros, um apoio não só de natureza económica como técnica.

MF: Falem-nos um pouco agora especificamente sobre a metáfora da arqueologia por vocês encontrada. 

AU: A metáfora da arqueologia acompanha-nos desde o momento em que formalizamos pela primeira vez o nosso interesse comum e tem algo que ver com o que acabamos de discutir na pergunta anterior. Na verdade, a noção de arqueologia faz referência a uma passagem de Walter Benjamin, que em “Escavar e Recordar” concluía que “um bom relatório arqueológico não tem apenas de mencionar os estratos em que foram encontrados os achados, mas sobretudo os outros, aqueles pelos quais o trabalho teve de passar antes.” Nesse sentido, e considerando o processo SAAL como algo que está ainda em curso nalguns lugares, a arqueologia diz respeito ao interesse metódico (ou até metodológico) por todas essas matérias e acontecimentos que precederam e sucederam os projectos de arquitectura realizados pelo SAAL durante a Revolução de 1974-75.

MF: Como nos estão a dar a conhecer, nada há de saudosista na vossa proposta, sinto antes, o retomar da continuidade desse desejo de continuar a viver em conjunto — tema da última Bienal de Arquitetura de Veneza — que todavia sempre encontrou, encontra e encontrará ao longo da nossa caminhada coletiva, agentes de corrupção nos contextos mais inesperados, e tantas vezes por “servidão voluntária” (La Boétie). Poderá o desenterrar desses extratos — ou um aprofundamento do SAAL — sob a luz do nosso presente, revelar-nos o quão, realmente, desejamos viver em conjunto, e que lutos (e não tanto lutas) teremos que voluntariamente fazer?

AU: Num contexto como o de hoje, em que se leva já algumas décadas de progressivo empobrecimento e desmantelamento das mais importantes conquistas da Revolução de Abril, como é o caso do SNS, talvez seja de facto importante fazer alguns lutos para poder levar a cabo com mais vigor as lutas fundamentais. Nesse sentido, o primeiro luto a fazer será precisamente o da Revolução de Abril e de algumas das conquistas que, entretanto, foram revertidas. Mesmo dentro da herança material que foi deixada pelo programa SAAL é possível compreender do que falamos quando falamos em reverter. Uma das importantes características que permitia uma governança mais democrática do processo e da vida dos bairros era a sua propriedade colectiva e, numa boa parte dos bairros, essa estrutura e esse regime de propriedade foi já transformado com a venda das casas. No fundo, é preciso reconhecer que esse que foi o maior salto em matéria de direitos sociais da história de Portugal está a sofrer uma morte lenta, isto se não quisermos reconhecer abertamente que, num certo sentido, a Revolução de Abril já morreu há muito.

Não é por acaso que alguns dos sectores mais avessos a essas conquistas defendem agora a celebração do dia que assinala precisamente o fim do processo revolucionário: 25 de Novembro. São precisamente esses os sectores empenhados em anular as conquistas alcançadas nesse período e que chegaram até nós, pelo menos numa versão abstracta plasmada na Constituição da República Portuguesa. Com expectativas comedidas, claro, desenterrar esses extractos pode servir para relembrar a ambição colectiva que o povo português já foi capaz de demonstrar num certo período da história e, por comparação, demonstrar que a defesa dos direitos conquistados na altura é uma espécie de programa mínimo. Mínimo, porque o programa desejável seria o de inverter o pêndulo e voltar a caminhar no sentido de retomar o caminho aberto pela Revolução para continuar a aprofundar esses direitos. Obviamente, esta é uma tarefa árdua, porque levamos já mais de quarenta décadas de delapidação desse sentimento de que outra vida em conjunto é possível. Um sentimento que animou a revolução a transformar a realidade material de um Portugal realmente empobrecido e que permitiu pôr em causa princípios hoje tidos como inabaláveis, tais como o da propriedade privada em detrimento da propriedade coletiva. Se dúvidas há sobre a importância desse sentido de possibilidade, bastará relembrar as palavras para relembrar as intenções de uma das principais adversárias: parafraseando Tatcher, a economia foi apenas o método, o objectivo foi transformar a alma. Terá sido precisamente essa estratégia “psicopolítica” (Byung-Chul Han) que voltou a encapsular as massas, agora estilhaçadas, em novas formas de “servidão voluntária”.

MF: Pensando um lugar real ou imaginário, do passado, presente ou futuro, onde é que mapeariam a 76ª Operação SAAL?

AU: Não temos bem a certeza sobre o sentido desta questão. No passado, a 76ª Operação SAAL poderia ter acontecido em qualquer um dos lugares onde os pedidos foram formalizados, as brigadas constituídas, os projectos realizados, mas onde o fim precoce da Revolução significou de igual forma o fim abrupto do processo. Para além disso, e ainda que muitas tenham efectivamente morrido com o fim do programa SAAL, houve um número considerável de operações que mais tarde deram origem à construção de bairros com base nessa mesma organização popular, seja sobre a forma de cooperativas (como o célebre bairro da Malagueira, por exemplo) ou de habitação camarária. Ainda hoje há populações que se organizam para lutar pelo direito a viver em lugares de onde foram desenraizadas. Olhe-se, por exemplo, para o caso dos moradores de São Vicente de Paulo, cá no Porto, que foram expulsos do bairro no mandato do presidente da câmara Rui Rio. 

No entanto, a existir no presente, esse lugar será seguramente imaginário. Isto é, só pode ter o sentido de um futuro que ainda está por construir. Isto porque, como vimos anteriormente, o SAAL aconteceu (e só pode acontecer) num contexto histórico muito específico, e que não temos aqui tempo para o descrever em detalhe, em toda a sua real complexidade. Como tal, o programa não teria condições para ser simplesmente retomado, nos mesmos termos, nos nossos dias. Isso parece-nos evidente. É preciso antes construir as condições políticas para que tal possa acontecer. Ou seja, e para concluir de outra forma, a Arquitectura não é capaz, por si, de fazer a Revolução; mas talvez só a Revolução seja capaz de criar condições para que se faça arquitectura de outro modo. 

 

:::

 

An Archaeology of Utopia é uma plataforma digital que pretende agregar registos documentais, artísticos e ensaísticos dos 75 bairros construídos durante o período revolucionário ao abrigo do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), e que resultaram do esforço intensivo e colectivo de um povo que reivindicou um direito fundamental: uma casa, um bairro e uma cidade dignos, para todas e para todos. Actualmente, é coordenada por Ana Catarina Costa, Francisco Ascensão, João Paupério e Maria Rebelo.

Ana Catarina Costa (1985), é arquitecta e investigadora do CEAU-FAUP (ATPH). Realizou o seu doutoramento sobre o Processo SAAL desenvolvido no Porto. O seu campo de investigação tem-se centrado em questões habitacionais e na relação entre arquitectura, cidade e política.

Francisco Ascensão nasceu no Porto (1991). Enquanto arquitecto, colabora com Nuno Brandão Costa e é autor de projectos próprios. Enquanto fotógrafo, desenvolve projectos pessoais e colabora com ateliers de arquitectura e instituições em projectos comerciais e editoriais.

João Paupério nasceu em Valongo (1992). Fundou o atelier local e é actualmente investigador no CEAU-FAUP [MDT]. Entre outras actividades e pessoas, escreve e projecta com Maria Rebelo desde 2014.

Maria Rebelo nasceu no Porto (1991). Fundou e trabalha actualmente como arquitecta no atelier local. Entre outras actividades e pessoas, escreve e projecta com João Paupério desde 2014.