Links

O ESTADO DA ARTE


Cartaz da exposição Linguagens d'escrita(s): poesia experimental do Arquivo Fernando Aguiar, 20 Mar-16 Abril, 2010, na Biblioteca Municipal António Botto e na Galeria Municipal, em Abrantes


Obras de Salette Tavares e documentação da poesia experimental.


Obras de José-Alberto Marques, Antero de Alda, Gilberto Gouveia, Fernando Aguiar.


Obras de César Figueiredo, Emerenciano, Avelino Rocha.


Obras de E. M. de Melo e Castro, Almeida e Sousa, António Barros.


Obras de Bartolomé Ferrando, Karl Kempton, Edgardo-Antonio Vigo, Giovanni Fontana.


Obras de Enzo Minarelli, Julien Blaine, Fernando Millan, Ryosuke Cohen, Clemente Padin.


José-Alberto Marques, Ana Hatherly, Fernando Aguiar e a Presidente da Câmara de Abrantes na inauguração da exposição em Abrantes.

Outros artigos:

2024-10-30


CAM E CONTRA-CAM. REABERTURA DO CENTRO DE ARTE MODERNA
 

2024-09-20


O MITO DA CRIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE JUDY CHICAGO
 

2024-08-20


REVOLUÇÕES COM MOTIVO
 

2024-07-13


JÚLIA VENTURA, ROSTO E MÃOS
 

2024-05-25


NAEL D’ALMEIDA: “UMA COISA SÓ É GRANDE SE FOR MAIOR DO QUE NÓS”
 

2024-04-23


ÁLBUM DE FAMÍLIA – UMA RECORDAÇÃO DE MARIA DA GRAÇA CARMONA E COSTA
 

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO

CATARINA FIGUEIREDO CARDOSO

2016-02-11





Fernando Aguiar nasceu em 1956 em Lisboa. É licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e foi professor do Ensino Secundário. É um reconhecido artista plástico, poeta e performer da segunda geração de poetas experimentais portugueses. A sua última exposição, “Reensaios”, esteve patente na Galeria Diferença até ao dia 6 de Fevereiro.

Fernando Aguiar é também um divulgador da poesia experimental, e essa sua actividade foi decisiva para a difusão e afirmação nacional e internacional da poesia experimental portuguesa. Organizou festivais e exposições de poesia visual, entre os quais Poemografias: Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa (1985, com Silvestre Pestana), 1º Festival Internacional de Poesia Viva na Figueira da Foz (1987), Concreta, Visual, Experimental, Poesia Portuguesa 1959-1989 (1989, com Gabriel Rui Silva) [1] e Imaginários de Ruptura, Poéticas Experimentais (2002). Estes eventos originaram antologias de poesia experimental. E ainda organizou as antologias Visuelle Poesie Aus Portugal (1990) e Poesia Experimental dels 90 (1994).

A faceta do seu trabalho que tratamos neste artigo é o Arquivo Fernando Aguiar, uma colecção constituída por cerca de 2.500 originais de poesia visual, e uns 50 mil documentos relacionados com a poesia experimental e visual, e áreas afins como a arte conceptual, Fluxus, performance e arte postal.


A origem da colecção

Fernando Aguiar conta que começou a colecionar livros aos 16 anos. Frequentava alfarrabistas por os livros serem mais baratos que nas livrarias, e achou interessantes os “Poemas Possíveis” de José Saramago e o “Mais Exactamente P(r)o(bl)emas” de António Aragão. Deste não terá entendido nada mas gostou das imagens e das colagens com palavras.

A partir daí, e sempre que tinha dinheiro, comprava livros de todo o tipo, embora sem a preocupação em “coleccionar” e guardava, porque gostava.

Em 1980 participou em duas exposições de arte postal em Portugal, e a partir de 1983 também no estrangeiro. A entrada na rede da Mail Art, com contactos assíduos com artistas ligados às artes e à poesia visual, e a troca de documentos e obras originais, sobretudo de arte postal, marca o início da constituição do Arquivo. Pouco mais tarde, quando iniciou a organização de exposições e Festivais internacionais, os contactos intensificaram-se e alargaram. Como desde muito jovem guarda todos os folhetos e catálogos das exposições que ia ver, assim como as revistas literárias e livros que adquiria, o Arquivo tem uma importante componente de elementos de informação.

