Links

PERSPETIVA ATUAL


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia

Outros artigos:

2024-07-14


MAFALDA TEIXEIRA


2024-05-30


CONSTANÇA BABO


2024-04-13


FÃTIMA LOPES CARDOSO


2024-03-04


PEDRO CABRAL SANTO


2024-01-27


NUNO LOURENÇO


2023-12-24


MAFALDA TEIXEIRA


2023-11-21


MARC LENOT


2023-10-16


MARC LENOT


2023-09-10


INÊS FERREIRA-NORMAN


2023-08-09


DENISE MATTAR


2023-07-05


CONSTANÇA BABO


2023-06-05


MIGUEL PINTO


2023-04-28


JOÃO BORGES DA CUNHA


2023-03-22


VERONICA CORDEIRO


2023-02-20


SALOMÉ CASTRO


2023-01-12


SARA MAGNO


2022-12-04


PAULA PINTO


2022-11-03


MARC LENOT


2022-09-30


PAULA PINTO


2022-08-31


JOÃO BORGES DA CUNHA


2022-07-31


MADALENA FOLGADO


2022-06-30


INÊS FERREIRA-NORMAN


2022-05-31


MADALENA FOLGADO


2022-04-30


JOANA MENDONÇA


2022-03-27


JEANNE MERCIER


2022-02-26


PEDRO CABRAL SANTO


2022-01-30


PEDRO CABRAL SANTO


2021-12-29


PEDRO CABRAL SANTO


2021-11-22


MANUELA HARGREAVES


2021-10-28


CARLA CARBONE


2021-09-27


PEDRO CABRAL SANTO


2021-08-11


RITA ANUAR


2021-07-04


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-05-30


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-04-28


CONSTANÇA BABO


2021-03-17


VICTOR PINTO DA FONSECA


2021-02-08


MARC LENOT


2021-01-01


MANUELA HARGREAVES


2020-12-01


CARLA CARBONE


2020-10-21


BRUNO MARQUES


2020-09-16


FÃTIMA LOPES CARDOSO


2020-08-14


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-07-21


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-25


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-09


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-05-21


MANUELA HARGREAVES


2020-05-01


MANUELA HARGREAVES


2020-04-04


SUSANA GRAÇA E CARLOS PIMENTA


2020-03-02


PEDRO PORTUGAL


2020-01-21


NUNO LOURENÇO


2019-12-11


VICTOR PINTO DA FONSECA


2019-11-09


SÉRGIO PARREIRA


2019-10-09


LUÃS RAPOSO


2019-09-03


SÉRGIO PARREIRA


2019-07-30


JULIA FLAMINGO


2019-06-22


INÊS FERREIRA-NORMAN


2019-05-09


INÊS M. FERREIRA-NORMAN


2019-04-03


DONNY CORREIA


2019-02-15


JOANA CONSIGLIERI


2018-12-22


LAURA CASTRO


2018-11-22


NICOLÃS NARVÃEZ ALQUINTA


2018-10-13


MIRIAN TAVARES


2018-09-11


JULIA FLAMINGO


2018-07-25


RUI MATOSO


2018-06-25


MARIA DE FÃTIMA LAMBERT


2018-05-25


MARIA VLACHOU


2018-04-18


BRUNO CARACOL


2018-03-08


VICTOR PINTO DA FONSECA


2018-01-26


ANA BALONA DE OLIVEIRA


2017-12-18


CONSTANÇA BABO


2017-11-12


HELENA OSÓRIO


2017-10-09


