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BIJOY JAIN, STUDIO MUMBAI
PEDRO CASTELO
Bijoy Jain é o arquitecto fundador do Studio Mumbai, um escritório de arquitectura com sede na Índia que tem alcançado nos últimos anos reconhecimento mundial com a construção de casas privadas impressionantemente situadas nas paisagens luxuriantes da Índia, numa prática desenvolvida por artesãos locais e arquitectos. A obra do Studio Mumbai evidencia uma grande atenção ao detalhe e uma ambição de atingir uma qualidade de construção elevada, trabalhando de perto com os recursos, produtores e artesãos locais. Esta preocupação tem sido entendida pelos agentes da arquitectura ocidentais como uma aproximação extremamente sensível à arquitectura. Representando uma mistura de um ideal ocidental de exotismo e sofisticação, o trabalho do Studio Mumbai empenha-se na elevação de uma sabedoria local profundamente ligada a uma cultura e economia de auto-construção. Este apelo aparece, segundo Mario Botta, na entrega do BSI – Swiss Architectural Award, num momento em que as forças da globalização são “mais vezes interpretadas como forma de estandardização do que oportunidade de interacção e enriquecimento”. As ideias e linguagem de Jain possuem um encanto próprio, quase como se de um guru se tratasse, usando palavras como fluidez, diálogo, mudança, tolerância, agilidade e participação. Outra prova deste encanto foi demonstrada perante um auditório cheio, na conferência que Bijoy Jain proferiu na segunda edição do ciclo Distância Crítica organizado pela Trienal de Arquitectura de Lisboa e que teve lugar no Centro Cultural de Belém no dia 14 de Abril. Nessa mesma tarde, Jain falou-nos do seu trabalho.
Londres, Maio de 2015
Pedro Castelo
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Entrevista a Bijoy Jain [1]
A sua prática profissional é bastante particular quando comparada com as práticas que tendencialmente encontramos nos nossos dias pelo mundo fora. Apesar deste carácter particular, é uma prática muito bem sucedida e reconhecida internacionalmente. Como é que isso tudo aconteceu?
BJ: Acho que se tratou mais de uma evolução do que uma ideia precisa ou de um grande plano. Tudo apareceu por uma questão de necessidade. A determinada altura, mudei-me para uma pequena cidade, não muito longe do sul de Mumbai. Tivemos de criar algumas habitações para nós próprios, bem como para alguns dos jovens arquitectos que então trabalhavam comigo. Algumas pessoas da comunidade local envolveram-se no projecto. Tudo começou com seis ou cinco pessoas, essencialmente pedreiros, um especialista em telhados. Tudo começou aí, pouco a pouco. Mas antes disso, imediatamente depois de ter voltado dos Estados Unidos, ou mesmo antes, enquanto ainda estava em Mumbai, eu trabalhava de uma maneira clássica, muito parecida com a maneira com a qual os arquitectos em geral tendem a trabalhar, isto é, elaborando desenhos técnicos, etc. Passei muito tempo a trabalhar assim, mas cedo descobri que ninguém realmente olhava para esses desenhos. Tem de se perceber que em Mumbai muitas das pessoas envolvidas na indústria da construção não sabe ler desenhos técnicos. De maneira que uma coisa levou à outra. Mas foi essa a minha intenção? De todo. Esse é o modo como eu gostaria de continuar a trabalhar? A resposta é não. Porque para mim o que é realmente importante é encontrar uma infra-estrutura empenhada numa ideia de interesse e cuidado por um bem ou ideal comum. No nosso escritório estávamos todos ligados pela ideia do que gostaríamos de produzir, com as habilitações ou habilidades que tínhamos, fossem elas muitas ou poucas. Portanto, o escritório cresceu daí. Para mim, o escritório funcionou como um centro de pesquisa, como um laboratório. Os trabalhos que tínhamos não eram muito grandes e isso permitiu-nos trabalhar nos projectos nós próprios. Foi a sequência lógica. E essa foi realmente a base a partir da qual o escritório emergiu tal como é hoje. É claro que agora somos um grupo muito mais pequeno, somos apenas vinte. De mais de duzentos reduzimos para vinte pessoas, mas ainda usamos o mesmo tipo de recursos locais.
Portanto, o escritório não começou com as duzentas pessoas, foi crescendo. Como angariou os primeiros colaboradores?
BJ: Aconteceu por passa-a-palavra, pelo tio ou pelo primo de alguém, ou por um amigo. Cresceu assim, de um modo natural.
E isso só aconteceu quando regressou à Índia?
BJ: Sim, quando regressei à Índia.
Mas, antes disso, já tinha um escritório em Londres. São contextos muito diferentes. Como aconteceu essa transição?
