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OPINIÃO


David MBonzo, “S/ Título”, 2006. Objectos diversos, corda de sisal, correntes, tecidos, madeira, cadeira e plásticos. Exposição


Tembo, ”S/Título”, 2006. Ferro, arame farpado, rede de metálica, artesanato, plástico e tecido. Exposição "Recados para casa"

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PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

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ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

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A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
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JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

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O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
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José Raposo

2014-09-08
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Mike Watson

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LuĂ­s Raposo

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Filipa Coimbra

2014-05-06
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SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

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A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
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BÁRBARA VALENTINA

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WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

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PEDRO PORTUGAL

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ROSANA SANCIN

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RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ÂȘ BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

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DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

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DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

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SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

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O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

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BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

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SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

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PEDRO DOS REIS

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ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

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LÍGIA AFONSO

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SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

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A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

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ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

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10ÂȘ BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

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PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

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TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

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JOSÉ BÁRTOLO

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100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

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SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

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GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

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SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singuliÚres

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

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O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporñnea

RUI PEDRO FONSECA

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A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
GestĂŁo de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
GestĂŁo de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

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O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

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ArtĂłria - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: AproximaçÔes contemporĂąneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre MemĂłria PĂșblica – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

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UM PERCURSO POR SEGUIR



JORGE DIAS

2006-08-01




O Movimento de Arte ContemporĂąnea de Moçambique nasce da preocupação dos artistas em criar um espaço institucional que responda Ă s suas produçÔes, dentro daquilo que entendem do “fazer arte”. Pretendem sobretudo criar uma alternativa para a produção e circulação da arte contemporĂąnea. A maior parte dos artistas que criaram o Movimento de Arte ContemporĂąnea de Moçambique (MUVART) eram Ă  Ă©poca estudantes da Escola Nacional de Artes Visuais (ENAV), alguns dos quais sĂŁo actualmente professores da mesma instituição. As mudanças nas artes aconteciam rapidamente e, a cada ano, novos acontecimentos surgiam, desmontando gradualmente clichĂ©s sobre as produçÔes que se faziam em Moçambique.

Os acontecimentos principais que marcaram os anos 90 foram os primeiros workshops internacionais de arte organizados em Moçambique a partir de 1991, por iniciativa da artista FĂĄtima Fernandes que trouxe artistas estrangeiros. Um dos objectivos destes workshops era o intercĂąmbio de experiĂȘncias plĂĄsticas e de linguagens entre os artistas, contribuindo para que estes substituĂ­ssem os espaços dos ateliers por um trabalho em grupo mais aberto a trocas. TambĂ©m as bienais de arte organizadas pelas TDM, com a primeira edição em 1991, marcaram a dĂ©cada de 90, ao contribuĂ­rem para a valorização do patrimĂłnio artĂ­stico, abrindo espaço para uma competição em arte. Os cursos mĂ©dios de artes da ENAV, a partir de 1992, puderam dar uma formação mais aprofundada sobre o aprendizado nas artes, na qual muitos dos recĂ©m-formados em ĂĄreas tĂ©cnicas tomaram interesse pela produção artĂ­stica. O concurso “Descoberta”, organizado pela Casa da Cultura do Alto-MaĂ© a partir de 1992, veio dar mais um espaço a novos criadores, tornando-se um evento onde podem participar todos os artistas sem os normais crivos dos jĂșris de selecção. AlĂ©m disso, as “Anuais” do Museu Nacional de Arte (MUSART), este ano na sua 16ÂȘ edição, um pouco mais selectiva, juntou nas primeiras ediçÔes artistas iniciados com os mais experientes. Estes eventos trouxeram oportunidades para os artistas novos exporem os seus trabalhos, incentivando-os deste modo a novas produçÔes mas resumindo a arte no simples prazer do fazer. Esta explosĂŁo nas artes, para alĂ©m de diversificar e aumentar a produção, trouxe aspectos negativos, ao contribuir para uma crise da pintura e da escultura.

