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O MITO DA CRIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE JUDY CHICAGOINÊS FERREIRA-NORMAN2024-09-20
Chicago é amplamente conhecida como uma feminista de primeira geração, principalmente devido à sua atividade em Los Angeles nos anos 60 e 70, quando inaugurou o primeiro curso de Arte só para mulheres na escola de Fresno, que depois se instaurou como o Programa de Arte Feminista no California Institute of the Arts. Ao longo dos anos, as ramificações sociopolíticas do seu trabalho foram sentidas quer no processo de fabricação e produção dos seus trabalhos, como também na sua linguagem estética, que tem sido acusada de perpetuar preocupações com a diferenciação anatómica, e não usar a metáfora de forma a que a representação feminina não se restringisse a questões de objetificação e motivação patriarcal. Esta crítica foi necessária para que o movimento feminista continuasse a desenvolver direções, porque na realidade, para se dar os segundos e terceiros passos, é necessário que alguém tenha dado os primeiros. Chicago tem-se ocupado com a investigação do feminino desde o início da sua prática, tendo publicado em 1999 sobre mulheres no mundo da arte, e explorando o tema do divino feminino especificamente, assim como também iconografia feminista. Quem dá os primeiros passos numa direção desconhecida, ou adversa, sofre sempre uma certa resistência. E é mesmo sobre este tema da resistência, do mover obstáculos, de quebrar convenções, que o livro Revelations incide maioritariamente em termos de conteúdo, no entanto existem outras formas de se quebrar convenções, nomeadamente mais formais, que Chicago não escolheu. Escolheu, de certa forma, o caminho daquilo que nos círculos de livros de artista chamamos de ‘livro alterado’. E que livro ela alterou? A Bíblia. Revelations é um tomo de 288 páginas, publicado pela Serpentine Gallery e a Thames and Hudson, e é apresentado como o manuscrito precursor da sua obra seminal The Dinner Party. Hans Ulrich Obrist (HUO ) desafia Chicago a mostrar-lhe (entenda-se expor) um projeto que ‘nunca tivesse saído da gaveta’ e Chicago diz-lhe que The Dinner Party nasceu deste manuscrito. Desta troca nasce a exposição patente até 1 de Setembro na Serpentine, e a publicação do livro Revelations. O livro contém vários textos de contextualização pré e pós manuscrito por HUO, o curador Chris Bayley, a própria Chicago, a erudita Martha Easton, que se especializa em história da arte Medieval, e uma entrevista entre HUO e Chicago. As Revelations estão assim localizadas entre a página 29 e a 239, e dividas em cinco partes. Na primeira parte, intitulada Revelations of the Goddess (Revelações da Deusa), Chicago pega no livro do Génesis e tenta copiar a sua linguagem, substituindo o mito da criação conhecido na Bíblia por um mito onde a origem da humanidade foi concebido através do conceito de nascimento. Em consequentes frases, esta ideia vai-se materializando em linguagem que determina toda a criação como feminina: ‘e desse parto nasceram todos os planetas, e eles eram as filhas do Universo’ [1]; ‘e o sangue afluiu do centro da Terra, para fora do centro da Vagina Primordial, formou os oceanos e os rios’ [2]; ‘No terceiro e último dia, a Terra tornou-se na Deusa Primordial, e ela era a mãe de todas as criaturas vivas’2[2]. Nesta parte da narrativa, Chicago introduz-nos a uma linguagem familiar, com trejeitos arcaicos, mas descomplicados, colocando-nos facilmente no ‘fuso horário’ da génese do mundo. A linguagem gráfica é também apropriada e as molduras que envolvem o texto, ainda que com um sabor a infância, imitam o estilo das iluminuras, algo que Chicago sempre visionou para a publicação desta obra. O momento-chave desta primeira parte acontece quando os homens se questionam porque é que são só as mulheres que têm o conhecimento da fabricação da vida, e consequentemente formam uma rebelião decidindo que se não podem ter o poder da Vida, que tomam o poder da