PAULA PINTO


2017-09-05


PAULA PINTO


2017-07-26


NATÃLIA VILARINHO


2017-07-17


ANA RITO


2017-07-11


PEDRO POUSADA


2017-06-30


PEDRO POUSADA


2017-05-31


CONSTANÇA BABO


2017-04-26


MARC LENOT


2017-03-28


ALEXANDRA BALONA


2017-02-10


CONSTANÇA BABO


2017-01-06


CONSTANÇA BABO


2016-12-13


CONSTANÇA BABO


2016-11-08


ADRIANO MIXINGE


2016-10-20


ALBERTO MORENO


2016-10-07


ALBERTO MORENO


2016-08-29


NATÃLIA VILARINHO


2016-06-28


VICTOR PINTO DA FONSECA


2016-05-25


DIOGO DA CRUZ


2016-04-16


NAMALIMBA COELHO


2016-03-17


FILIPE AFONSO


2016-02-15


ANA BARROSO


2016-01-08


TAL R EM CONVERSA COM FABRICE HERGOTT


2015-11-28


MARTA RODRIGUES


2015-10-17


ANA BARROSO


2015-09-17


ALBERTO MORENO


2015-07-21


JOANA BRAGA, JOANA PESTANA E INÊS VEIGA


2015-06-20


PATRÃCIA PRIOR


2015-05-19


JOÃO CARLOS DE ALMEIDA E SILVA


2015-04-13


Natália Vilarinho


2015-03-17


Liz Vahia


2015-02-09


Lara Torres


2015-01-07


JOSÉ RAPOSO


2014-12-09


Sara Castelo Branco


2014-11-11


Natália Vilarinho


2014-10-07


Clara Gomes


2014-08-21


Paula Pinto


2014-07-15


Juliana de Moraes Monteiro


2014-06-13


Catarina Cabral


2014-05-14


Alexandra Balona


2014-04-17


Ana Barroso


2014-03-18


Filipa Coimbra


2014-01-30


JOSÉ MANUEL BÃRTOLO


2013-12-09


SOFIA NUNES


2013-10-18


ISADORA H. PITELLA


2013-09-24


SANDRA VIEIRA JÃœRGENS


2013-08-12


ISADORA H. PITELLA


2013-06-27


SOFIA NUNES


2013-06-04


MARIA JOÃO GUERREIRO


2013-05-13


ROSANA SANCIN


2013-04-02


MILENA FÉRNANDEZ


2013-03-12


FERNANDO BRUNO


2013-02-09


ARTECAPITAL


2013-01-02


ZARA SOARES


2012-12-10


ISABEL NOGUEIRA


2012-11-05


ANA SENA


2012-10-08


ZARA SOARES


2012-09-21


ZARA SOARES


2012-09-10


JOÃO LAIA


2012-08-31


ARTECAPITAL


2012-08-24


ARTECAPITAL


2012-08-06


JOÃO LAIA


2012-07-16


ROSANA SANCIN


2012-06-25


VIRGINIA TORRENTE


2012-06-14


A ART BASEL


2012-06-05


dOCUMENTA (13)


2012-04-26


PATRÃCIA ROSAS


2012-03-18


SABRINA MOURA


2012-02-02


ROSANA SANCIN


2012-01-02


PATRÃCIA TRINDADE


2011-11-02


PATRÃCIA ROSAS


2011-10-18


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-09-23


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-07-28


PATRÃCIA ROSAS


2011-06-21


SÃLVIA GUERRA


2011-05-02


CARLOS ALCOBIA


2011-04-13


SÓNIA BORGES


2011-03-21


ARTECAPITAL


2011-03-16


ARTECAPITAL


2011-02-18


MANUEL BORJA-VILLEL


2011-02-01


ARTECAPITAL


2011-01-12


ATLAS - COMO LEVAR O MUNDO ÀS COSTAS?


