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EXPOSIÇÕES NYC /ABRIL 07ANA CARDOSO2007-04-13“Just Kick it Till it Breaks” é a actual exposição de grupo apresentada no espaço “The Kitchen”, em Chelsea, na rua 19, e que fica até ao dia 28 de Abril. Os artistas são Fia Backstrom, Carol Bove, Bozidar Brazda, Gardar Eide Einarsson, Adam Helms, Scott Hug, Corey McCorkle, Dave McKenzie, Josephine Meckseper, Michael Phelan e Meredyth Sparks. Comissariada por Debra Singer e Matthew Lyons, a exposição conta com um conjunto de obras que se situam entre o protesto político — romântico e underground — e a sociedade de consumo. O político é abordado indirectamente por meio de mudanças e substituições de objectos, como acontece nas esculturas-estantes de Bove ou Meckseper. Joan Jonas mostra na galeria Yvon Lambert, em Chelsea, até 26 de Abril, “The Shape, The Scent, The Feel of Things” — uma instalação de cinco vídeos, em resposta a uma viagem de Aby Warburg ao Sudoeste americano, no final do século XIX. Há a participação do músico de jazz, Jason Moran e de vários objectos que pretendem levar à performance sem a presença do performer, no seguimento do projecto “My New Theater”, iniciado em 1997, em que os objectos são teatros portáteis. “Some Kind of Game Between This and That” é a exposição de Jonathan Monk, a decorrer na galeria Casey Kaplan, em Chelsea, até 5 de Maio. Monk faz referências irónicas e cómicas à arte conceptual das décadas de 60 e 70, regendo-se pelos mesmos princípios que favorecem a ideia, a produção em série e a desmaterialização do objecto artístico; usa diferentes media e faz confluir cultura popular, história da arte e referências pessoais. Numa das três salas da galeria David Zwirner, em Chelsea, são recriadas duas peças, uma de Rirkrit Tiravanija, “Untitled 1992 (Free)”, e outra de Gordon Matta-Clark, “Open House”, 1972 — até 28 de Abril. “Untitled 1992 (Free)” recria toda a estrutura arquitectónica da galeria 303, onde a peça foi criada em 1992. Nessa altura, Tiravanija deslocou todos os objectos da galeria para o espaço central e ofereceu um jantar de comida tailandesa durante a inauguração. Agora, os objectos são os mesmos, até os restos desse jantar estão empacotados e em exposição, e é possível comer o que lá é cozinhado, diariamente. “Open House” é uma das peças de Matta-Clark que recicla materiais para construir um espaço útil — espaço que, em 1972, foi habitado por pessoas sem-abrigo, na Greene Street, no Soho, em frente ao estúdio do artista. São peças que tentam enfraquecer o consumismo artístico. Philippe Parreno e Rirkrit Tiravanija apresentam na galeria Friedrich Petzel, também em Chelsea, um vídeo feito em conjunto e intitulado “Stories are Propaganda”, até 21 de Abril. O filme baseia-se em pensamentos e memórias que surgiram durante uma viagem à China, e foi filmado no Verão de 2005, em Guangzhou, a área metropolitana chinesa com maior população. Existe um tom melancólico na relação que se faz entre a voz off de uma criança quase adolescente que lê o texto e a justaposição de imagens díspares — um coelho albino, um programa de televisão, um boneco de neve feito de areia. O filme de 8’40’’ fala do mundo, da globalização, do crescimento demográfico, do aquecimento global, num tom nostálgico e sob perspectivas múltiplas: “...before you could get an espresso in Hamburg or Milwaukee... when people walked on the moon and snow covered London for weeks during Christmas time... A time when things were not weird, but strange, and then they were really strange.“ Jorge Pardo, também na Friedrich Petzel até 21 de Abril, mostra móveis para manter garrafas de vinho a uma temperatura controlada, candeeiros de tecto que lembram algas chinesas em plexiglass, relógios de cartão e pinturas feitas em serigrafia com motivos florais. Festivo e decorativo, dentro da tendência vintage actual. A primeira exposição individual de Josh Smith na galeria Luhring Augustine em Chelsea, uma nova série de pinturas abstractas, explora a mitologia do artista através da ironia das convenções formais. As pinturas parecem rápidas e também parecem brincar com a história da pintura abstracta, o que favorece a investigação do artista no campo da autoria e da autenticidade. A sua metodologia é sistemática e serial. As pinturas empregam uma atitude informal e casual que evoca a velha questão da arte pela arte. Até ao dia 28 de Abril. Pierre Bismuth tem três exposições concorrentes, com convite único, a acontecer nos dois espaços da Mary Boone (Chelsea e Uptown) e na Team Gallery, no Soho, até 28 de Abril. O título comum é “One Size Fits All”, e as peças são inconstantes e imprevisíveis — jogam às tipologias artísticas. O seu método conceptual tende a desmantelar processos culturais, entre o ready-made e a arte pop. Na galeria Mary Boone, ele mostra duas réplicas enormes, do chão ao tecto, das páginas da Artforum onde foram anunciadas as suas exposições, incluindo frente e verso. Na Team, apresenta “One Man’s Masterpiece is Another Man’s Mess”, fotografias ampliadas de um vidro partido, a citar o “Grand Verre” de Duchamp, sendo, neste caso, a obra apenas a mess… Kristin Baker mostra na Deitch Projects, no Soho, “Surge and Shadow” — novamente as mesmas pinturas inspiradas em colisões, desastres e explosões, apesar de estas terem perdido os seus referentes figurativos e serem claramente mais abstractas. O efeito óptico é poderoso não só pela escala, mas também pela quantidade de aplicações de tinta e transparências. A peça mais interessante é a pintura sobre plexiglass, que assenta numa estrutura metálica em forma curva e cria um espaço arquitectónico que conduz o movimento da própria pintura. A outra pintura, que assenta numa estrutura deslocada da parede, inspira-se também no “Grand Verre” de Duchamp, objecto vítima de um acidente literal. Até ao dia 14 de Abril. Jutta Koether e Kim Gordon mostram “Dead Already”, na Reena Spaulings Fine Art, espaço de uma galerista fíctícia, no Lower East Side, até 29 de Abril. Koether e Gordon organizaram um espaço em constante transformação, para todo o período da exposição, que conta com aparições, participações e performances (Dan Graham, bandas como os Magik Markers, K8 Hardy, Ei Arakawa, entre outros) — um work in progress. “Dead Already” pretende dar conta da aparição de imagens que estão por fixar. No espaço da galleria, há pinturas empilhadas que evocam um expressionismo zombie, à procura de uma narrativa entre diferentes campos e coreografias, mais ou menos espontâneas, que vão alterando o aspecto e a presença do local. Ana Cardoso |