Morte. Este é o momento em que no livro do Génesis Adão e Eva são expulsos do Jardim do Éden. Em Revelations, a Deusa da criação, que passou o conhecimento às mulheres para nutrirem a vida, mas que permitiram que os homens a destruíssem, castiga-as com a vivência futura do patriarcado se desenvolver através do derrame de sangue, o seu poder enfraquecer e a sua sabedoria definhar. Até ao dia em que o mundo estará em cacos e a sua força e conhecimento serão necessários outra vez. Essa sabedoria será possível de resgatar porque haverão sempre guardiãs do conhecimento cujas vidas se dedicarão a esse propósito. Esta resolução da Deusa (a implementação de um patriarcado sangrento) é dita em forma de profecia, no entanto, ler tal narrativa de forma tão resumida, tão objetiva, foi um misto de validação da vivência feminina ao longo dos séculos, mas também de clarificação do ponto de vista artístico e literário, pois Chicago estabelece aqui o tom do livro como não-ficção. E isso verifica-se na próxima parte. A segunda parte intitulada Myths, Legends and Silhouettes (Mitos, Lendas e Silhuetas), documenta o percurso ingrato e doloroso de muitas mulheres da nossa história. Desde a Grécia antiga e a infiltração de Judith e a decapitação de Holofernes, até à vida conturbada de Virgina Woolf, à ventura de Georgia O’keefe. Por cada história que é contada, encabeçada por mulheres notáveis, o grafismo das escrituras sagradas medievais revela-se outra vez através das iniciais iluminadas em cada secção. Estas mulheres, entre 25 a 30, formam o âmago da pesquisa do trabalho The Dinner Party, e no livro Revelations essa relação também nos é apontada nesta segunda parte pela insistência no símbolo do triângulo. Chicago conta que as mulheres a quem lhes é passado o Conhecimento, carregam consigo amuletos de forma triangular. Esta forma triangular é um dos poucos indicadores de inspiração formal não-judaica deste trabalho (claro que imaginar toda a criação no género feminino não tem uma tradição judaica, no entanto, o formato que Chicago replica é fundamentalmente judaico, o que faz todo o sentido, sendo ela judia e o objetivo da obra a criação de uma Bíblia feminina [3]). O triangulo enquanto símbolo feminino tem possíveis origens muito antes da santíssima Trindade (duas figuras do género masculino e uma sem género) ter invadido o imaginário ocidental, e verifica-se no culto aborígene a Kunapipi, uma deusa que simboliza a mulher anciã, em que as danças são feitas em formas triangulares em honra ao seu centro genital; verifica-se também no Hinduísmo com a deusa Parashakti que compreende a trindade de Vishnu, Braham e Shiva. Com a pesquisa extensa que Chicago fez ao longo dos anos, referências como estas não lhe podem ter escapado. Na realidade, o título provisório desta icónica obra era Twenty-Five women who were eaten alive (25 mulheres que foram comidas vivas), depois passou a The dinner party: twenty-five women who were eaten alive, e posteriormente cimentou-se somente The dinner party. Mas é em torno destas mulheres que, a meu ver, está o poder deste livro. Chicago, de momento, e sublinho, aos 85 anos de idade, tem finalmente uma posição privilegiada no mundo da arte. Só agora, em 2024, é que se fez uma retrospetiva do trabalho dela na Europa, patente na LUMA Arles, intitulada Judy Chicago: Herstory. Nos Estados Unidos, só em 2021 (aos 82) o De Young Museum em San Francisco expôs uma retrospetiva do seu trabalho. Quando lia a segunda parte deste livro, a única coisa que me vinha à cabeça é que eu gostava de ter conhecido o percurso destas mulheres enquanto me tornava pessoa, pois todos temos energias femininas e masculinas em nós, e a educação ocidental onde maioritariamente homens constam nos nossos livros, causa um desequilíbrio a toda a gente, mas mais incidentemente a nós mulheres. As mulheres que Chicago documenta não são exclusivamente artistas, são mulheres que passaram o Conhecimento e cuja vida foi documentada ao longo dos tempos, por isso