Links

ARQUITETURA E DESIGN




Livros Dafne em Outubro de 2011. Fotografia: Manuel Granja.


Opúsculos, Dafne Editora, Porto, 2006-2011.


Sebentas de História de Arquitectura Moderna, Dafne Editora, Domingos Tavares.


Eduardo Souto de Moura. Atlas de Parede, Imagens de Método, Dafne Editora, Porto, 2011. Edição: André Tavares e Pedro Bandeira; textos de Philip Ursprung, Diogo Seixas Lopes e Pedro Bandeira.


Eduardo Souto de Moura. Atlas de Parede, Imagens de Método, Dafne Editora, Porto, 2011. Edição: André Tavares e Pedro Bandeira; textos de Philip Ursprung, Diogo Seixas Lopes e Pedro Bandeira.


Vida no Campo, Dafne Editora, Porto, 2012. Autor: Álvaro Domingues.


Vida no Campo, Dafne Editora, Porto, 2012. Autor: Álvaro Domingues.

Outros artigos:

2024-10-30


ENTRE O BANAL E O SINGULAR : UMA LEITURA DE LOOS, ROSSI E SIZA


2024-09-23


ATELIER RUA: O TRIUNFO DA SIMPLICIDADE QUE INSPIRA UMA GERAÇÃO


2024-08-22


ANA ARAGÃO E GONÇALO M. TAVARES: O EXERCÍCIO REPARADOR DA CIDADE


2024-07-14


SIZA: O SUJEITO ENTRE VERBOS, NA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN


2024-05-22


EXOUSIA — É POSSÍVEL, É PERMITIDO...MAS NÃO, NÃO PODE


2024-04-13


PÁDUA RAMOS: DA ARQUITETURA AO DESIGN


2024-02-26


NO LUGAR DE UMA JANELA, NASCEU UMA PORTA


2024-01-21


TERCEIRO ANDAR DE LUCIANA FINA OU DESTINAÇÃO (EST)ÉTICA


2023-11-02


A PROPÓSITO DE ONDE VAMOS MORAR? — CICLO DE CINEMA POR ANDY RECTOR


2023-09-11


CARTOGRAFIA DO HORIZONTE: DO TERRITÓRIO AOS LUGARES


2023-08-05


O ESTALEIRO, O LABORATÓRIO, A SUA CAIXA E O CAVALETE DELA


2023-06-01


UMA CIDADE CONSTRUÍDA PARA O CONSUMO: DA LÓGICA DO MERCADO À DISNEYFICAÇÃO DA CIDADE


2023-04-30


ESCUTAR, UMA VEZ MAIS, GRÂNDOLA — OPERAÇÃO SAAL DE VALE PEREIRO


2023-04-03


NOTAS SOBRE UM ARQUITECTO ARTIFICIALMENTE INTELIGENTE


2023-02-24


MUSEU DA PAISAGEM. AS POSSIBILIDADES INFINITAS DE LER E REINTERPRETAR O TERRITÓRIO


2023-01-30


A DIVERSIDADE NA HABITAÇÃO DAS CLASSES LABORIOSAS, OS HIGIENISTAS E O CASO DA GRAÇA


2022-12-29


HABITAR: UM MANIFESTO SECRETO


2022-11-23


JONAS AND THE WHOLE


2022-10-16


CASA PAISAGEM OU UM PRESÉPIO ABERTO


2022-09-08


ENTREVISTA A ANA CATARINA COSTA, FRANCISCO ASCENSÃO, JOÃO PAUPÉRIO E MARIA REBELO


2022-08-11


ENTREVISTA A JOSÉ VELOSO, ARQUITETO DA OPERAÇÃO SAAL DA MEIA-PRAIA


2022-07-11


TERRA, TRIENAL DE ARQUITETURA DE LISBOA 2022. ENTREVISTA A CRISTINA VERÍSSIMO E DIOGO BURNAY


2022-05-31


OH, AS CASAS, AS CASAS, AS CASAS...


2022-04-23


A VIAGEM ARQUITETÓNICA COMO ENCONTRO: DA (RE)DESCOBERTA À (DES)COBERTA DAS ORIGENS


2022-03-29


PODERÁ O PATRIMÓNIO SER EMANCIPATÓRIO?


2022-02-22


EM VÃO: FECHA-SE UMA PORTA PARA QUE UMA JANELA FENOMENOLÓGICA SE ABRA


2022-01-27


SOBRE A 'ESTÉTICA DO CONHECIMENTO': UMA LEITURA DA PEDAGOGIA DE BAUKUNST


2021-12-29


CALL FOR ARCHITECTS


2021-11-27


DE QUE ME SERVE SER ARQUITECTA?


2021-10-26


'OS CAMINHOS DA ÁGUA'


2021-09-30


A ARQUITETURA PORTUGUESA: O TRAJETO DO SÉCULO XX E DESAFIOS DO SÉCULO XXI


2021-08-22


CERAMISTAS E ILUSTRADORES: UMA RESIDÊNCIA EM VIANA DO ALENTEJO


2021-07-27


COMPREENSÃO DA CIDADE DO PORTO ATÉ AO SÉCULO XX


2021-06-20


O ANTECEDENTE CULTURAL DO PORTO NA TRANSIÇÃO PARA O SÉCULO XXI


2021-05-12


JOÃO NISA E AS 'PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UMA PAISAGEM'


2021-02-16


A ORDEM INVISÍVEL DA ARQUITECTURA


2021-01-10


SURENDER, SURENDER


2020-11-30


AS MULHERES NO PRIVATE PRESS MOVEMENT: ESCRITAS, LETRAS DE METAL E CHEIRO DE TINTA


2020-10-30


DES/CONSTRUÇÃO - OS ESPACIALISTAS EM PRO(EX)CESSO


2020-09-19


'A REALIDADE NÃO É UM DESENCANTO'