2010-12-21


BRUNO LEITÃO


2010-11-29


SÃLVIA GUERRA


2010-10-26


SÃLVIA GUERRA


2010-09-30


ANDRÉ NOGUEIRA


2010-09-22


EL CULTURAL


2010-07-28


ROSANA SANCIN


2010-06-20


ART 41 BASEL


2010-05-11


ROSANA SANCIN


2010-04-15


FABIO CYPRIANO - Folha de S.Paulo


2010-03-19


ALEXANDRA BELEZA MOREIRA


2010-03-01


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-02-17


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-01-26


SUSANA MOUZINHO


2009-12-16


ROSANA SANCIN


2009-11-10


PEDRO NEVES MARQUES


2009-10-20


SÃLVIA GUERRA


2009-10-05


PEDRO NEVES MARQUES


2009-09-21


MARTA MESTRE


2009-09-13


LUÃSA SANTOS


2009-08-22


TERESA CASTRO


2009-07-24


PEDRO DOS REIS


2009-06-15


SÃLVIA GUERRA


2009-06-11


SANDRA LOURENÇO


2009-06-10


SÃLVIA GUERRA


2009-05-28


LUÃSA SANTOS


2009-05-04


SÃLVIA GUERRA


2009-04-13


JOSÉ MANUEL BÃRTOLO


2009-03-23


PEDRO DOS REIS


2009-03-03


EMANUEL CAMEIRA


2009-02-13


SÃLVIA GUERRA


2009-01-26


ANA CARDOSO


2009-01-13


ISABEL NOGUEIRA


2008-12-16


MARTA LANÇA


2008-11-25


SÃLVIA GUERRA


2008-11-08


PEDRO DOS REIS


2008-11-01


ANA CARDOSO


2008-10-27


SÃLVIA GUERRA


2008-10-18


SÃLVIA GUERRA


2008-09-30


ARTECAPITAL


2008-09-15


ARTECAPITAL


2008-08-31


ARTECAPITAL


2008-08-11


INÊS MOREIRA


2008-07-25


ANA CARDOSO


2008-07-07


SANDRA LOURENÇO


2008-06-25


IVO MESQUITA


2008-06-09


SÃLVIA GUERRA


2008-06-05


SÃLVIA GUERRA


2008-05-14


FILIPA RAMOS


2008-05-04


PEDRO DOS REIS


2008-04-09


ANA CARDOSO


2008-04-03


ANA CARDOSO


2008-03-12


NUNO LOURENÇO


2008-02-25


ANA CARDOSO


2008-02-12


MIGUEL CAISSOTTI


2008-02-04


DANIELA LABRA


2008-01-07


SÃLVIA GUERRA


2007-12-17


ANA CARDOSO


2007-12-02


NUNO LOURENÇO


2007-11-18


ANA CARDOSO


2007-11-17


SÃLVIA GUERRA


2007-11-14


LÃGIA AFONSO


2007-11-08


SÃLVIA GUERRA


2007-11-02


AIDA CASTRO


2007-10-25


SÃLVIA GUERRA


2007-10-20


SÃLVIA GUERRA


2007-10-01


TERESA CASTRO


2007-09-20


LÃGIA AFONSO


2007-08-30


JOANA BÉRTHOLO


2007-08-21


LÃGIA AFONSO


2007-08-06


CRISTINA CAMPOS


2007-07-15


JOANA LUCAS


2007-07-02


ANTÓNIO PRETO


2007-06-21


ANA CARDOSO


2007-06-12


TERESA CASTRO


2007-06-06


ALICE GEIRINHAS / ISABEL RIBEIRO


2007-05-22


ANA CARDOSO


2007-05-12


AIDA CASTRO


2007-04-24


SÃLVIA GUERRA


2007-04-13


ANA CARDOSO


2007-03-26


INÊS MOREIRA


2007-03-07


ANA CARDOSO


2007-03-01


FILIPA RAMOS


2007-02-21


SANDRA VIEIRA JURGENS


2007-01-28


TERESA CASTRO


2007-01-16


SÃLVIA GUERRA


2006-12-15


CRISTINA CAMPOS


2006-12-07


ANA CARDOSO


2006-12-04


SÃLVIA GUERRA


2006-11-28


SÃLVIA GUERRA


2006-11-13


ARTECAPITAL


2006-11-07


ANA CARDOSO


2006-10-30


SÃLVIA GUERRA


2006-10-29


SÃLVIA GUERRA


2006-10-27


SÃLVIA GUERRA


2006-10-11


ANA CARDOSO


2006-09-25


TERESA CASTRO


2006-09-03


ANTÓNIO PRETO


2006-08-17


JOSÉ BÃRTOLO


2006-07-24


ANTÓNIO PRETO


2006-07-06


MIGUEL CAISSOTTI


2006-06-14


ALICE GEIRINHAS


2006-06-07


JOSÉ ROSEIRA


2006-05-24


INÊS MOREIRA


2006-05-10


AIDA E. DE CASTRO


2006-04-05


SANDRA VIEIRA JURGENS



YUKO MOHRI: COMPOSE



CATARINA REAL

2024-08-17




 

 

A quantidade de material textual e gráfico que é produzido a propósito da Bienal de Veneza é inqualificável, acompanhando a incongruência da retórica preocupada com a crise climática e a insistência na criação e promoção de grandes eventos que perpetuam as mesmas pegadas deixadas. Grande parte deste material impresso é facilmente descartável, seja este folhas de sala, obras de texto ou mesmo catálogos completamente acessórios ao evento ou exposição. Salvam-se excepções, naturalmente, mas parece-me ausente a assumpção de responsabilidade e da compreensão do que é e do que pode ser toda a criação e cuidado com materiais paraexpositivos.

Não é o caso de Yuki Mohri, a propósito da sua representação do Japão na 60ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza com a exposição Compose.

Apesar de também uma singela folha A4 nos ser entregue com alguma informação sobre a exposição, a artista e a curadora, é um postal com um desenho dourado que se salva da grande quantidade de desperdício que resulta da enorme quantidade de eventos e exposições acontecidas nesta Bienal.

Este postal é uma verdadeira obra a ser guardada. Se no verso se identifica o local, a data e os nomes relevantes, a frente permite-nos ficar com um belíssimo registo desta exposição. Um esquisso gravado a dourado sobre fundo branco, onde constam vários dos elementos da exposição, num desenho que se toma enquanto pensamento e não enquanto representação. Em linhas singelas se vê a ligação entre a matéria orgânica e os propósitos de criação de sistemas de funcionamento dos dois grupos de instalações apresentadas na exposição assim como das forças que permitem a criação de energia e o seu funcionamento momentaneamente autónomo.

Aparte esta nota de agrado, que tornará esta exposição revisitável através da obra souvenir que pertence agora ao meu arquivo e acervo, várias outras notas de distinção poderiam acompanhar este comentário, uma vez indubitavelmente os gestos de cuidado e pensamento ecológico atravessam a prática desta artista. Tornam-se, em si, gestos artísticos e não apenas bandeiras erguidas ao sabor das modas e como reacção à actualização do pensamento crítico sobre o funcionamento do mundo.