desde já mulheres de privilégio, no entanto a sua luta foi transformadora. Penso que diz muito do tamanho gigantesco da tarefa que é quebrar o patriarcado quando só mulheres de privilégio conseguem ser quantificadas pelas suas vitórias. Vitórias estas nada insignificantes, pois este Conhecimento do qual Chicago fala tem duas faces: o acesso ao conhecimento, ou seja, eram mulheres que estudavam herbalismo, tinham influência e/ou poder político, literária por vezes, lhes atraía a ciência, a medicina, e as artes, e por isso a sua prática só era fomentada em meios onde mulheres pudessem usufruir desse conhecimento, ou seja, meios dirigidos ou geridos por outras mulheres. No entanto, há depois também o Conhecimento da irmandade da condição feminina, o conhecimento da cooperação, do apoio, de uma cadeia feita de elos que são as vidas de todas as mulheres. E é este elo, enfraquecido pelo patriarcado, que o livro Revelations vem consolidar. Há algumas dissonâncias no tom de Chicago, porém. A Bíblia são muitos livros, todos escritos por homens. O único evangelho, apócrifo, que se conhece do ponto de vista de uma mulher é o de Maria e este não é reconhecido ou incluído na Bíblia. Ainda que a determinada altura Chicago menciona Maria como uma nova luz a seguir a dada altura na História, nada no seu tom mudou, e a imitação da Bíblia no timbre da elocução transporta-me invariavelmente para a figura do deus branco, masculino, de barba branca. Estes condicionamentos já me foram contrapostos a mim própria: já me confrontaram por o tom da minha escrita ser masculina. E isso deu-me que pensar. A linguagem, a forma como apresentamos a palavra escrita também tem caraterísticas arquétipas. Podemos e devemos pensar nisso principalmente porque a língua portuguesa é particularmente gendrada, assim como também a forma como enunciamos pode tomar determinadas características. É a escrita aberta, ou fechada? É o tom dialético ou monológico? O quociente de palavras que usamos acaba mais em -a ou em -o? Estamos a ouvir ‘mansplaining’ ou uma investigação rigorosa? O tom é doce ou violento? Se analisar ainda mais escrutinosamente, poderia questionar a necessidade ou até a validade de utilizar a ferramenta do apostolado para o propósito mais alto deste livro, segundo a autora, a harmonia entre géneros. Mais ainda, estando mais do que estabelecidos os paralelos entre The Dinner Table e a Última Ceia [6], ‘sentar’ o triplo dos apóstolos (neste caso apóstolas) numa mesa só fortifica esta figura religiosa, que é famosamente misógina, discriminatória. Segundo o Evangelho de Maria, é Pedro que começa por atacar a legitimidade de Maria Madalena [7] como conhecedora da palavra de Jesus, e por questões misóginas despoletadas pelo ciúme (como na história da génese de Judy) questiona a validade do seu papel na evangelização do salvador. Paulo, em Corintios 12: 34-35 é quem estabelece que as mulheres não devem praticar ensinamentos dentro da igreja e que devem estar caladas dentro da igreja, e quando quiserem aprender algo, devem submissamente pedir a seus maridos, em casa. O mote do livro Revelations é claramente a subversão da Bíblia pela intrusão da qualidade feminina encarnada, de forma a substituir os personagens masculinos. Compreendo a necessidade de esta obra existir. Mas sinto que o seu lugar era a par da inauguração de The Dinner Table. Parece-me uma visão simplista da reimaginação da questão do mito da criação e possivelmente problemática pois utiliza as mesmas ferramentas do mito que quer substituir. Qual é o ponto de imaginar a criação no feminino, se os pecados, o formato, o tom, são os mesmos que no masculino? Não deixa de ser importante, pois há 50 anos era mesmo deste manual que precisávamos nas escolas primárias, secundárias e afins. Uma Bíblia no feminino não deixa de preencher uma lacuna: pois por mais pessoas que a tenham imaginado, ‘ninguém’ a concretizou senão a Judy Chicago. Simplesmente, sinto que está dessincronizada com os discursos atuais