BJ: A maneira como eu trabalhava era muito semelhante em Londres e em Mumbai. Nos projectos iniciais achámos que não éramos capazes. Não que não fossemos capazes de o fazer, mas simplesmente achámos que as pessoas intermediárias não eram muito profissionais. Ou criavam mão-de-obra, ou eram elas a própria mão-de-obra.
Ou seja, não estava satisfeito com o papel dos intermediários.
BJ: Não, não estava satisfeito com o facto de existirem intermediários. Nessa altura éramos: eu, as pessoas que construíam, e o intermediário, que no final era quem acabava por consumir todo o dinheiro. E eu acabava enterrado com a responsabilidade sobre toda a gente. Não fazia sentido. Não que eu recusasse a responsabilidade. Mas, ao cortar caminho, eu conseguiria uma relação mais directa e mútua. Para além disso, tinha também a vantagem de assim ter a oportunidade de me envolver mais com o trabalho que eu estava a fazer e de assim conceber um trabalho que eu sabia poder ser feito. Porque, de uma maneira ou de outra, eu diria algo a uma pessoa que por sua vez diria a uma outra. E o modo como esta a interpretaria acabaria por não ser profissional. Especialmente quando muitas destas pessoas envolvidas não sabem nada sobre o acto de construir. Ou, a sabê-lo, apenas através da experiência alheia. Portanto, o que acontecia numa situação destas era a do conhecimento ser simplesmente transferido. Eu aprenderia contigo mas, caso eu aprendesse bem ou não, isso seria secundário. Uma pessoa saberia mais ou menos montar as coisas mas, saber de facto o porquê de as montar assim, era irrelevante. No final, tudo veio desta necessidade de me libertar disso tudo, e do facto de estar a ter de me responsabilizar por acções que não eram necessariamente as minhas.
De que maneira a experiência na Universidade de Washington influenciou o seu trabalho? Como é que transportou os seus tempos de escola para a sua prática?
BJ: A escola é uma fundação. A escola é como uma seta que te mostra as diferentes possibilidades e maneiras com que te podes aproximar da arquitectura. Eu ainda dirijo o meu escritório como os estúdios de uma universidade. A arquitectura é um processo de aprendizagem constante. Digo sempre que estou a treinar para vir a ser um arquitecto. Não é por se ter um diploma de arquitectura que se é arquitecto. O que significa ser-se arquitecto? A prática do desenho? A prática de se construir algo? A prática de se medir algo? A prática de se tirar fotografias? Tudo isto faz parte da prática de um arquitecto.
O que definiria como sendo os momentos chave da sua carreira? Quais foram as etapas mais marcantes que, de alguma maneira, o ajudaram a definir as suas ideias? Houve algum projecto ou exposição em particular que tenha sido fundamental para o seu trabalho?
BJ: Sim. Nesse sentido, a Bienal de Arquitectura de Veneza com a Sejima, em 2010, foi um limiar importante. Também anteriormente a isso tivemos uma instalação no museu Victoria & Albert em Londres. Portanto, houve um par de coisas que aconteceram nesse período. Mas isso foi mais do ponto de vista da exposição mediática, enquanto que os limiares ou avanços realmente importantes acontecem de projecto para projecto. Cada projecto é um limiar que uma pessoa atravessa. Eu acho que isso é muito importante em termos de prática. Não se trata somente de se abrir uma janela, ou uma porta, mas de facto de a atravessar e não se ficar preso ou limitado a um lugar. Portanto, e mais uma vez, esta ideia de limiar é muito importante para mim. É uma ideia que se traduz em investigação e pesquisa, na procura de métodos e meios específicos àquilo que fazemos e através daquilo que fazemos. Cada projecto é olhado de forma independente. A ideia principal talvez permaneça consistente através de todos eles, mas o processo de abordagem pode variar.
Em relação à exposição mediática, de que forma afectou o seu trabalho? Qual a sua importância?
BJ: Acho que trouxe sobretudo um novo entendimento ao que eu estava a fazer. Tive de examinar mais cuidadosamente o meu trabalho porque, por vezes, fazemos coisas sem saber muito bem porque razão as fazemos. Pessoalmente, acho que de vez em quando é melhor não saberes o porquê de as fazeres. Há uma certa ingenuidade, uma certa abertura e frescura nisso. Mas, ao mesmo tempo, também me parece importante perguntarmos o que é que cada um faz e porque razão o faz dessa forma. A exposição foi importante na medida em que levantou uma série de questões acerca da direcção daquilo que era pretendido, ou do que advinha desta ideia ou modo de trabalhar. Eu já sabia, nessa altura, na Bienal de Veneza, que não queria manter uma grande infra-estrutura. Tinha apenas de testar se éramos capazes de produzir este tipo de trabalho. É preciso perceber que na Índia, por vezes, operamos com uma baixa auto-estima. E não estou a dizer que este é sempre o caso. Mas somos em geral cépticos relativamente àquilo de que somos capazes. Estamos sempre a olhar para outros sítios e tentamos mimetizar isto ou aquilo. E eu simplesmente procurei os óptimos recursos, o potencial, a qualidade e o talento que estavam disponíveis ali. Para mim, a questão colocava-se em como controlar e usar tudo isso. Como pegar nisso? Como trazer isso para o trabalho?
