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PERSPETIVA ATUAL


Natureza Morta com Absinto (1887), Vincent van Gogh


O Bebedor de absinto (1859), Édouard Manet.


O absinto (1875–76), Edgar Degas.

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O FUEL DA ARTE



PEDRO PORTUGAL

2020-03-02




 


Os primeiros humanos inventaram a agricultura para a produção de cerveja antes de perceberem que podiam fazer pão com os cereais sagrados que cultivavam (beer before bread). Significa que a fixação de populações teve mais a ver com a intoxicação do que com a alimentação.

Terence McKenna (Food of the Gods, 1992), com formação em história da arte antes de se dedicar à etnobotânica, aponta uma singularidade arquitectónica da civilização Micénica (1600–1100 AC.) que precede a grega: as colunas dos palácios e templos em Knossos são em forma de cogumelos e há representações de papoilas e vagens de ópio em pinturas ou estilizações em altos relevos.

A particular teoria da evolução de McKenna assenta na possibilidade de que a ingestão por macacos durante milhões de anos de cogumelos com agentes psicoactivos (Psilocybin) ter mudado o curso da civilização: melhor visão (contornos e distância), exponencial actividade copulatória (sucesso no grupo), consciência (liderança) e duplicação do tamanho do cérebro. O mundo começa a ser pintado em 33.000 AC. (Chauvet) e a escrita é inventada em 8.000 AC. coincidente com o fim da pintura em rochas e do degelo, que fez subir 100 metros o nível da água do mar (Idade do Gelo II). 

Os gregos e romanos tinham os deuses Baco e Dionísio a trabalhar no ministério do vinho e da fermentação. Na Grécia o assunto era tão importante que havia um extenso vocabulário para designar assuntos relacionados com a bebida: kraipale que significava grande bebedeira e grande ressaca, karebaria (cabeça pesada de beber), apokraipalismos (curar a ressaca) ou oinopoleion para taberna. O vinho na Grécia antiga só era bebível misturado com água, mel e outros preparados, incluindo cogumelos. Uma bebida mais antiga de composição desconhecida, a que também chamavam vinho (Kikeon), tinha constituintes químicos ativos de alcaloides alucinogénicos muito próximos do LSD.

3.000 anos depois... no final do séc. XIX, a ideia do artista como boémio estava liquefeita no imaginário da época. A poção mágica que alimentava a intoxicação dos humanos era o absinto. A Fada Verde, por causa dos efeitos alucinógenos que produz: fractais, separação de cores, fragmentação da percepção, etc. Édouard Manet pinta em 1859 Le Buveur d'absinthe e Edgar Degas L’Absinthe em 1876. Vincent Van Gogh executa uma pintura essencialmente modernista, L’Absinthe (1887) onde o objeto de representação está focado numa garrafa e num copo de absinto — apenas dois personagens numa única pintura — inédito.

Por saber se não terá sido Paul Gauguin a cortar a orelha do amigo numa terrível discussão sobre pintura alimentada por absinto. Toulouse-Lautrec, desde que foi para Paris, nunca mais saiu de Montmartre e parava em todas as tascas de absinto para étouffer un perroquet (matar o bicho) a caminho dos bordeis que frequentava diariamente. Mandou fazer uma bengala oca que podia conter meio litro de absinto cuja tampa era um pequeno copo em vidro.

O modelo do artista boémio é durante o séc. XX transposto e melhorado em Inglaterra e EUA a partir dos anos 20. Francis Bacon afirmava que era alcoólico desde os 15 anos e foi membro fundador em Londres do clube privado The Colony (1948). Os membros tinham de ser artistas e serem first and foremost raging alcoholics — os YBA foram todos sócios invertebrados do clube até fechar em 2008. 

O FBI (e o álcool) inventaram o expressionismo abstracto para afirmar a liderança da arte americana internacionalmente. Em Willem de Kooning, Franz Kline ou Jackson Pollock já não há representação mas a própria intoxicação, conflito, urgência, grito e autenticidade mediúnica da tinta debatendo contra o suporte (ARGH!). Pollock tinha o hábito, socialmente aceite, de ir a jantares de colecionadores no Upper East Side e urinar piamente nas suas lareiras (uma reminiscência do pai Leroy que fazia desenhos com urina na terra ou a invenção do dripping?). De Kooning só conseguia acordar depois de beber uma garrafa de whiskey e Jasper Johns glorificou a cerveja transpondo para bronze duas latas da Ballantine Ale (1960). 

Atualmente o mundo da arte contemporânea tem um poderoso propulsor intoxicante: a indústria do álcool. O champanhe é a água no calendário infindável de feiras, inaugurações, leilões, prémios, private-views e bienais. A saber: Dallas Art Fair - Ruinart; Art Basel Hong Kong, Basel e Miami - Ruinart (Host Partner); o Turner Prize tem desde 2004 o Gordon's Gin como o patrocinador principal num contrato de 15 anos, tendo pago 1 milhão de libras nos três primeiros anos; ARCO Madrid, Ruinart e Cervezas Alhambra; ARCO Lisboa, Ruinart e Esporão; Bienal de Veneza - Prosecco Canella; Frieze - Ruinart e Bombay-Sapphire; o prémio Absolut Vodka Art Award; a FIAC Paris tem a Pernod-Ricard com parceiro principal...

Os indícios apontam para uma forte amizade histórica entre intoxicação e arte mas também na consistente empatia entre galerias e garrafas. Aparentemente as grandes marcas de bebidas encontraram ouro no mundo da arte. Vendem o lifestyle do artista e o álcool serve para celebrar vendas ou afogar fracassos. Fundamentalmente todos podem ser artistas: bebendo.

 

 

Pedro Portugal