2020-08-07


FORA DA CIDADE. ARTE E LUGAR


2020-07-06


METROPOLIS, WORLD CITY & E.P.C.O.T. - AS VISÕES PARA A CIDADE PERFEITA IMAGINADAS POR GILLETTE, ANDERSEN E DISNEY


2020-06-08


DESCONFI(N)AR, O FUTURO DA ARQUITECTURA E DAS CIDADES


2020-04-13


UM PRESENTE AO FUTURO: MACAU – DIÁLOGOS SOBRE ARQUITETURA E SOCIEDADE


2020-03-01


R2/FABRICO SUSPENSO: ITINERÁRIOS DE TRABALHO


2019-12-05


PRÁTICAS PÓS-NOSTÁLGICAS / POST-NOSTALGIC KNOWINGS


2019-08-02


TEMPOS MODERNOS, CERÂMICA INDUSTRIAL PORTUGUESA ENTRE GUERRAS


2019-05-22


ATELIER FALA - ARQUITECTURA NA CASA DA CERCA


2019-01-21


VICARA: A ESTÉTICA DA NATUREZA


2018-11-06


PARTE II - FOZ VELHA E FOZ NOVA: PATRIMÓNIO CLASSIFICADO (OU NEM POR ISSO)


2018-09-28


PARTE I - PORTO ELEITO TRÊS VEZES O MELHOR DESTINO EUROPEU: PATRIMÓNIO AMEAÇADO PARA UNS, RENOVADO PARA OUTROS. PARA INGLÊS (NÃO) VER


2018-08-07


PAULO PARRA – “UMA TRAJECTÓRIA DE VIDA” NA GALERIA ROCA LISBON


2018-07-12


DEPOIS, A HISTÓRIA: GO HASEGAWA, KERSTEN GEERS, DAVID VAN SEVEREN


2018-05-29


NU LIMITE


2018-04-18


POLAROID


2018-03-18


VICO MAGISTRETTI NO DIA DO DESIGN ITALIANO


2018-02-10


GALERIA DE ARQUITETURA


2017-12-18


RHYTHM OF DISTANCES: PROPOSITIONS FOR THE REPETITION


2017-11-15


SHAPINGSHAPE NA BIENAL DA MAIA


2017-10-14


O TEATRO CARLOS ALBERTO DIALOGA COM A CIDADE: PELA MÃO DE NUNO LACERDA LOPES


2017-09-10


“VINTE E TRÊS”. AUSÊNCIAS E APARIÇÕES NUMA MOSTRA DE JOALHARIA IBEROAMERICANA PELA PIN ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA


2017-08-01


23 – JOALHARIA CONTEMPORÂNEA NA IBERO-AMÉRICA


2017-06-30


PASSAGENS DE SERRALVES PELO TERMINAL DE CRUZEIROS DO PORTO DE LEIXÕES


2017-05-30


EVERYTHING IN THE GARDEN IS ROSY: AS PERIFERIAS EM IMAGENS


2017-04-18


“ÁRVORE” (2002), UMA OBRA COM A AUTORIA EM SUSPENSO


2017-03-17


ÁLVARO SIZA : VISÕES DA ALHAMBRA


2017-02-14


“NÃO TOCAR”: O NOVO MUSEU DO DESIGN EM LONDRES


2017-01-17


MAXXI ROMA


2016-12-10


NOTAS SOBRE ESPAÇO E MOVIMENTO


2016-11-15


X BIAU EM SÃO PAULO: JOÃO LUÍS CARRILHO DA GRAÇA À CONVERSA COM PAULO MENDES DA ROCHA E EDUARDO SOUTO DE MOURA


2016-10-11


CENAS PARA UM NOVO PATRIMÓNIO


2016-08-31


DREAM OUT LOUD E O DESIGN SOCIAL NO STEDELIJK MUSEUM


2016-06-24


MATÉRIA-PRIMA. UM OLHAR SOBRE O ARQUIVO DE ÁLVARO SIZA


2016-05-28


NA PEGADA DE LE CORBUSIER


2016-04-29


O EFEITO BREUER – PARTE 2


2016-03-24


O EFEITO BREUER - PARTE 1


2016-02-16


GEORGE BEYLERIAN CELEBRA O DESIGN ITALIANO COM LANÇAMENTO DE “DESIGN MEMORABILIA”


2016-01-08


RESOLUÇÕES DE ANO NOVO PARA A ARQUITETURA E DESIGN EM 2016


2015-11-30


BITTE LEBN. POR FAVOR, VIVE.


2015-10-30


A FORMA IDEAL


2015-09-14


DOS FANTASMAS DE SERRALVES AO CLIENTE COMO ARQUITECTO


2015-08-01


“EXTRA ORDINARY” - JOVENS DESIGNERS EXPLORAM MATERIAIS, PRODUTOS E PROCESSOS


2015-06-25


PODE A TIPOGRAFIA AJUDAR-NOS A CRIAR EMPATIA COM OS OUTROS?


2015-05-20


BIJOY JAIN, STUDIO MUMBAI


2015-04-14


O FIM DA ARQUITECTURA


2015-03-12


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE II/II)


2015-02-11


TESOURO, MISTÉRIO OU MITO? A ESCOLA DO PORTO EM TRÊS EXPOSIÇÕES (PARTE I/II)


2015-01-11


ESPECTADOR


2014-12-09


ARQUITECTAS: ENSAIO PARA UM MANUAL REVOLUCIONÁRIO


2014-11-10


A MARCA QUE TEM O MEU NOME


2014-10-04


NEWS FROM VENICE


2014-09-08


A INCONSCIÊNCIA DE ZENO. MÁQUINAS DE SUBJECTIVIDADE NO SUPERSTUDIO*


2014-07-30


ENTREVISTA A JOSÉ ANTÓNIO PINTO


2014-06-17


ÍNDICES, LISTAGENS E DIAGRAMAS: the world is all there is the case


2014-05-15


FILME COMO ARQUITECTURA, ARQUITECTURA COMO AUTOBIOGRAFIA


2014-04-14


O MUNDO NA MÃO


2014-03-13


A CASA DA PORTA DO MAR


2014-02-13


O VERNACULAR CONTEMPORÂNEO


2014-01-07


PÓS-TRIENAL 2013 [RELAÇÕES INSTÁVEIS ENTRE EVENTOS, ARQUITECTURAS E CIDADES]


2013-11-12


UMA SUBTIL INTERFERÊNCIA: A MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO “FERNANDO TÁVORA: MODERNIDADE PERMANENTE” EM GUIMARÃES OU UMA EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA NUMA ESCOLA EM PLENO FUNCIONAMENTO


2013-09-24


DESIGN E DELITO


2013-08-12


“NADA MUDAR PARA QUE TUDO SEJA DIFERENTE”: CONVERSA COM BEYOND ENTROPY


2013-08-11


“CHANGING NOTHING SO THAT EVERYTHING IS DIFFERENT”: CONVERSATION WITH BEYOND ENTROPY


2013-07-04


CORTA MATO. Design industrial do ponto de vista do utilizador


2013-05-20


VÍTOR FIGUEIREDO: A MISÉRIA DO SUPÉRFLUO


2013-04-02


O DESIGNER SOCIAL


2013-03-11


DRESS SEXY AT MY FUNERAL: PARA QUE SERVE A BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA?