Yuro Mohri utiliza apenas objectos ordinários da vida quotidiana e de situações comuns da vivência da mesma, recombinados de forma a simular situações já vistas, presenciadas ou vividas, que se canalizam para a surpresa e reinvenção do mundo.

Em Veneza fez uso da água, de frutas e vegetais, mobiliário encontrado em lojas de segunda mão, assim como outros tantos objectos domésticos, maioritariamente contentores - baldes, bacias, regadores. De forma a ultrapassar o enorme dispêndio de recursos que acontece para deleite das classes cultas e delícia dos que se encontram inevitavelmente acima da linha do privilégio (considere-se QUEM poderá de facto visitar esta Bienal), não transportou para Veneza obras já realizadas, mas afecções que foram reencenadas neste lugar. Este gesto faz com que as obras em si se tornem imateriais. São afecções adaptadas ao lugar onde são apresentadas; obras que em si reúnem realidades distantes, evidenciado o comum de determinadas vidas apesar das suas distâncias geográficas.

Yuro politiza a poesia da vida quotidiana com uma irrepreensível capacidade escultórica de construção por adição, por medição de pesos, medidas, velocidades e vectores de energia.

 

Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia

 

 

Moré Moré parte da afecção pelas esculturas involuntárias criadas no metro de Tokyo, por parte da equipa de funcionários da manutenção, para controlar os efeitos e danos criados pelas infiltrações de água. Esta disposição de objectos de modo imprevisto, recursos próximos que resolvem precariamente as consequências do problema de base, resulta em instalações improváveis e periclitantes que Yuko replica no contexto expositivo, fazendo uso dos mesmos materiais, de semelhantes contentores ou recolectores de água, que criam um circuito entre si.

Ao mesmo tempo que a água circula, acontece no outro grupo de instalações, Decomposition, um concerto-performance de electrónica experimental activado por matéria orgânica. Uma bricolage científica e doméstica que tanto se situa entre a instalação para o tiktok como a mais alta exploração do media de instalação. Diz-se tal sem qualquer desconsideração, mas antes com o agrado de ver o quanto estas peças dialogam interdisciplinarmente e intergeracionalmente; a sua capacidade de sedução é ambivalente.

Várias naturezas mortas são compostas sobre móveis domésticos, aparadores, mesas de cabeceira, e através da captação da energia gerada pelo tempo abatido sobre matéria orgânica - a energia da decomposição e da morte inevitável - são modulados sinais eléctricos, que acendem luzes e despoletam sons. O “doce cheiro da decadência”, como é descrito pela curadora, Sook-Kyung Lee, acompanha esta obra e é também este modelado entre a aceitação do fim e pela renovação das naturezas mortas compostas sobre o mobiliário. O doce e a decadência acontecem por vagas.

O composto gerado - o excedente de matéria - serve então para alimentar o jardim em que o pavilhão do Japão se encontra.

De notar apenas, como nota de visitante curiosa e autónoma, que, embora se compreenda a fragilidade destas peças face à afluência e circulação de pessoas, e se imagine que muitos poderiam ser os acidentes decorridos, a coreografia da exposição fica aquém da sua enorme potencialidade conceptual e formal: é-nos interdito o acesso. É-nos impedido espreitar mais perto estes fenómenos de aproveitamento de energia vital, mantendo o visitante numa estrita coreografia não participante. Somos afastados da experiência dos mesmos acontecimentos da vida quotidiana, e compreendemos que estamos no art world que privilegia o valor e desprivilegia o impacto do fascínio, que nos poderia tomar o mundo.

 

 

 


Catarina Real
(1992, Barcelos) Trabalha na intersecção entre a prática artística e a investigação teórica no campos expandidos da pintura, escrita e coreografia, maioritariamente em projectos colaborativos de longa duração, que se debruçam sobre o questionamento de como podemos viver melhor colectivamente. É doutoranda do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho com uma investigação que cruza arte, amor e capital. Encontra-se em desenvolvimento da Terapia da Cor, prática aplicada entre teoria da cor, arte postal e intuição coreográfica. Mantém uma prática de comentário - nas vertentes de textos de reflexão, textos introdutórios a exposições, entrevistas e moderação de conversas - às obras e processos realizados pelos artistas na sua faixa geracional, com a intenção de contribuir para um ambiente salutar de crítica e criação colectiva e comunitária.
Foi artista residente na Residency Unlimited, Nova York, com apoio do Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC.

 

 


:::

 

 

YUKO MOHRI
COMPOSE
Pavilhão do Japão
Bienal de Veneza
20/04 > 24/11