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EM NOME DAS ARTES OU EM NOME DOS PÚBLICOS?ANA SENA2012-11-05A conferência “Em nome das artes ou em nome dos públicos? Pensando a mediação, a emancipação e a participação dos públicos” realiza-se nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2012, na Fundação Gulbenkian e surge este ano, ao abrigo de uma parceria entre o Serviço Educativo da Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest e o Programa Gulbenkian Educação para a Cultura. De que forma os museus e os centros culturais estão a lidar com as exigências e as necessidades dos seus públicos? A emancipação dos públicos é verdadeiramente promovida ou é sobre a falta dela que se constrói a mediação cultural na atualidade? Que grau de partilha e de participação é solicitado aos públicos dos museus? Onde começa a prática artística com comunidades e termina a mediação cultural? É o mediador cultural um agente isento e transparente? Estas e outras questões serão discutidas nesta conferência internacional que tem como objetivo a promoção do diálogo e a reflexão crítica à volta dos conceitos de mediação, emancipação e participação dos públicos. Para tal, contará com várias intervenções de oradores de renome internacional e grupos de trabalho repartidos por 3 dias. O primeiro dia será marcado pelas intervenções de Shirley Apthorp, diretora e fundadora da Umculo/Cape Festival, uma organização internacional dedicada à música e aos seus efeitos transformadores na sociedade sul africana e de Nora Sternfeld, curadora independente e educadora artística/mediadora cultural, professora na Academia de Belas Artes de Viena e na Universidade de Artes Aplicadas de Viena. Estarão também presentes Maria Acaso Lopez-Bosch, professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid, Kaija Kaitavuori ex-coordenadora do projeto educativo do Kiasma Museu de Arte Contemporânea de Helsínquia e primeira presidente da Associação Finlandesa de Educadores de Museus e Sofia Victorino, responsável dos Programas Públicos e Educacionais da Whitechapel Gallery em Londres e ex-coordenadora do serviço educativo da Fundação de Serralves, entre outros. No decorrer da conferência haverá espaço para a experimentação livre de obras de mediação e participação pelos participantes, permitindo assim levantar o debate sobre as práticas artísticas contemporâneas que questionam o lugar da arte, do museu, do público e do próprio mediador. Estas estarão a cargo do músico Simão Costa que desenvolve projetos de criação audiovisual que se caracterizam pela investigação em tecnologias interativas ao nível do som, imagem e luz, e de Tomas Ruiz-Rivas, fundador do Antimuseo, um projeto curatorial em torno dos mecanismos de legitimação da obra de arte, homenageado com o prémio de Boas Práticas da Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura. O segundo dia estará reservado aos cinco grupos de trabalho orientados pelos selecionados do “call for actions” lançado entre junho e setembro, e para o qual tiveram que desenhar propostas de mediação. Cada um dos proponentes terá 45 minutos para pôr em prática a sua proposta, aplicada agora ao espólio da Fundação Calouste Gulbenkian. Haverá também um espaço de 45 minutos para que estas propostas sejam discutidas entre os participantes (25 pessoas por grupo) e os “coaches”, convidados pela organização, entre os quais se pode encontrar Elvira Leite ou até Sofia Victorino. Segundo Raquel dos Santos Arada, coordenadora do serviço educativo da Culturgest e organizadora da conferência desde a sua primeira edição, “a estrutura da conferência, que conta com intervalos longos, apresentações de artistas e ensaios de novas práticas serve para testar as estruturas, as possibilidades e os limites da mediação cultural como é hoje praticada em museus e centros de arte.” Acrescentando ainda que a sua estrutura “é como a de uma meta-conferência: uma conferência que se estuda a si própria como conteúdo, estrutura e fenómeno de mediação e de participação de públicos.” Ana Sena |