pertinentes ao feminismo intersecional, que inclui não só a questão racial, mas como as questões económicas de classe e ecológicas. A experiência de ser mulher tem vindo a sofrer uma investigação considerável, o que faz com que este trabalho se sinta um pouco datado. O próprio Hans Ulrich disse que ‘o texto era fundacional a toda a [sua] prática artística’ [8], e claro que ele tem razão, pois a sua publicação realmente nos permite perceber a obra de Chicago muito mais transparentemente. A sensação que tenho, e muito certamente estou a ser influenciada pelas minhas próprias práticas eco-espirituais, a investigação intelectual e prática de ecossistemas e mitologias ao longo dos anos que posso dizer prescrevo como eco-feminista, é que para podermos imaginar um mundo de paz, descentralizar o anthropos para a nossa própria sobrevivência também tem de ser feito a nível mitológico. A era que vivemos atualmente vem permitindo alguma liberação e estamos cada vez mais atentos ao facto de que arquétipos de género existem para serem identificados, mas não precisam de existir isolados, ou em modo exclusivo. De forma muito simplista, um homem tem o direito de chorar e uma mulher tem o direito de mandar. Estas características são dicotomias que coexistem, e às vezes se misturam. Esta mistura, que as pessoas LGBTQIA+ têm comandado a luta para a sua visibilidade, é um arquétipo que a sociedade ocidental só agora está a construir. (Uma curiosidade, existem tantas pessoas intersexo como pessoas ruivas!) Este tema, também está subtilmente presente no livro de Chicago: no frontispício, uma belíssima ilustração que cita ‘e deus criou a vida’, vemos um ser com duas caras (feminina e masculina) que ejacula de um peito uma substância que pode ser sangue ou leite, com seios femininos, e genitália masculina e feminina, numa mão agarrando uma mulher, à qual um homem se abraça (fora da mão). Chicago mantém, em entrevista com HUO e Nadya Tolokonnikova, que a sua visão do mundo não é uma onde as mulheres dominam, mas uma de igualdade. Compreendo que não seja fácil de assimilar, quando o contexto desta afirmação é o seu recente projeto What if women ruled the world (E se as mulheres governassem o mundo), uma tapeçaria digital de opiniões de pessoas de todo o mundo em resposta a várias questões. Questões muito pertinentes nesse contexto como: ‘serão as mulheres anciãs reverenciadas?’, ‘serão as mulheres e os homens ambos gentis?’, ‘será deus feminino?’9 [9] e outras mais práticas como ‘haverá igualdade parental?’ ou ‘haverá propriedade privada?’9 [9] Estes exercícios são cruciais para todos fazermos. Todos devíamos pensar numa mudança de governação, pois a que temos está a levar-nos à autodestruição. Todos tivemos um vislumbre mediático do que seria uma mulher, a governar segundo características arquétipamente mais femininas, entre 2017 e 2023 que foi Jacinda Arden, uma primeira-ministra que dentro dos sistemas patriarcais conseguiu fazer com que a vulnerabilidade e o cuidado se tornassem tópicos de discussão parlamentares. Mas também tivemos nos anos 80, Thatcher, que por oposição, governou com ‘uma mão de ferro’ e que não se inibiu de ver desestabilização social no Reino Unido em prol de uma política externa imperialista e criminosa, um semblante mais masculino, especialmente de acordo com a mitologia de Revelations. Mas é nesta visão binária, ou mais ainda, género-cêntrica que residem, a meu ver, muitos dos problemas com a remitologização de Chicago. Falo do ponto de vista de quem já elaborou trabalho artístico sobre deusas – no feminino - solares, criando mitologias contemporâneas baseadas na ciência e baseadas em achados arqueológicos para que fizesse sentido no local – Torres Vedras – onde apresentei este trabalho. No entanto, a minha plataforma não é a de Judy Chicago, e nem eu trabalhei o mito da criação (algo que mexe com os alicerces de toda a crença de como o mundo funciona); eu estava a trabalhar a atualização de mitos e a oposição ao monoteísmo, em