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BIENAL DO WHITNEYANA CARDOSO2008-04-092008 Whitney Biennial Whitney Museum of American Art 945 Madison Avenue, New York 6 Março – 1 Junho 2008 A Bienal do Whitney Museum selecciona arte contemporânea recente, que é uma referência nos Estados Unidos. A exposição actual, em que participam oitenta e um artistas, foi comissariada por Henriette Huldisch, comissária assistente no Whitney, e Shamim M. Momin, comissária e directora do Whitney Museum at Altria – projecto satélite do museu, situado durante vinte e cinco anos na entrada de um edifÃcio da Park Avenue e actualmente em fase de mudança. De 6 a 23 de Março, e pela primeira vez desde que foi instituÃda em 1932, a Bienal alargou-se a outro espaço. No Park Avenue Armory, espaço estruturalmente diferente, foram experimentados projectos que funcionaram em laboratório (os Dexter Sinister mudaram durante duas semanas o seu escritório do Lower East Side para o Upper East Side). A maioria das obras site-specific criou uma dinâmica fluida, muito diferente da habitual no Whitney Museum – no edifÃcio do museu a exposição é densa e compacta e nos vários andares as obras formam um conjunto em que há pouca sintonia. Para o frequentador atento, ver esta bienal é fazer uma revisão. Mas pode ser uma actualização para quem não seja assÃduo das galerias, performances e exposições nova-iorquinas. A lista dos artistas conta com poucas novidades ou surpresas e as escolhas são mais previsÃveis nesta edição do que na de 2006, onde havia um fundo polÃtico e uma consciência crÃtica, subliminar do paÃs em guerra. Há contudo obras muito interessantes, que vale a pena rever, como é o caso dos desenhos de Frances Stark; muitas outras foram feitas expressamente para a Bienal, como é o caso do filme de Amy Granat e Drew Heitzler, ou da instalação de Fia Backstrom; e artistas que noutro contexto ganham outra leitura, como é o caso de Seth Price, Mary Heilmann, Louise Lawler ou Carol Bove. Price pareceu-me mais interessante na sala do museu onde se encontra agora do que na recente exposição individual da mesma série, na galeria nova-iorquina Friedrich Petzel. Passou a minar o espaço que ocupa e é interessante vê-lo ao lado do escultor Patrick Hill, que é mais formalista. No Park Avenue Armory, edifÃcio deslumbrante com três andares, forrado a madeira, espelhos, tinta a descascar, paredes pintadas, placas comemorativas, troféus de caça e um colossal pavilhão adjacente (Drill Hall), onde treinavam paradas militares, a programação incluiu festas (Eduardo Sarabia serviu tequilha ao som da dj Julieta Aranda) e performances diárias. As instalações mais interessantes foram as de Dj Olive (lugares para ouvir as suas diferentes músicas), Lisa Sigal (paredes pintadas de forma equÃvoca que pareciam apenas experiências nas paredes escuras de Drill Hall) e Gretchen Skogerson (instalação de lâmpadas fluorescentes, com algumas apagadas, que formavam buracos assimétricos na parede oposta à de Lisa, em Drill Hall). Os Dexter Sinister, dupla formada por David Reinfurt e Stuart Bailey, espelharam o seu projecto editorial e artÃstico para o Park Ave Armory, ao qual chamaram Sinister Dexter. Mesmo online podemos ir a sinisterdexter.org em vez de dextersinister.org, o site habitual, para vermos todos os projectos e programações que os próprios criaram diariamente para a bienal. O projecto consistiu na constituição dum grupo de press releases paralelos à própria bienal. Reeditaram os números um e dois de The Blind Man, de 1917; apresentaram um concerto de Alex Waterman; e Will Holder manobrou durante um dia o elevador do museu, “for the publick goodâ€, ou seja, “a bem do públicoâ€. No dia 23 de Março, o Armory fechou com um jantar-performance privado e barroco, de Rita Ackermann e Agathe Snow, em Drill Hall. No museu desenhado por Marcel Breuer, a dispersão que existia no Armory evapora-se. Das peças de som e do aspecto performance passamos para a moldura, o plinto, a instalação e a sala de vÃdeo. Interpelaram-me os painéis com colagens punk de Rita Ackermann; as pinturas feitas com diferentes vinis monocromáticos, de Joe Bradley; as ilustrações e texto de Matthew Brannon; a instalação de Fia Backstrom “Let’s Decorate and Let’s Do It Professionallyâ€, onde o logótipo do museu é usado para fazer padrões de papel de parede e guardanapos; o vÃdeo de Olaf Breuning, “Home 2â€, que ridiculariza a figura do próprio artista enquanto comentador social; a instalação de pintura ou desenho sobre fotografia de Rachel Harrison; as esculturas cómica e falsamente modernistas de Alice Konitz; a estrutura em mdf e espelhos, de Heather Rowe, “Screen (for the rooms behind)â€; as fotografias de Adam Putnam; as imagens com partes tridimensionais, de Baldessari; a escultura monumental de Ruben Ochoa; a instalação de Cheyney Thompson (3 pinturas e uma parede em frente, onde se encontra uma ventoinha e um texto do Whitney sobre a Bienal); as telas de diversos tecidos cosidos de Rashawn Griffin; o vÃdeo conjunto de Amy Granat e Drew Heitzler, filmado originariamente em 16 mm e que lembra a geração beat, com som de Jutta Koether e Stephan Tcherepnin; e o vÃdeo “Letter on the Blind†de Javier Téllez, onde um grupo de homens cegos é filmado em Brooklyn, a preto e branco, a reconhecer um elefante pelo tacto. Este ano a bienal não tem um tÃtulo nem uma mensagem especÃfica como a de 2006, “Day for Nightâ€, comissariada por Chrissie Iles e Philippe Vergne. Por um lado, não parece ter a mesma dimensão, por não criar relações especialmente interessantes nem mostrar peças mais marginais, desconhecidas e surpreendentes – o que a bienal anterior fez com mais audácia. Por outro lado, é uma exposição de revisão, e como tal assume uma forma de comissariado mais genérica. Contudo, a ocupação de um edifÃcio como o Park Avenue Armory foi uma novidade e teve enorme interesse. Lá se puderam programar inúmeras performances, que ocuparam de um modo real o espaço onde o público entrava e participava. Este ano estão ainda programados open studios no museu, mais uma novidade na estrutura da bienal, que envolve activamente o público na conversa com os artistas, diante das suas obras. Quarenta dos artistas foram entrevistados e essas conversas estão disponÃveis no museu e online. Os próximos open studios são (sempre à s 14H00): a 11 de Abril, Rashawn Griffin; 18 de Abril, Carol Bove; 25 de Abril, Gretchen Skogerson; 2 de Maio, Phoebe Washburn; 9 de Maio, Adam Putnam; 16 de Maio, Matthew Brannon; 23 de Maio, Amie Siegel; 30 de Maio, Jennifer Montgomery. Dia 25 de Abril à s 19H00, Eduardo Sarabia, convidado a dar um seminário na bienal (Multiple Edition), distribuirá pelo público a sua edição de duzentas peças. Ana Cardoso LINKS www.whitney.org/www/2008biennial/www/?section=home&page=video www.whitney.org www.whitney.org/www/collection/altria.jsp |