Links

O ESTADO DA ARTE


Ilídio Candja Candja na Plataforma Revólver. Fotografia: Teresa Tojo.


Ilídio Candja Candja na Plataforma Revólver. Fotografia: Teresa Tojo.


Ilídio Candja Candja em visita guiada à exposição Mahala Blood, na Plataforma Revólver, 17-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Ilídio Candja Candja em visita guiada à exposição Mahala Blood, na Plataforma Revólver, 17-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Ilídio Candja Candja em visita guiada à exposição Mahala Blood, na Plataforma Revólver, 17-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Ilídio Candja Candja em visita guiada à exposição Mahala Blood, na Plataforma Revólver, 17-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Mahala Blood, de Ilídio Candja Candja, na Plataforma Revólver, 18-09 a 31-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Mahala Blood, de Ilídio Candja Candja, na Plataforma Revólver, 18-09 a 31-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Mahala Blood, de Ilídio Candja Candja, na Plataforma Revólver, 18-09 a 31-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.


Mahala Blood, de Ilídio Candja Candja, na Plataforma Revólver, 18-09 a 31-10-2015. Fotografia: Débora Cabral.

Outros artigos:

2024-10-30


CAM E CONTRA-CAM. REABERTURA DO CENTRO DE ARTE MODERNA
 

2024-09-20


O MITO DA CRIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE JUDY CHICAGO
 

2024-08-20


REVOLUÇÕES COM MOTIVO
 

2024-07-13


JÚLIA VENTURA, ROSTO E MÃOS
 

2024-05-25


NAEL D’ALMEIDA: “UMA COISA SÓ É GRANDE SE FOR MAIOR DO QUE NÓS”
 

2024-04-23


ÁLBUM DE FAMÍLIA – UMA RECORDAÇÃO DE MARIA DA GRAÇA CARMONA E COSTA
 

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA

NATÁLIA VILARINHO

2015-10-28





Chegou com intenções de regressar a Maputo, mas a vida acabou por lhe trocar as voltas. Diz que pinta a sua inquietude e recusa-se a baixar os braços perante as dificuldades. Vive no Porto mas trabalha em todo o mundo. A Artecapital falou com Ilídio Candja Candja no dia em que, há nove anos atrás, chegou a Portugal para ficar.

 

Nasceu em 1976 em Moçambique e frequentou o Curso de Cerâmica na Escola Nacional de Artes Visuais de Maputo antes de começar a participar em exposições individuais e colectivas no país africano. A vontade de mostrar o seu trabalho a outros mercados e culturas levou-o a pedir a um amigo que o ajudasse a construir um portfolio em CD, algo que fosse facilmente transportado ou enviado para qualquer parte do mundo. Um exemplar chegou à Galeria Belo Belo, em Braga, e o telefone de Ilídio tocou. Desafio Sonhos-coloridos, a sua primeira exposição individual em Portugal, em 2004, permitiu-lhe mostrar o seu trabalho ao país. Foi convidado a expor no ano seguinte no Auditório Municipal de Vila do Conde e em 2006 regressou à Belo Belo para exibir Pauta entre Zoologia e Lirismo. Este arranque em terras portuguesas permitiu-lhe iniciar um novo caminho, “foi uma bola de neve, foi crescendo”, afirma Candja Candja. As coisas estavam a correr bem, tinha projectos planeados e o passo seguinte foi mudar de vida, mudar de país.

 

Apesar de afirmar que aprendeu a viver sempre um dia de cada vez, Ilídio confessa que não foi fácil deixar Maputo: “tens amigos a qualquer momento, com muita facilidade. Em Portugal é tudo mais fechado e as pessoas não se relacionam com tanta facilidade”. Então porquê sair da terra natal? “Tinha de tomar essa decisão, queria levar o meu trabalho para outra fase”, confessa, “sou jovem e tenho energia para aguentar as dificuldades”. A chegada a Portugal não foi de facto fácil, apesar de ter exposto durante o ano de 2007 no Porto, em Coimbra e em Almancil. A crua realidade nacional atingiu-o em cheio: “sou africano e os europeus desconfiam do trabalho africano. Uns decidem ir mais além, mas outros nem nos dão uma oportunidade”. No primeiro contacto em Lisboa, cara a cara com um importante galerista, foi-lhe sentenciado: “não sei se a arte africana vende”. Atónito, confessa que chegou a pensar o que é que passaria pela cabeça dos portugueses: “a informação não chegou aqui? Parece mais fácil para nós que estamos do outro lado saber o que se passa cá e o contrário não? Alguma coisa está a falhar!”. E depois de ter apostado em Portugal, ficou algum tempo sem conseguir expor o seu trabalho.

 

Inconformista e decidido, Candja Candja não desistiu de tentar mostrar aquilo de que era capaz. Com a certeza de que o seu trabalho fala por si, passou a olhar para Portugal como um dormitório. Dorme cá, trabalha cá, procura algo mais fora, com uma ideia: “talvez assim eles possam começar a prestar atenção ao meu trabalho”. Dividindo o tempo entre o computador e o atelier, iniciou uma busca de galerias de arte dispostas a receber o seu trabalho na Europa. Enviou portfólios. E quando menos esperava, os contactos começaram a surgir. Primeiro uma galeria em Hannover e no mesmo ano outra em Hamburgo originaram duas exposições, a última curiosamente com o título The game is to survive. Parece ser este o mote do artista, que em 2013 conseguia expor Invictus, na Unix Gallery de Nova Iorque.