2013-02-08


O CONSUMIDOR EMANCIPADO


2013-01-08


SOBRE-QUALIFICAÇÃO E REBUSCO


2012-10-29


“REGIONALISM REDIVIVUS”: UM OUTRO OLHAR SOBRE UM TEMA PERSISTENTE


2012-10-08


LEVINA VALENTIM E JOAQUIM PAULO NOGUEIRA


2012-10-07


HOMENAGEM A ROBIN FIOR (1935-2012)


2012-09-08


A PROMESSA DA ARQUITECTURA. CONSIDERAÇÕES SOBRE A GERAÇÃO POR VIR


2012-06-10


O DESIGN DA HISTÓRIA DO DESIGN


2012-05-07


O SER URBANO: UMA EXPOSIÇÃO COMO OBRA ABERTA. NO CAMINHO DOS CAMINHOS DE NUNO PORTAS


2012-04-05


UM OBJECTO DE RONAN E ERWAN BOUROULLEC


2012-03-05


DEZ ANOS DE NUDEZ


2012-02-13


ENCONTROS DE DESIGN DE LISBOA ::: DESIGN, CRISE E DEPOIS


2012-01-06


ARCHIZINES – QUAL O TAMANHO DA PEQUENÊS?


2011-12-02


STUDIO ASTOLFI


2011-11-01


TRAMA E EMOÇÃO – TRÊS DISCURSOS


2011-09-07


COMO COMPOR A CONTEMPLAÇÃO? – UMA HISTÓRIA SOBRE O PAVILHÃO TEMPORÁRIO DA SERPENTINE GALLERY E O PROCESSO CRIATIVO DE PETER ZUMTHOR


2011-07-18


EDUARDO SOUTO DE MOURA – PRITZKER 2011. UMA SISTEMATIZAÇÃO A PROPÓSITO DA VISITA DE JUHANI PALLASMAA


2011-06-03


JAHARA STUDIO


2011-05-05


FALEMOS DE 1 MILHÃO DE CASAS. NOTAS SOBRE O CONCURSO E EXPOSIÇÃO “A HOUSE IN LUANDA: PATIO AND PAVILLION”


2011-04-04


A PROPÓSITO DA CONFERÊNCIA “ARQUITECTURA [IN] ]OUT[ POLÍTICA”: UMA LEITURA DISCIPLINAR SOBRE A MEDIAÇÃO E A ESPECIFICIDADE


2011-03-09


HUGO MADUREIRA: O ARTISTA-JOALHEIRO


2011-02-07


O QUE MUDOU, O QUE NÃO MUDOU E O QUE PRECISA MUDAR


2011-01-11


nada


2010-12-02


PEQUENO ELOGIO DO ARCAICO


2010-11-02


CABRACEGA


2010-10-01


12ª BIENAL DE ARQUITECTURA DE VENEZA — “PEOPLE MEET IN ARCHITECTURE”


2010-08-02


ENTREVISTA | FILIPA GUERREIRO E TIAGO CORREIA


2010-07-09


ATYPYK PRODUCTS ARE NOT MADE IN CHINA


2010-06-03


OS PRÓXIMOS 20 ANOS. NOTAS SOBRE OS “DISCURSOS (RE)VISITADOS”


2010-05-07


OBJECTOS SEM MEDO


2010-04-01


O POTENCIAL TRANSFORMADOR DO EFÉMERO: A PROPÓSITO DO PAVILHÃO SERPENTINE EM LONDRES


2010-03-04


PEDRO + RITA = PEDRITA


2010-02-03


PARA UMA ARQUITECTURA SWISSPORT


2009-12-12


SOU FUJIMOTO


2009-11-10


THE HOME PROJECT


2009-10-01


ESTRATÉGIA PARA HABITAÇÃO EVOLUTIVA – ÍNDIA


2009-09-01


NA MANGA DE LIDIJA KOLOVRAT


2009-07-24


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR (Parte II)


2009-06-16


DA HESITAÇÃO DE HANS, OU SOBRE O MEDO DE EXISTIR


2009-05-19


O QUE É QUE SE SEGUE?


2009-04-17


À MESA COM SAM BARON


2009-03-24


HISTÓRIAS DE UMA MALA


2009-02-18


NOTAS SOBRE PROJECTOS, ESPAÇOS, VIVÊNCIAS


2009-01-26


OUTONO ESCALDANTE OU LAPSO CRÍTICO? 90 DIAS DE DEBATE DE IDEIAS NA ARQUITECTURA PORTUENSE


2009-01-16


APRENDER COM A PASTELARIA SEMI-INDUSTRIAL PORTUGUESA OU PORQUE É QUE SÓ HÁ UMA RECEITA NO LIVRO FABRICO PRÓPRIO


2008-11-20


ÁLVARO SIZA E O BRASIL


2008-10-21


A FORMA BONITA – PETER ZUMTHOR EM LISBOA


2008-09-18


“DELIRIOUS NEW YORK” EXPLICADO ÀS CRIANÇAS


2008-08-15


A ROOM WITH A VIEW


2008-07-16


DEBATER CRIATIVAMENTE A CIDADE: A EXPERIÊNCIA PORTO REDUX


2008-06-17


FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA, DEFEITO E FEITIO


2008-05-14


A PROPÓSITO DA DEMOLIÇÃO DO ROBIN HOOD GARDENS


2008-04-08


INTERFACES URBANOS: O CASO DE MACAU


2008-03-01


AS CORES DA COR


2008-02-02


Notas sobre a produção arquitectónica portuguesa e sua cartografia na Architectural Association