Fernando Aguiar explica que chama Arquivo à sua colecção por considerar que um coleccionador «é alguém (normalmente com poder aquisitivo) que compra arte, selos, moedas, o que quer que seja, com um objectivo específico, ou apenas porque gosta, mas é ele que escolhe, enquanto no meu caso, os originais, livros, catálogos e outros documentos eram-me enviados pelos seus autores. Muitas vezes nem sabia quem eram esses escritores ou artistas, mas sempre retribuía enviando material meu e, se gostava desse autor, as trocas eram regulares e mantinham-se por muitos anos. Dito por outras palavras, enquanto que um colecionador vai à procura das peças, no meu caso 80% do material em arquivo veio ter comigo. É claro que ao longo dos anos nunca deixei de comprar livros, revistas e catálogos e, quando havia disponibilidade, algumas obras. Em relação à poesia experimental portuguesa, sempre comprei tudo o que encontrava.» E reconhece que, «em última análise, e independentemente do modo como foi constituído, um Arquivo não deixa de ser uma coleção…».

A participação em mais de 100 festivais de performance e poesia em todo o mundo permitiram a recolha de documentos relacionados com os outros participantes (e a circulação dos seus).

As “disciplinas” melhor representadas no Arquivo são a poesia visual e a performance, pois deixou de se interessar pela Mail Art, e ao cessar a participação em exposições passou a receber menos material.

A época melhor representada vai dos anos 1980 até meados dos anos 1990, aqueles em que foi mais activo na organização de exposições. Assim, a “actividade organizativa” influenciou directamente a colecção, mais do que a actividade artística.

Os vários núcleos que compõem o Arquivo correspondem às áreas artísticas em que se movimentou e aos artistas com quem se relacionou: Poesia Visual, Performance, Mail-Art, e núcleos menores de Fluxus e de arte conceptual. Os primeiros núcleos integram artistas portugueses e estrangeiros, os núcleos de Fluxus e de arte conceptual são sobretudo internacionais (Wolf Vostell, Milan Knizák, Dick Higgins, Charles Dreyfus, Dennis Oppenheim, Monty Cantsin, Orlan ou Shozo Shimamoto).

O facto de conhecer pessoalmente os artistas, quer os da primeira geração de poetas experimentais portugueses (Ana Hatherly, E.M. de Melo e Castro, António Aragão, Salette Tavares, Abílio-José Santos, José-Alberto Marques) quer os da sua própria geração (Silvestre Pestana, Gabriel Rui Silva, Antero de Alda, António Nelos, António Dantas, António Macatrão, César Figueiredo, José Oliveira, Manuel Portela, Almeida e Sousa) permitiu a Fernando Aguiar a reunião da colecção mais completa de originais de poetas experimentais portugueses de que há conhecimento. E ainda um importante conjunto de outras obras de Ana Hatherly e de obras de Alberto Pimenta.

Mas a atividade como poeta, performer e artista plástico, que interagem em permanência, foi sempre prioritária. O Arquivo vem no seguimento dessa actividade e é apenas complementar.


Mostrar a colecção

Embora a vontade de coleccionar e a de dar a conhecer sejam indissociáveis, a primeira preocupação de Fernando Aguiar foi a divulgação da poesia experimental. No entanto, a partir dos anos 2000, o material em arquivo começou a preocupá-lo, como um conjunto, e não apenas como instrumento e derivado das actividades expositivas e de divulgação.

Foi nessa altura que decidiu expor a colecção, realizando duas exposições da colecção em Abrantes em 2010: uma com artistas portugueses na Biblioteca Municipal, e a outra com artistas estrangeiros na Galeria Municipal. O seu projecto abrangia a realização destas exposições noutros locais, o que acabou por não suceder.