 

O título da exposição norte-americana é-lhe caro. Passou por uma fase em que ficou seis meses sem pintar: “não tinha onde cair morto, não tinha material, só tinha duas ou três cores”, e um dia, em casa, viu Invictus, filme de Clint Eastwood que relata o período pós-eleitoral na África do Sul, em que um Nelson Mandela recém saído da prisão assume a presidência do país. “Foi inspirador, cheguei ao fim do filme a pensar que tinha que dar a volta e que era possível pintar com as cores que tinha”. Decidiu tentar o mercado norte-americano e recebeu resposta de uma galeria em San Diego, mas foi com a Unix Gallery, em Chelsea, que entrou no país. “Enviei um email, um pequeno texto e imagens, seis meses depois o telefone estava a tocar. Agendámos uma exposição e fizeram-me um contrato de dois anos com exclusividade”.

 

Ilídio Candja Candja não parou entretanto: “as coisas não acontecem do nada, vou atrás”. Depois de investigar a receptividade da arte africana em vários países, apercebeu-se de que a maior parte dos artistas africanos internacionais tinham sido lançados por franceses, belgas e ingleses. Pesquisou algumas galerias e enviou vários emails. As respostas começaram a chegar. Em 2014 estava a expor na Galeria Lumieres de Afrique, em Bruxelas, cidade que o surpreendeu pela posi-tiva: “perdi-me numa rua e porta sim, porta sim, só via galerias de arte tribal”. Neste momento está a investir em França. Tem contactos com galerias em Paris e Lyon, e uma exposição já marcada para o ano que vem em Lille, na Galerie Frederic Storme, onde apresentará, como gosta de fazer, trabalhos absolutamente novos.

 

“Don’t fuck my dreams”, inscrito em Tropical Ceremony, obra actualmente exposta na Plataforma Revólver, exprime a inquietação do artista: “a vida é fodida, há um futuro incerto, essa é a minha inquietude”, explica. Responde a esta sociedade com desapego pela ideia de lucro. Mahala Blood, que significa “sacrifício em vão”, título que dá nome à exposição actualmente patente em Lisboa, exprime a sua insatisfação por este momento em que sente que as pessoas desvalorizam o que foi conquistado pelos nossos antepassados. Ao criar a sua própria pintura rupestre inspira-se em autores desconhecidos e acaba por prestar homenagem a quem fez algo no passado e que agora é tão facilmente esquecido.

 

A arte rupestre tem um lugar importante na obra de Ilídio Candja Candja. Conta que um dia, ao desenhar enquanto olhava para um insecto através de uma lupa infantil, apercebeu-se que aquele tipo de desenho não lhe era novo. Desenvolvera no terceiro ano de Artes Visuais um trabalho re-lacionado com a pintura rupestre. Optou por resgatar esse trabalho e criar a sua própria linguagem com alguns apontamentos de escrita hieroglífica “impulsiva, sem significado”. Olhou para o passado e desenvolveu uma ideia: “não devo esquecer quem sou, o que quero fazer e para onde pretendo ir”. O processo criativo desenvolveu-se resgatando a tradição moçambicana para a actualidade: “utilizo elementos como a capulana, que me interessa bastante. Esta é a minha pintura rupestre, uma homenagem a todos os autores primitivos desconhecidos por várias razões, e eu estou a dar o meu contributo”. Para isso pesquisa exaustivamente, olha para trás e pega nas ideias que o assaltam. Afirma que o faz com convicção: “é meu dever, Ilídio Candja Candja, artista africano, nascido em Moçambique, olhar para trás, para as minhas origens, resgatar o que foi feito pelos meus ancestrais e fazer o meu caminho à minha maneira”.

 

Gostaria de voltar a Maputo para uma exposição e revela que o fará com a calma necessária de quem procura fazer as coisas bem. A arte, para si, não tem qualquer nacionalidade, pertence ao mundo, à sociedade. Ele, apenas um “fazedor de arte”, deixa a obra seguir a sua existência depois de terminada: “já não me pertence, tem a sua própria vida, segue o seu caminho”.

 

Fala com um desprendimento de quem não sente por certo nada do que tem na vida. Afirma que se tivesse tido a vida facilitada não estaria hoje onde está: “foram as dificuldades que me levaram a tomar este caminho e este género de pintura. Não tinha dinheiro, mas tinha de continuar a produzir”. Levanta-se e dirige-se para Africa/Afrique futuro sem fim, peça disposta à entrada da sua actual exposição na Plataforma Revólver. E aponta para a figura que se situa no centro do quadro: “não sabemos quem é que está por trás disto, o lucro vai para algum lado, mas ninguém sabe para onde. É a matemática da vida, vamo-nos matando por causa do dinheiro. Inventam-se novas percentagens e deixa-se de fora o ser humano. Nós somos apenas um elemento para adicionar, estamos a ser descartados e sacrificamo-nos por nada”. Vivemos um saque sem limites, tudo é para destruir. E enquanto olhamos para ele e pensamos no país e na cidade onde estamos, em que tudo o que não seja lucro ou turístico é descartável, encontrando demasiadas semelhanças entre a vida que estamos a viver e o quadro que se estende à nossa frente, Ilídio Candja Candja pergunta: “que futuro é este, em que o ser humano é excluído? É futuro para quem?”.

 


Natália Vilarinho