Está portanto a dizer que a sua filosofia de trabalho emerge através destes momentos de limiar, que acontecem em cada projecto, como também através da exposição mediática, que de algum modo o forçam a reconectar-se retrospectivamente com o seu trabalho anterior. Mas qual é exactamente a filosofia que está por detrás desse trabalho? Quais as ideias principais que procura sempre alcançar?
BJ: Estou principalmente interessado nesta ideia de negociar o tempo, na capacidade de cada projecto absorver as forças de mudança e de as acomodar em cada esquema, não tanto enquanto uma posição de resistência, mas antes como uma posição de tolerância.
Gostaria também de falar sobre a questão da sustentabilidade, um tema recorrente a propósito do seu trabalho.
BJ: Sustentabilidade em que sentido?
Hoje em dia estamos perante duas escolas de pensamento opostas em relação ao modo de abordar a questão da sustentabilidade. A primeira, que por exemplo podemos encontrar em muita da arquitectura feita em Portugal e que entende a arquitectura como sendo intrinsecamente sustentável, pela sua durabilidade, ou pela sua eternidade.
BJ: Mas será que a arquitectura é eterna?
Bom, não necessariamente. Estava a referir-me ao acto de se conceber ou pensar a arquitectura como algo que perdura, usando menos recursos ao fazê-lo de uma determinada maneira. Isto em contraste com a atitude generalizada que se encontra actualmente de projectar para períodos de validade muito curtos. Claro que há certos climas que não levantam tantos problemas em relação a isolamentos térmicos e afins, mas estou a dispersar. Voltando àquilo que estava a tentar explicar, encontramos também uma atitude exactamente oposta e que confia plenamente na tecnologia. Uma posição em que se acredita ser sobretudo através da tecnologia que se pode reduzir o impacto ambiental a quase zero. Portanto, eu acho que estamos entre estas duas posições: uma que acredita na tecnologia como a única via de avançar e uma outra que usa recursos locais, os conhecimentos e talentos locais, tal como faz o Studio Mumbai — e aqui aparecem mais uma vez as semelhanças com certos aspectos da arquitectura portuguesa. Gostaria ainda de acrescentar a isto algo que li no Wall Street Journal, relativamente ao facto de ter de momento alguns projectos a decorrer em Espanha e na Suíça. Também soube que está a planear uma torre em Mumbai. Portanto, considerando aquilo que foi dito, gostaria de saber como lida com esta mudança de escala e localização.
BJ: Chamar-lhe-ia mais uma mudança de tamanho e não de escala, porque escala tem que ver com proporções. E as proporções são passíveis de serem transportadas por todas as dimensões. No entanto, percebo o que quer dizer com escala, no sentido de ser criada uma maior complexidade e de como se negoceia com tudo aquilo com que temos de lidar. Neste caso, um conjunto mais complexo de condições, por exemplo, com licenciamentos, autoridades locais, empresas, cooperações, mão-de-obra, recursos humanos, etc. Penso que a estratégia é a mesma, caso se tratem de cem metros quadrados ou de dez mil. No final, a estratégia estabelecida é a mesma. Estou sempre interessado nesta ideia de fluxo, de forças que estão sempre em mudança. Porque, desde o dia em que se concebe um projecto até ao momento em que este é construído, há tantas coisas que acontecem. Agora, como é que se antecipa e se acomoda no esquema essas forças que têm a capacidade para tolerar, absorver, de aguentar, de participar na acção de dar forma a um edifício?
Sim, isso em relação à ideia do projecto. E em termos da metodologia?
BJ: A torre, por exemplo, implica uma estrutura, uma armação. Existem empresas envolvidas. E nós trabalhamos com esse tipo de empresas. Mas, no que diz respeito ao modo como o edifício é habitado, tudo o que tem que ver com os aspectos da habitação — portas, janelas, fachada —, tudo isso é feito de dentro. Portanto, num determinado sentido, começamos por viver o edifício. Como temos uma armação estrutural, a ideia é a de sobrepor estes dois sistemas: um mais formalizado e um outro menos organizado, por exemplo, quando temos um grupo de pequenos empreendedores que se junta para prestar um determinado serviço.
Convocaria alguns dos seus colaboradores de Mumbai para Espanha, por exemplo?
BJ: Já não trabalho mais dessa forma. Mas sim, juntaria diferentes agentes.
De fora do escritório?