2008-01-03


TARZANS OF THE MEDIA JUNGLE


2007-12-04


MÚSICA INTERIOR


2007-11-04


O CIRURGIÃO INGLÊS


2007-10-02


NÓS E OS CARROS


2007-09-01


Considerações sobre Tempo e Limite na produção e recepção da Arquitectura


2007-08-01


A SUBLIMAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE


2007-07-01


UMA MITOLOGIA DE CARNE E OSSO


2007-06-01


O LUGAR COMO ARMADILHA


2007-05-02


ESPAÇOS DE FILMAR


2007-04-02


ARTES DO ESPAÇO: ARQUITECTURA/CENOGRAFIA


2007-03-01


TERRAIN VAGUE – Notas de Investigação para uma Identidade


2007-02-02


ERRARE HUMANUM EST…


2007-01-02


QUANDO A CIDADE É TELA PARA ARTE CONTEMPORÂNEA


2006-12-02


ARQUITECTURA: ESPAÇO E RITUAL


2006-11-02


IN SUSTENTÁVEL ( I )


2006-10-01


VISÕES DO FUTURO - AS NOVAS CIDADES ASIÁTICAS


2006-09-03


NOTAS SOLTAS SOBRE ARQUITECTURA E TECNOLOGIA


2006-07-30


O BANAL E A ARQUITECTURA


2006-07-01


NOVAS MORFOLOGIAS NO PORTO INDUSTRIAL DE LISBOA


2006-06-02


SOBRE O ESPAÇO DE REPRESENTAÇÃO MODERNO


2006-04-27


MODOS DE “VER” O ESPAÇO - A PROPÓSITO DE MONTAGENS FOTOGRÁFICAS



ENTREVISTA | ANDRÉ TAVARES

ANA LAUREANO ALVES


André Tavares é um nome incontornável no contexto arquitectónico português. É o coordenador editorial da Dafne Editora — editora que representa uma lufada de ar fresco no panorama nacional, apresentando um conjunto alargado de autores e de temas fundamentais em torno da arquitectura. Paralelamente à edição, é também autor, historiador, crítico e moderador, numa intensa actividade de promoção do diálogo de arquitectura, com uma perspectiva sempre comprometida com a realidade e o contexto actual que nos rodeia. Com isto se entende que André Tavares é a personagem indicada para com ele entender o panorama actual da edição e da reflexão no contexto da cultura arquitectónica em Portugal.

Graz, Junho de 2012
Ana Laureano Alves


::::

Entrevista a André Tavares [1]

A Dafne Editora surgiu enquanto vontade de colmatar uma lacuna no contexto editorial português: a inexistência de publicações em português sobre cultura arquitectónica. Quais foram os primeiros projectos e ambições da Dafne?

AT: O que te faz afirmar isso? Não creio ser justo dizer que não existissem publicações portuguesas sobre cultura arquitectónica. Havia e há. Em 2003, quando a Dafne começou a publicar, as edições da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto conduzidas pelo arquitecto Manuel Mendes eram uma referência notável, sob a forma de livros, muitos e bem feitos, que demonstravam que não só era possível publicar como essa publicação poderia ter efeitos.

A Dafne nunca teve como ambição “colmatar lacunas”. A Dafne foi montada pelo meu pai, Domingos Tavares, em 2003, para publicar sob a forma de livro o trabalho que ao longo de muitos anos estava a desenvolver como professor de História da Arquitectura. Não havia naquele momento, nem há agora, essa ambição messiânica de colmatar lacunas. Em Portugal, estaríamos completamente desgraçados se tivéssemos essa pretensão. Seria como tentar navegar hoje numa nau sem manutenção desde a última viagem. Ou seja, creio serem mais as lacunas do que a superfície em bom estado.

Estava a dizer que a Dafne começou por publicar as aulas do meu pai e tivemos uma receptividade e sucesso relativamente inesperados; não clamorosos (o silêncio da crítica foi estridente), não comerciais (vender livros tem sido um quebra-cabeças), mas percebemos que havia e há um acolhimento e simpatia muito generosos relativamente ao que estávamos a publicar. E assim temos vindo a ampliar esse objectivo inicial. Hoje, as Sebentas de História da Arquitectura Moderna (www.dafne.com.pt/catalogo.php?sub=1) continuam a ser a espinha dorsal da Dafne, mas têm a companhia de outras aproximações, outras leituras, outros amigos.

Lendo as explicações de cada linha editorial, percebemos que há imensa margem de manobra, quer nas Equações de Arquitectura quer nos Opúsculos. Quais são os critérios para a selecção/convite e escolha de cada autor/livro a publicar? Como funciona esse processo?

AT: É um processo muito simples e simultaneamente muito complicado. É simples porque temos independência suficiente para publicarmos “só aquilo de que gostamos”, mas é complicado porque só faz sentido publicarmos aquilo em que acreditamos poder fazer ressonância com os nossos leitores. E há um terceiro factor, ainda mais complicado, que é encontrar mecanismos de financiamento das edições e que, finalmente, é um factor fundamental. Mas vamos por partes.

Os Opúsculos (www.dafne.com.pt/catalog3.php?sub=3) eram publicações essencialmente on-line — a versão impressa era muito limitada e dedicada a servir de arquivo físico em bibliotecas — e, sobretudo, eram peças pequenas. Ou seja, a produção era bastante económica para não estar refém dos custos de impressão e distribuição. Isso permitia trabalhar com uma certa independência, encontrar autores que não teriam de estar caucionados pelo mítico “mercado”, explorar caminhos que queríamos descobrir como formas para montar argumentos e articular conteúdos. Porque tinha custos de produção muito baixos podíamos fazer isso descontraidamente, ao ritmo dos nossos interesses e disponibilidades.

O custo maior era a minha carolice para editar textos que nem sempre eram legíveis à partida, para conseguir com os autores organizar conteúdos e ideias de um modo inicialmente não previsto, etc. Esse era, e é, um custo de tempo e de envolvimento. Afinal, creio que é o custo desse envolvimento editorial que acaba por ditar as escolhas. Como na Dafne não conseguimos fazer dinheiro para ganhar a vida a trabalhar como editores, esse trabalho tem mesmo de valer a pena, tem de ser imprescindível e ser entendido como tal, pelo menos para mim, que o faço.