particular o católico. No debate sobre o mito da criação, penso que se queremos remitologizar para a paz e a harmonia, temos de reconhecer que o mundo não pode ter sido criado à imagem dos humanos, porque, nós não fomos os primeiros, não seremos os últimos e quanto mais cedo aceitarmos o nosso humilde papel no ecossistema mais fácil será para nós vivermos em harmonia com todos os seres, quaisquer sejam os seus géneros. A essência da vida não nos foi dada por algo personificado, foi nos dado pela essência em si, e é esse valor da vida que deve voltar a primeiro plano para que toda a violência que estamos a testemunhar no mundo pereça. A ideia de esse seipsum (o ser em si) antecede o Judaísmo, mas foi reconhecida por Thomas Aquinas por exemplo, mas foi provavelmente articulada primeiramente pelo Confucionismo como qi, ou pelo Hinduismo com rta. A segunda parte de Revelations é imensamente rica para que não percamos o foco: a liberação é um processo necessário a todas as pessoas que são oprimidas e não é só a questão de género que as define. Hoje, depois de uma segunda e terceira vaga de feminismos, percebemos a questão da interseccionalidade, algo que Chicago também menciona – sem aprofundar [10] – na terceira parte do livro intitulada The Yearning (O anseio). Nesta e na quarta parte The Calling of the Apostoles and Disciples (O chamamento das Apóstolas e das Discípulas), pode-se sentir o poder da obra de Chicago de uma forma muito intuitiva e etérea, principalmente pela cor. Ilustrações de formas orgânicas e subtis permeiam as páginas com tons degradê entre o verde, o violeta, o rosa e o amarelo, tudo em tons pastel, com uma vibração suave, quase que em dissonância com o conteúdo, este que apresenta de forma resumida a história dos novos obstáculos impostos à emancipação feminina pelos períodos pós-guerra. É também na quarta parte que vemos The Dinner Table tomar forma. Correspondentemente, as ilustrações deixaram de ser abstratas ou terem a utilidade de criar um ambiente, mas passaram a retratar a proposta original para os pratos de cerâmica que eram borboletas pintadas, e só depois se transformaram em esculturas inspiradas na Vagina Primordial. É também nestes capítulos finais que Chicago se liberta da rigidez gráfica dos manuscritos medievais e a sua sempre-presente relação entre imagem e texto se exibe. Na quinta parte, intitulada Visions of the Apocalypse (Visões do Apocalipse), testemunhamos na marca do seu gesto, os horrores da violência cometidas contra as mulheres. Não vou desvendar o fim do apocalipse pois seria de mau gosto fazer um grande ‘spoiler’ final. Espero que as minhas reflexões suscitem o interesse mais do que revelem os conteúdos, esses, só mesmo lidos e vistos pessoalmente para serem apreciados. Concluo, com o motivo e o ponto específico pelos quais acho que a publicação deste livro ‘vale mais tarde do que nunca’, e é relevante no trabalho que estamos a fazer para a igualdade de género, cada um com as ferramentas que tem. Na quarta parte, especificamente na página 186, para mim, o livro manifesta-se na sua totalidade, manifesta-se no contexto de The Dinner Table, e manifesta-se na importância que me tocou. Diz a Deusa sobre as apóstolas, cuja essência ela está a transformar em símbolos, gravando-os nos pratos do banquete: ‘Não sou eu que contive o seu espírito e reduzi o seu tamanho. Eu somente espelho aquilo que já lhes foi feito pelo patriarcado. Eu estou a agregá-las para que aquilo para o qual elas trabalharam não seja perdido.’ [11]
Inês Ferreira-Norman
Notas [1] Chicago (2024), pp. 37. Em instâncias como estas o facto de o português ser uma linguagem gendrada, não permite a ambiguidade e consequente fluidez que inglês fomenta, mas espero que os leitores consigam fazer a ponte (planetas em inglês não tem género).
Referências bibliográficas Armstrong, Karen (2022), Sacred Nature: Restoring our ancient Bond with the Natural World, Alfred A.Knopf Canada
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