Alguns factores que contribuĂ­ram para a crise das artes foram: 1) A falta de crĂ­tica de arte coerente e a incapacidade em dar suporte teĂłrico Ă s mudanças que se registavam, aliada Ă  ausĂȘncia de ensaios teĂłricos dos artistas; 2) A influĂȘncia da arte que jĂĄ se fazia, a nĂ­vel da pintura e da escultura, e a imposição por parte das estruturas de gestĂŁo da arte de modelos estĂ©ticos a seguir; 3) O reconhecimento da hegemonia global da arte, da qual Moçambique nĂŁo faz parte, por incapacidade das estruturas de poder artĂ­stico em legitimar internacionalmente as exposiçÔes oficiais e os seus artistas; o reduzido nĂșmero de galerias comerciais, de historiadores, comissĂĄrios e mecenas, os quais nĂŁo foram suficientes para responder Ă s profundas mudanças e criar uma estrutura sustentĂĄvel; 4) a deficiĂȘncia na documentação de actividades artĂ­sticas e as respectivas produçÔes.

Esta realidade só veio favorecer a produção numa dimensão comercial. As vendas determinavam muitas das vezes a qualidade do artista. A reputação de alguns artistas era inabalåvel, tendo muitos servido as políticas institucionais como forma de orientação e direccionismo estético. Eram verdadeiros campeÔes de premiaçÔes nas exposiçÔes oficiais. Construía-se, deste modo, um verdadeiro labirinto na circuito da arte. As produçÔes resumiam-se ao simples prazer do fazer.

Perante este quadro, os artistas, que hoje fazem parte do projecto estĂ©tico e de gestĂŁo cultural da MUVART, viram a necessidade de criar um espaço que pudesse resolver o impasse e a inĂ©rcia no campo da produção e da gestĂŁo das artes visuais. A MUVART tem uma polĂ­tica de abertura na gestĂŁo do seu programa — que se baseia essencialmente no intercĂąmbio com instituiçÔes de arte, com grupos congĂ©neres e artistas flutuantes —, a qual Ă© decisiva na arte.

Logo de inĂ­cio, viu-se a necessidade de criar uma sociedade paralela — um organismo mais leve que enquadraria os artistas mais novos, com outras experiĂȘncias, e onde pudessem encontrar um lugar de reflexĂŁo e de intervenção pĂșblica — desprendida da estrutura pesada que a MUVART apresentava. Neste novo organismo os “artistas-directores” sĂŁo responsĂĄveis por todo o seu funcionamento. Isto Ă©, os artistas devem criar os seus projectos, dirigi-los, teorizĂĄ-los e implementĂĄ-los.

Era necessĂĄrio que a MUVART criasse actividades prĂĄticas nos mais diversificados nĂ­veis. O passo seguinte, depois das teorizaçÔes, foi a criação do projecto “expo arte contemporĂąnea Moçambique” que serviu como um projecto-laboratĂłrio, onde o principal objectivo era incentivar novas produçÔes e a teorização. Seguiram-se exposiçÔes menores, com destaque para HORA O, em 2005, e as participaçÔes nas feiras de arte contemporĂąnea de Lisboa 2004 e ARCOÂŽ06. O documentĂĄrio sobre a MUVART, produzido por ZĂ© Augusto e a Lxfilmes, contribuiu significativamente para a divulgação da MUVART dentro e fora de Moçambique. Coube Ă  sociedade paralela apoiar a MUVART e caminhar para o espaço da teorização, assim como da intervenção pĂșblica, com destaque para a obra realizada no MALUME, bar situado no bairro do Jardim, na periferia da cidade de Maputo.

Engajar-se nesse percurso nĂŁo Ă© simplesmente uma determinação de grupo, mas um resultado de caminhos e desvios que a realidade impĂŽs aos artistas. Muitas das vezes nĂŁo se escolhe por onde ir. SĂŁo simplesmente conduzidos por vontades de mudar e de enfrentar novos desafios para obter resultados sobre os quais, frequentemente, nĂŁo se pode ter o controlo. A arte contemporĂąnea tem o poder de oferecer uma matriz para outras possibilidades. A MUVART estĂĄ condicionada a um “fazer” e “refazer” permanente da arte e das suas estratĂ©gias. EstĂĄ condicionada a ser um movimento de mudança permanente.


Jorge Dias
Artista PlĂĄstico