Ou seja, ao editar um livro tenho de sentir que está a valer mais a pena queimar as pestanas à frente do computador do que estar na praia a apanhar sol. Normalmente, não é isso que penso durante a construção do livro, mas no final é. Compreendo a minha palidez pela satisfação ou alcance que acredito que os livros possam vir a criar. É esse o critério fundamental: tem de valer a pena. Se não para os leitores ou autores, pelo menos para mim. Às vezes custa a acreditar, mas é aquele amor indescritível ilustrado no livro do Ray Bradbury, Fahrenheit 451, aquilo que leva a Julie Christie a preferir refugiar-se nos bosques como guardiã de um saber ameaçado. Mas não se confunda isto com sacrifício, não tem nada a ver com isso. Todos sabemos que é muito melhor viver nos bosques do que ser bombeiro.

Os Opúsculos parecem-nos, de certa forma, um manifesto da própria Dafne. Concordas? Qual o balanço que fazes, depois do seu vigésimo sexto número? É possível, como se propunham no texto de apresentação da série, entender “valores comuns? Ou se, pelo contrário, [é] impossível encontrar linhas de coerência entre diferentes autores?”

AT: Um manifesto? Sim, talvez. A própria Dafne é um manifesto de si própria? Ou não?

Tens razão. Só que falaria no passado. Os Opúsculos acabaram, fecharam. Tentámos vagamente fazer esse balanço, mas ele não se fez. A crítica não reagiu de nenhum modo aos Opúsculos. Houve muitas manifestações de apoio, houve comentários simpáticos e antipáticos em blogues. (Lembro-me de atribuírem a um autor o epíteto de escarreta divina... e ficarmos contentes. É verdade que não é um nome muito lisonjeiro, mas sentimos — eu e o visado — que o que publicámos não causou indiferença.) Mas, a partir de certo momento, senti que os Opúsculos estavam a perder a receptividade que chegaram a ter. Menos leitores e sobretudo leitores mais acomodados, como se receber aqueles textos fosse um facto consumado. E também estavam a aparecer outras plataformas de publicação que não existiam quando começámos (esta mesmo, a Artecapital, foi uma delas). No início, tínhamos essa ambição de fazer um balanço, de experimentar a ver o que dava. O ciclo encerrou-se porque sentimos que esse balanço podia ser feito, que havia condições e matéria suficiente para o fazer. Mas ninguém fez esse esforço e, confesso, eu senti-me demasiado envolvido no processo para o poder fazer.

Creio que deve ser possível encontrar essas linhas sem grande dificuldade. Isso faz-me pensar na tua outra pergunta, que critérios para escolher autores? Os Opúsculos serviam também como plataforma de teste para autores que se apresentavam, por iniciativa própria, para publicar livros — e que muitas vezes convencíamos a fazer emagrecer para produzir um Opúsculo — ou para publicar textos. Em geral, íamos dizendo que sim, acolhendo as propostas. Mas recusámos várias e algumas até foram recusas dolorosas, porque os textos eram competentes. Mas não era isso que queríamos publicar. Queríamos demonstrar que existiam mais formas de pensar a arquitectura para lá de citar autores eruditos. Por isso, por ter havido escolha, imagino que haja alguma coerência. Quem sabe se alguém, algum dia, se irá ocupar de desvendar esse grande mistério.

Uma das aventuras mais recentes foi a edição do livro Eduardo Souto de Moura: Atlas de Parede, Imagens de método. Como surgiu a ideia deste livro e porquê a decisão de criar uma nova linha editorial Fora de Série? Como foi este livro acolhido pelos leitores — tendo em conta também a notoriedade do autor e o recente Pritzker?

AT: São três perguntas diferentes. A colecção Fora de Série foi imaginada antes do Atlas de Parede (www.dafne.com.pt/catalogo2.php?menu=3&id=42), para um livro que ainda não foi publicado. Basicamente correspondia à necessidade de usar um formato diferente do nosso habitual 15,0 x 22,5cm. Esse outro formato dá-nos mais espaço de página e permite fazer livros capazes de articular melhor vários géneros de conteúdos. Foi por isso que começámos a magicar essa colecção, literalmente fora-de-série na medida em que seriam livros produzidos à margem das séries gerais da Dafne. E como as séries já eram por si bastante elásticas na gestão dos conteúdos, como já fizeste referência para as Equações ou Opúsculos, o sentido fora-de-série era um sentido de formato, portanto, não temático.

O livro Atlas de Parede partiu de uma ideia do Pedro Bandeira e da generosidade do Eduardo Souto de Moura relativamente à nossa curiosidade. Quando começámos a perceber que livro é que aquela ideia poderia produzir, pareceu-nos que o formato maior poderia dar melhores resultados. Creio que sim, que esse uso foi positivo. Poderia falar dos conteúdos do livro, mas aproveito para salientar outro aspecto editorial que pode fazer mais sentido para esta conversa, que é o aspecto da internacionalização. Esse aspecto editorial afectou logo à partida o modo como organizámos os conteúdos do livro. Ao fazer um livro com o Eduardo Souto de Moura (e o Pritzker apanhou-nos a meio caminho, já estava o livro bastante avançado) sabíamos que iríamos ter um público e um interesse mais amplo, o que era uma boa oportunidade para ensaiar esse passo fora do contexto português. Fizemos o livro em inglês logo à partida, traduzindo-o para português. Só que a edição e distribuição em inglês é um negócio complexo e, por razões várias, optámos por editar só em português.

Digo isto para introduzir a resposta à terceira pergunta, a recepção crítica do livro. Como seria expectável, a personalidade mediática e a eventual estranheza do livro geraram, no momento do lançamento, um interesse alargado pela divulgação da então “novidade” editorial. O jornal Público fez uma cobertura bastante cuidadosa do lançamento e ficámos muito surpreendidos e orgulhosos por ter honras de destaque no jornal A Bola (www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=303058). A Trienal de Arquitectura deu-nos um apoio fundamental e generoso na apresentação em Lisboa, enfim, tudo correu às mil maravilhas.