BJ: Sim. Não teria de ser de dentro do escritório. No entanto, o escritório ainda tenta ser uma espécie de laboratório de teste, ou um campo de treino. É o que eu chamo de um laboratório de pesquisa. A questão agora é de como aplicar isso externamente. Ou de como se podem usar os modelos que foram usados para desenvolver estas ideias, e de como se conseguem convocar outros grupos individuais para participar do mesmo modo.
Acha que os projectos, como o do Chile, vão levar o escritório para um outro sítio? Ou seja, sente que o escritório se encontra num período de transição?
BJ: O mais importante é operarmos num sistema que exista para nos guiar e não para nos dirigir ou ordenar. Estou interessado em trabalhar num sistema que participe, construtivamente, mas com abertura. Estou a falar disto de uma forma vaga. Eu lutei contra um sistema que é muito dogmático, porque nesse sistema já se sabe a priori o que o projecto vai ser. E eu não quero saber o que o meu projecto vai ser ainda antes de ter começado. Isto faz algum sentido?
Sim, está a falar do processo.
BJ: O processo é um instrumento que dá forma, mas quando eu digo processo, refiro-me ao momento em que se expõe uma ideia ao tempo (clima), e uso a palavra de um modo metafórico, ou poderia dizer também ao ambiente, ou ao meio. Seria óptimo se pudessemos permitir ao meio participar no acto de dar forma de modo que os obstáculos que vão aparecendo nos forcem a desenvolver uma agilidade e rapidez não muito diferentes das que se ganha numa arte marcial, ou da do boxer no ‘ring’, sempre em movimento para se esquivar às pugiladas. Isto com o único intuito de nos mantermos livres, e de que os valores essenciais do projecto se mantenham relativamente intactos. Ele talvez se transforme mas somente para encontrar a sua expressão. Este talvez seja um pequeno exemplo, mas é suficiente para ilustrar o que estou a dizer. Quando construímos a casa ‘Palmyra’ a minha ideia original era na verdade de a construir em betão, nunca foi concebida como uma casa em madeira. Eu queria que as paredes tivessem quatro polegadas de espessura, mas eu não sei como projectar em betão. Eu chamei um engenheiro e ele disse-me que tinha de as fazer pelo menos com nove polegadas de espessura. Ainda falei com mais duas pessoas mas acabei por encontrar os mesmos problemas. Portanto, tinha a escolha de, por um lado, continuar por essa via, de absorver e reconsiderar o esquema, ou então, e como o fiz, de ver o que poderia fazer com o que tinha. Comecei à procura. Os recursos que eu na altura tinha eram maioritariamente carpinteiros. Fazia sentido de usar madeira ao longo da costa por esta não ser corroida pelo sal do mar. Pensei que poderia funcionar bem. Para além de também envelhecer bem — existe um mito acerca desta ideia de que a madeira não aguenta com o sal do mar — mas olhamos para os barcos e embarcações, toda a indústria marítima... Tendo dito isto, eu tinha os recursos, tinhamos também exemplos de outras estruturas ao longo da paisagem que usavam parcialmente madeira e portanto eu fui capaz de estudar e de aprender com o que vi e realmente desenvolver o projecto inteiro através daquilo que era possível fazer.
Para terminar, qual o sentimento perante o estado em que a profissão se encontra nos dias que correm? Muitas pessoas têm uma visão pessimista. Qual é a sua?
BJ: Não sou pessimista. Acho que existe actualmente muito trabalho interessante a ser feito por todo o lado.
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NOTAS
[1] Entrevista realizada por Pedro Castelo a Bijoy Jain por ocasião da segunda conferência da segunda edição do ciclo Distância Crítica organizado pela Trienal de Arquitectura de Lisboa e que teve lugar no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no dia 14 de Abril de 2015. [http://www.trienaldelisboa.com/pt/#/intervalo/distancia_critica]
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Bijoy Jain
(Mumbai, 1965) Fundador do Studio Mumbai. Trabalha actualmente em Mumbai, na Índia, depois de ter trabalhado em Los Angeles e Londres entre 1989 e 1995. O trabalho do Studio Mumbai foi apresentado na 12ª Bienal de Arquitectura de Veneza, em 2010, e distinguido com o Prémio Global de Arquitectura Sustentável do Institut Français d’Architecture (2008), o BSI – Swiss Architectural Award e a Grande Médaille d'Or da Academie d'Architecture (França, 2014). Leccionou em Copenhaga e na Universidade de Yale, e é desde 2014 professor convidado na Escola de Arquitectura em Mendrísio.
Pedro Castelo
(Porto, 1976) Arquitecto e professor sediado em Londres. Licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (2000) e Mestre de História e Teoria da Arquitectura pela Architectural Association (2004). Professor convidado na University for the Creative Arts in Canterbury desde 2008. Candidato no programa de doutoramento do London Consortium.