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À PROVA DE SOM EXPOSIçõES EM NOVA IORQUEANA CARDOSO2008-02-25Galeria David Zwirner, 525 W 19th St, Nova Iorque Christopher Williams: “For Example: Dix Huit Leçons Sur La Société Industrielle (Revision 7)”; 14 Fevereiro – 29 Março, 2008 A total ausência de som na exposição de Christopher Williams é absolutamente audível. O som anula-se quando entramos na galeria onde estão expostas as suas fotografias. Não estou numa câmara insonorizada – são imagens – de objectos, pessoas, coisas totalmente suspensas, paradas, sem reverberação. Sem reflexo. Coisas mate, catalogadas, indexadas e fotografadas com perfeição profissional. Seduz-nos a nitidez do objecto descontextualizado e suspenso numa imagem sem pulsação. Bem como os significados coniventes numa sociedade pós-industrial: lentes inertes de máquinas fotográficas, por dentro e por fora; um homem negro de camisa branca, a preto e branco, que segura uma câmara; uma mulher de roupa interior branca e transparente, a cores (tem as unhas vermelhas), que se senta de costas num chão negro; uma alforreca suspensa no fundo negro de um aquário, na Califórnia; pneus Michelin suspensos num branco hospitalar; as riscas de Daniel Buren. As intermináveis relações entre imagens, entre objectos fotografados, produzidos, reproduzidos e produtores, são a força e o móbil de Williams. O fotógrafo não tem outra função senão a de usar a câmara – a máquina que fotografa. Luc Tuymans: “Forever. The Management of Magic”; 14 Fevereiro – 22 Março, 2008 No armazém seguinte, onde está a exposição de Luc Tuymans, a ausência de som e a suspensão mantêm-se. A produção de imagens desfocadas engole o processo da pintura, onde a técnica se mantém inabalável, ao transportar a consciência para um limbo – um nível automático, sombrio, neutro e ambíguo de pinceladas – lembra uma nuvem. Procuro entre as imagens, na subtileza quase neutra das oscilações de cor. Há histórias sobre a origem das imagens. Tal como Williams, Tuymans descreve textualmente a origem dos seus objectos. A análise da imagem não a resolve mas faz-nos procurar a próxima. Tuymans transforma a banalidade da cultura massiça, global em exercícios de abstracção figurativa sobre a própria pintura. São pinturas de grande formato, onde as pinceladas ganham dimensão. Esta série “Forever. The Management of Magic” convoca o mundo fantástico de Walt Disney: Disneylândia, cenários, megalomania, utopia de projectos falhados e em decadência. The Kitchen, 512 West 19th Street, Nova Iorque Mai-Thu Perret: “An Evening of the Book and Other Stories”; 11 Janeiro – 8 Março, 2008 The Kitchen faz uma exposição individual de Mai-Thu Perret (n. 1976, Genebra), comissariada por Debra Singer e Rashida Bumbray. “An Evening of the Book and Other Stories” cria um cenário de peças quase aleatórias: uma instalação de três vídeos sem som, a preto e branco, inspirados na avant-garde russa e projectados sobre papel de parede com um padrão reflector; gráficos com setas e passos – coreografias impressas nas paredes pintadas de prateado; uma manequim sentada que lança um olhar vítreo a um tapete cor de beringela onde foi derramada tinta fosforescente; prateleiras onde se encontram as vírgulas que foram usadas nos vídeos; e uma esfera em novelo de néon branco no chão, a um canto. A construção desta instalação é codificada – usa símbolos que nos revelam alguns pressupostos. O projecto de vídeo (co-produzido por Mathieu Copeland) é central, dá o nome à exposição e assenta na colaboração com outras artistas, como Amy Granat ou Fia Backstrom – um conjunto de mulheres repete movimentos abstractos por entre objectos estranhos. Na origem está a peça de teatro russa agit-prop, de 1924, com o mesmo nome (“An Evening of the Book and Other Stories”). Aqui, as principais influências são a geometria construtivista e a cenografia de Stepanova. Sentimos uma crítica à alienação da sociedade pós-capitalista, de modo fragmentado e utópico, entre os vários objectos que sublinham a performance do vídeo. E também nas referências à avant-garde russa, que via na arte uma forma de restruturação social. Friedrich Petzel, 537 W 22nd St, Nova Iorque Seth Price; 9 Fevereiro – 8 Março A exposição de Price baseia-se no sentido da cultura prensada – de fácil distribuição. A consequência é a perda de informação. Ao aumentar imagens que foram comprimidas, o resultado pode ser abstracto. Esta exposição resulta de uma pesquisa sobre a interacção humana, onde o familiar se torna estranho. As imagens são passadas para placas de madeira, plástico e metal. E as placas desenhadas e cortadas são o espaço negativo das figuras que interagem – A design process, the fabrication of a "look and feel" that had not previously existed. Micro-Nation CAPACETE; 9 Fevereiro – 8 Março Micro-Nation CAPACETE é comissariado por Helmut Batista com os artistas Gabriel Lester, Jean-Pascal Flavien e Ducha – para celebrar dez anos de actividade de CAPACETE Entretenimentos, plataforma de actividades inter-culturais – residências, exposições e projectos que investigam e modificam o contexto político e social do Rio de Janeiro. Na exposição são mostrados projectos feitos em colaboração com CAPACETE e publicações que documentam esses e vários outros projectos. Ana Cardoso LINKS www.mathieucopeland.net/forthcoming.htm www.thekitchen.org www.ubu.com/sound/price.html www.petzel.com/index_price2008.html www.petzel.com/index_capacete.html www.davidzwirner.com |