Recebemos muitos comentários simpáticos e calorosos e, mais até do que é habitual, sentimos reacções positivas dos leitores. Alguns surpreendidos pela abordagem, outros entusiasmados pela qualidade dos textos, outros esfuziados pela qualidade visual do objecto e, coisa rara, vários surpreendidos pelo preço razoável tendo em conta a qualidade luxuosa do livro. Entretanto, tenho conhecimento de três críticas publicadas. Finalmente, eu diria, porque é tão raro haver crítica. A primeira a aparecer foi escrita pela Vera Sacchetti e publicada na Domus (www.domusweb.it/en/book-review/souto-de-moura-atlas-de-parede), onde se nota o fascínio gerado pelo modo como o livro manipula e constrói um universo visual rico e específico, e se acusa o esforço da escrita de pôr ponto final nessa rêverie visual. A segunda crítica foi publicada pelo Ricardo Carvalho no Ipsílon e o livro teve honras de 5 estrelas. Nessa crítica sugere-se ser escusado ler os textos para compreender o livro (coisa já apontada na primeira) e digere-se o livro como se não fosse nada mais do que a constatação do óbvio, sendo o óbvio, digo eu, o universo que o próprio livro se esforçou por tornar acessível e, para isso ser possível, fornecer chaves de leitura. O que me impressionou naquela crítica, e sobretudo na terceira, publicada pelo Luís Urbano no Jornal Arquitectos, foi servirem-se da construção que o livro encerra para construírem o seu argumento e, no final, dizerem que o livro não faz mais do que dizer o que já está dito. O texto do Luís Urbano é radical nesse aspecto: gasta metade do espaço a demonstrar a erudição do crítico — com notas de rodapé e tudo — e só a partir de metade do texto é que finalmente descreve e procura entender, apressadamente, o conteúdo do livro. Mas o leitor da crítica, se não tem o livro à frente, corre o risco de não se dar conta que a erudição introdutória é um apanhado rápido dos conteúdos dos textos que, afinal, segundo o crítico, nem são assim tão relevantes. Ou seja, para a crítica portuguesa, o livro parece não ter grande interesse nem trazer nada de particularmente novo.

Felizmente não vivemos da crítica nem para a crítica. Estava antes a falar-te da questão do inglês, de desde o início termos imaginado o livro em inglês e o ter dirigido para esse universo editorial, que é bastante mais complexo do que o local. E a melhor crítica que tivemos foi o facto de uma das mais prestigiadas editoras de arquitectura e design num plano internacional, a Lars Müller, ter acolhido o livro com entusiasmo e estar a preparar a sua publicação em inglês para o próximo Outono (www.lars-mueller-publishers.com/en/catalogue-architecture/floating-images). E isso, naturalmente, deixou-nos muito felizes (e ajudou a pagar a despesa). Para além disso, significa para nós um passo bastante relevante para conseguirmos alargar o nosso campo de trabalho e recepção.

Outro autor notável e responsável por um dos livros com maior sucesso de vendas é, sem dúvida, o geógrafo Álvaro Domingues. A segunda investida, Vida no Campo, já se comprovou outro sucesso, com a recolha de subscritores como suporte da publicação. Como explicas este aumento de leitores destas publicações específicas?

AT: Por serem livros excelentes! Claro! [risos]

Os livros do Álvaro Domingues não são livros de arquitectura no sentido puro e duro do termo. Dirigem-se a um assunto que nos toca a todos: a transformação e as hesitações da cultura portuguesa. Os livros — e as outras formas de comunicação que o Álvaro Domingues tem, incansavelmente, vindo a experimentar e a adoptar — pegam “o touro pelos cornos”, falam de coisas que temos dificuldade em entender e, sobretudo, falam disso de uma maneira directa, acessível e intrigante. Obviamente, as fotografias têm um peso fundamental, jogam no fio da navalha entre o registo sarcástico do “Portugal no seu melhor” e um olhar generoso e disponível para compreender essa realidade, não com sarcasmo mas com a bonomia e simpatia fundamental para estabelecer uma conversa, um diálogo.

O facto de serem livros capazes de cativar um público mais vasto do que o público interessado pela arquitectura é fundamental. Primeiro, porque geram reacção crítica, ao contrário dos livros de arquitectura que geram sobretudo silêncio. Depois, porque essa reacção motiva conversa, dúvidas, diálogos, controvérsias. A ambiguidade irónica que a forma de escrever e pensar do Álvaro Domingues despoleta faz-nos sentir vivos e olhar para as coisas de forma diferente. E isso é impagável. Creio que quem pega nos livros, ou quem conversa com ele, sente isso de uma forma imediata (naturalmente uns mais, outros menos, outros haverá que não suportam). Essa reacção faz com que o livro não fique esquecido numa estante e circule. E, ao circular, mais leitores têm hipótese de o encontrar e assim sucessivamente. O sucesso de um livro tende a crescer exponencialmente e os livros do Álvaro têm vindo a gozar dessa qualidade matemática.

Dentro da tua experiência — com a Dafne, mas também com os outros projectos que desenvolveste paralelamente — como desenhas a evolução e o panorama actual da cultura arquitectónica (reflexiva) portuguesa?

AT: Isso é um desenho complexo e não decorre da minha experiência específica. Não sei se consigo fazer um esquiço em forma de resposta rápida.

Panorama? Há um fundo, montanhoso, cheio de irregularidades, picos e glaciares, momentos altos e momentos baixos. Esse fundo está bastante consolidado em torno de algumas (poucas) figuras que controlam posições de poder (jornais, revistas, universidades, órgãos profissionais, comissões políticas). Em si são relativamente homogéneos na promoção de uma cultura de autor, uma visão culturalista da arquitectura em que Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura são os expoentes máximos. Podemos encontrar diferenças nessa homogeneidade, mas no fundo estão todos de acordo, são todos amigos — e meus amigos também.

Depois há alguns epifenómenos. Mas, como bons epifenómenos, não têm grande consequência no contexto geral.