Fernando Aguiar explica porque decidiu mostrar a colecção:

«A determinada altura achei que não fazia sentido ter uma coleção única no país e estar simplesmente guardada. Se nos referirmos especificamente à Poesia Visual e à Performance, o meu Arquivo contém muito mais obras e de um maior número de artistas do que, por exemplo, o Museu de Serralves (que tem uma boa coleção de poesia visual, mas apenas de alguns poetas portugueses, e pouca coisa sobre performance), do que a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Fundação Luso-Americana, que têm um excelente acervo de obras da Ana Hatherly, mas praticamente apenas isso. Eu também tenho inúmeras obras da Ana e mais de 2.500 originais de poesia visual de cerca de 200 poetas de uma trintena de países. Quanto à performance tenho uns milhares de fotografias e de slides de várias dezenas de performers internacionais.»

O destino da colecção determinou a opção de Fernando Aguiar por depositar o Arquivo numa biblioteca municipal. Para além da preservação das obras, o colecionador pretende que estas sejam digitalizadas e disponibilizadas a estudiosos e outros curiosos.

Fernando Aguiar formula os seus votos:

«A partir do momento em que o Arquivo ficar em depósito numa instituição que lhe garanta boas condições de preservação e que permita o acesso a quem o quiser estudar ou consultar, penso que é a melhor solução nas presentes circunstâncias.

“Mais tarde, e considerando que, afinal, acabei por investir uma parte da minha criatividade, dos meus recursos e da minha vida, admito a possibilidade de a entregar a uma instituição que a pretenda adquirir e que permita dar-lhe uma outra visibilidade para além das já mencionadas, nomeadamente expor com regularidade os diversos núcleos da coleção, assim como a edição de um livro ou catálogo que revele as principais obras e documentos (já) históricos do Arquivo. E penso que será uma das colecções particulares mais completas destas áreas artísticas, na Europa.»


Questões práticas

A maior parte da colecção está armazenada, nas melhores condições e nos espaços possíveis, na sua casa, no atelier, em espaços cedidos por familiares. Há poucos originais e documentos com algum grau de deterioração, o que é notável tendo em conta que os originais são quase todos realizados em papel, e nem sempre da melhor qualidade. Alguns originais estão expostos na sua casa. Não tem um catálogo sistemático. Os documentos estão classificados por países, e os originais até ao formato A4 estão também guardados por países. Os originais de formatos maiores estão guardados por dimensões, em 3 “escalões”.

Fernando Aguiar comenta que a família habituou-se desde cedo a lidar com a presença da colecção e nunca houve problemas. Embora afirme que a colecção não dominou a sua vida, reconhece que restringiu bastante a sua actividade criativa e teve impacto económico, pois deixou de fazer algumas coisas para canalizar o dinheiro disponível para a aquisição e manutenção do Arquivo. E gastou dinheiro com muitas das atividades que organizou, relacionadas com o material que veio posteriormente a integrar o Arquivo.

Fernando Aguiar é um artista a quem a colecção “aconteceu”. O facto de, desde muito novo, se relacionar com os artistas experimentais e dedicar-se a promover o seu trabalho, permitiu-lhe a reunião de um acervo único sobre algumas das correntes artísticas mais marcantes da segunda metade do Séc. XX. A abertura internacional posterior ao 25 de Abril de 1974 foi a oportunidade para divulgar de forma sistemática uma prática artística já conhecida (os poetas experimentais portugueses sempre tiveram laços com o movimento da poesia concreta, na Europa, no Brasil e no Estados Unidos) e para trazer para Portugal outros e novos artistas. A colecção não deixa de ser colecção por ser um pouco acidental. Permanece o reflexo da vida e da vontade do seu criador.

 

 

 

Catarina Figueiredo Cardoso

 


:::

Notas

[1] Que teve quatro apresentações, entre 1989 e 19982: na Universidade de Bolonha, na Fundação Gulbenkian em Paris, e nas Universidades de Poitiers e de Lyon.


:::

Referências

https://po-ex.net/taxonomia/transtextualidades/metatextualidades-alografas/fernando-aguiar-biografia

https://matlit.wordpress.com/2013/10/10/fernando-aguiar-sei-que-poderia-participar-em-mais-festivais-de-poesia-e-antologias-se-nao-fosse-poeta-visual/

http://pousio.blogspot.com/2010/03/arquivo-fernando-aguiar-exposicao-ate.html#ixzz3ww8wVyzQ