O que caracteriza essa massa montanhosa é, na minha opinião, a auto-referenciação e a celebração da especificidade local. Essa característica, também, contribui de forma dramática para o imobilismo. Obviamente, as flores crescem na Primavera e a neve cai no Inverno, nem seria de esperar outra coisa. Mas parece-me que assim não se vai longe.

Creio que falar do panorama da cultura arquitectónica portuguesa exigiria uma análise mais cuidada. Identificar e entender como funcionam os centros onde se produz essa cultura, a relação dessa cultura que dizes reflexiva com a prática profissional, os desafios aos quais se deve apresentar combativa, os recursos intelectuais e institucionais de que dispõe, com quem se compara, etc. Isso não cabe no contexto de uma conversa sobre as práticas editoriais da Dafne.

Paralelamente ao teu trabalho enquanto editor da Dafne, estás frequentemente envolvido nos mais variados eventos ligados à cultura arquitectónica. Que temas te preocupam actualmente?

AT: A mim preocupa-me o cenário desastroso da nossa cultura, cenário que se compreende melhor nas actuações e afirmações dos políticos. (Isto não tem nada a ver com aquilo que agora se chamam práticas culturais. Digo cultura no sentido lato de cultura, entendo a forma como optamos por atravessar a rua como uma forma de cultura, a política é, talvez, o expoente máximo da cultura.) Confesso que tenho dificuldade em acreditar ser possível acumular tanta estupidez junta e isso preocupa-me. E preocupa-me porque, como sempre, continuamos a viver e a lutar no meio desse cenário. Se nos afastarmos ligeiramente e olharmos para nós próprios, vemos que fazemos parte dessa estupidez generalizada. É isso que me preocupa, ser – ou parecer — estúpido.

Na arquitectura em particular e na minha prática quotidiana é isso o que me preocupa mais, mas não tenho encontrado plataformas nem circunstâncias para pensar ou agir sobre isso, particularmente em contextos públicos ou com reflexos numa partilha cultural mais alargada.

Ou seja, neste momento estou a trabalhar sobre a relação entre os arquitectos e os livros, na passagem do século XIX para o século XX. É um tema maravilhoso, farto-me de comer pó nas bibliotecas e de sonhar com a praia. E posso eventualmente construir um cenário em que entendo essa prática de publicação como um veículo de comunicação e mediação entre os arquitectos e o seu meio social, compreendendo como é que o campo social alargado actua sobre as práticas disciplinares e profissionais restritas. Por exemplo, como é que a cromolitografia — uma técnica que se desenvolveu bastante na primeira metade do século XIX e cuja principal característica era permitir imprimir ilustrações com cores extraordinárias — teve um impacto impressionante no debate arquitectónico, especificamente no debate em torno da policromia na arquitectura grega. E posso a partir daí entender como é que a cor transformou a paisagem urbana no século XIX. E não é apenas uma questão tecnológica, ou seja, não se trata de dizer que a cromolitografia mudou a cor da arquitectura. É uma questão mais complexa, onde se entende o impacto económico da distribuição do livro como factor fundamental para a produção do discurso arquitectónico. No século XIX com a industrialização, apareceram novos actores nas profissões ligadas à edição que transformaram — por razões económicas e não tecnológicas — as formas de produção do livro e também da arquitectura. Essa transformação teve efeitos na construção do discurso dos arquitectos e, naturalmente, teve efeito na construção das nossas cidades e edifícios.

Mas posso dizer-te que isto não tem lá grande interesse, ou pelo menos não me parece que combata directamente a estupidez em que estamos mergulhados. Foi o tema para o qual consegui obter um financiamento que me permite viver. Não estou particularmente preocupado com a história do livro no século XIX.

Como crês que o prémio Pritzker de Eduardo Souto de Moura (a somar ao de Álvaro Siza) influenciou a arquitectura portuguesa em geral? Teve algum impacto, do ponto de vista da divulgação a nível internacional; reconhecimento dos arquitectos ou promoção da encomenda a nível nacional, por exemplo?

AT: Não sei. Não me parece que esteja a ter grande impacto. Em 1991, a atribuição do prémio ao Álvaro Siza teve um impacto fundamental e francamente positivo. Em 2011, a atribuição do prémio ao Eduardo Souto de Moura foi uma surpresa excelente. Fez gaguejar muitos dos seus detractores que achavam que a qualidade da sua obra era uma construção suportada por uma suposta máquina mediática. Obviamente, o prémio enalteceu o nosso ego, uma vez que partilhamos o mesmo espaço cultural. Mas não creio que tenha sido fundamental para ele aceder a mais e melhor encomenda internacional (terá de ser o próprio a responder a isso) nem me parece fundamental para o reconhecimento local da profissão.

Apesar disso, creio que é fundamental reinventar o papel social e profissional do arquitecto em Portugal. Isso será crucial para conseguirmos aproveitar os bons recursos que temos (dos quais os nossos admirados Pritzker’s fazem parte) e que estamos a desperdiçar de uma forma grotescamente exemplar. Os prémios são bons, sem dúvida, mas podem e parece-me que estão a ter um efeito narcótico, em vez de estimulante. No fundo, parecem fazer crer que tudo está bem, que não é preciso reinventar nada. A culpa não é dos prémios, nem dos premiados. Creio que a culpa é da tal estupidez de que falava há pouco e que cada vez mais se apropria de tudo.

Assistimos a um cenário de aparente intensa actividade cultural — com a proliferação de eventos, publicações de inúmeras revistas de arquitectura, cursos, palestras, etc. Já te referiste a uma situação destas anteriormente, com o texto “Outubro Escaldante”, escrito em 2009 na Artecapital. Crês que a situação é similar? Como entendes este cenário de aparente ebulição?

AT: Não creio que nestes três anos (www.artecapital.net/arq_des.php?ref=43) isso tenha mudado muito, ou tenha sequer mudado. Mas a ebulição está a aumentar. Porquê? Porque sem trabalho nem condições para, como arquitectos, materializarmos a nossa forma de entender o mundo, a tendência é mostrarmos publicamente — sob esse chapéu-de-chuva eloquente que é a cultura — aquilo que sabemos e as capacidades que temos. Corremos é o risco de estarmos a falar para nós próprios, de a assembleia ser feita apenas de convertidos. Ou de serem tantos os acontecimentos simultâneos que o público se evapora nos interstícios.

O que eu dizia na altura, e continuo a dizer agora, é que há falta de crítica. E quando há crítica — já dei o exemplo do nosso livro lá atrás — essa crítica é muito frágil e pouco culta. Para além de não haver cultura, não há hábito nem disciplina de seguir protocolos básicos da crítica, como por exemplo estabelecer um diálogo com o objecto criticado. Talvez já se tenha passado a fase absurda em que se confundia crítica com divulgação, mas ainda parece que fazer crítica é mostrar autoridade e competência própria sobre um assunto, independentemente do objecto criticado. Os críticos, em geral, fazem aquele papel do comentador desportivo que nunca jogou futebol mas não se coíbe em dizer que o jogador em campo deveria fazer isto ou aquilo. Obviamente, a cultura arquitectónica é diferente do futebol, mas de quando em quando chega a parecer que não.

Contribuíste para um debate promovido pela revista Arq.a, a propósito da Geração Z e das novas práticas espaciais. Como lês estas experiências e, sobretudo, que avaliação fazes dos resultados destes debates?

AT: Mais uma vez, creio que naquela altura disse o que tinha para dizer. O melhor é ler aquelas respostas. (www.revarqa.com/content/1/638/andre-tavares/). Mas talvez hoje tenha vontade de acrescentar uma coisa. Quando esse debate foi lançado, havia encomenda de projecto. Ou seja, os ditos Z’s esforçavam-se por ganhar legitimidade profissional num campo mediático que lhes desse acesso a encomendas. Não sei se chegou a dar, se é que é possível ligar directamente uma coisa a outra, mas o que acontece hoje é que não há encomenda, pelo menos por cá. Portanto, o debate esgotou-se naturalmente. Agora as estratégias têm de ser outras, as novas práticas espaciais já parecem velhas.

Foste convidado para ser relator crítico, aquando da discussão do Estatuto da Ordem dos Arquitectos, em 2008. Nesta demonstraste uma posição bastante crítica relativamente à Ordem enquanto estrutura existente e apontaste alguns caminhos para a reestruturação, não do Estatuto, mas da Instituição. Qual foi o impacto destes textos? E actualmente, como vês a postura da Ordem face às circunstâncias dramáticas da profissão?

www.oasrn.org/estatuto_em_discussao/?page_id=17
www.oasrn.org/estatuto_em_discussao/?page_id=13
www.oasrn.org/estatuto_em_discussao/?page_id=19
www.oasrn.org/estatuto_em_discussao/?page_id=25
www.oasrn.org/estatuto_em_discussao/?page_id=29

AT: O impacto desses textos foi nulo. Imagino que, para além da Teresa Novais e da Carolina Medeiros (que os leram e me davam notícia do seu prazer nessa leitura) devem ter sido lidos por mais cinco ou seis pessoas. Mas a revisão do Estatuto foi um embuste. Não pelo facto de ninguém ler os textos, que compreendo com naturalidade, mas pelo facto de se estar a discutir uma coisa que rapidamente percebi ser falsa: a hipótese de actualizar o Estatuto da Ordem dos Arquitectos.

Com a direcção actual da Ordem, parecida com a de então, e ao contrário do que foi explícito nos programas eleitorais, não há hipótese de mexer no Estatuto. A desculpa é simples: perante a situação de crise em que estamos, mexer no Estatuto significa pôr em questão a definição dos actos próprios da profissão. Ou seja, argumenta-se que mexer no Estatuto significa pôr em cheque a exclusividade profissional conquistada com tanto custo. Creio que é uma justificação completamente despropositada. Pessoalmente não acredito na eficácia dessa delimitação profissional e acredito, vejo quotidianamente, a máquina da Ordem a engordar desproporcionalmente. Como se explica a existência de quatro páginas Internet a funcionar em paralelo, com as despesas que acarreta manter toda essa parafernália? As páginas são obviamente um custo menor, mas essas páginas significam que por detrás delas estão quatro organismos independentes, com presidentes, secretários-gerais, secretários-parciais, secretários-adjuntos, secretários-esporádicos e, como se isso não fosse bastante, assessores, assessores, assessores, mais informadores e colaboradores, eventuais ou permanentes. É verdade que a produção da Ordem é relevante, é e tem de ser uma estrutura articulada, com capacidade de resposta em muitas frentes paralelas, da produção legislativa do Estado à difusão cultural da Arquitectura, da formação contínua à vigilância e punição disciplinar, a Norte e Sul, nas ilhas e não só. Isto se quer ser uma Ordem. Mas não tenho dúvidas que a engrenagem tem peças a mais e que o actual Estatuto promove a imobilidade da instituição, incapacitando-a de ser o que poderia ser.

No Canadian Centre for Architecture (www.cca.qc.ca/en/study-centre/1433-andre-tavares-and-diogo-seixas-lopes-news-from-nowhere-a), referiste a situação de crise da cultura arquitectónica portuguesa, sem encomenda, sem apoios nem recursos. Como visualizas o desenrolar deste cenário?

AT: Com esperança. Temos de meter mãos à obra, o futuro somos nós que o fazemos.


::::

Escrito de acordo com a antiga ortografia

::::

NOTAS

[1] Entrevista realizada por Ana Laureano Alves a André Tavares. Esta entrevista foi longa. Foi imaginada e combinada em Janeiro de 2012. Teve um primeiro momento em conversa em Fevereiro e foi continuada em Abril. Por alguma razão, o gravador não funcionou. Em Junho de 2012, a entrevista foi escrita.

::::



André Tavares
(Porto, 1976) Estuda, vive e trabalha no Porto, como arquitecto. É coordenador editorial na Dafne Editora. Foi autor de vários livros e escreve com regularidade textos de história, teoria, crítica e divulgação de arquitectura para os mais diferentes contextos. Foi professor convidado na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (2008-2011) e actualmente é bolseiro de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Ana Laureano Alves
(Cascais, 1984) Arquitecta pela Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (2008). Trabalha em Graz, na Áustria, desde 2011, depois de ter trabalhado em Paris (2009-2010). Escreve pontualmente sobre arquitectura em revistas nacionais.