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GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTROINÊS MOREIRA2007-07-02Parte 1 – Árvore, retomar um local ancestral de encontro e discussão A árvore. Considerá-la local de encontro pode parecer bucólico: sob os ramos da árvore, protegidos dos raios do sol, os grupos organizam-se e encontram-se. A sombra da árvore é um tema comum do imaginário ocidental transversal às diferentes épocas, culturas e classes. A árvore fez sempre parte do universo popular, também nas classes mais abastadas, fê-lo no despontar da burguesia e da cultura do lazer. Sob os ramos da árvore a comunidade reúne-se e partilha a vida em comum. Muitas vezes merenda, bebe e estende a vida em público com actividades de lazer, num lago, num baloiço, numa manta. Local de origem, símbolo da vida e do conhecimento, a árvore poderá ter estado na origem da construção dos primeiros assentamentos humanos. Longa é a discussão sobre a origem do recinto, da enclosure, da delimitação de um interior e um exterior, cujos argumentos vão da construção, de Vitrúvio, à tecedura, como defendido por Gottfried Semper. Mas ganha um especial relevo com Viollet le Duc, pois com o entrançar dos ramos e o recobrimento com folhas e outros elementos vegetais sugere terem surgido os primeiros abrigos do Homem. Outro relato aponta para o fogo, o calor, como amenidade que congregou o Homem e potenciou a linguagem, o sentido de comunidade e o assentamento. As gravuras mostram a fogueira alimentada por troncos no seio da floresta. Ambos relatos apontam a árvore como matéria-prima, plástica e símbolo da conformação do local da comunidade. A árvore é um lugar ancestral de encontro e reunião popular para debate, resolução e aplicação de decisões da vida em comunidade. Sob as árvores, sem mais construção, tecnologia ou apetrecho, ocorreram eventos que originaram e definiram a esfera pública. Na Alemanha, seguindo a tradição medieval de encontro ao ar livre em espaços naturais, a árvore era um lugar de reunião de assembleias, onde a população se encontrava para debater publicamente questões que lhe eram comuns. Aí surgiram as primeiras assembleias legislativas, antes da comunidade se alargar e o voto se tornar universal e assim substituir o encontro. Estas assembleias – “Thing site” ou “ting place” – eram o lugar da coisa. Partilham o mesmo étimo latino que as denomina simultaneamente lugar da coisa ou causa. A etimologia de thing é explanada por Heidegger. “The old High German word thing means a gathering, and specifically a gathering to deliberate on a matter under discussion, a contested matter. In consequence, the old German words thing and dinc become the names for an affair or matter of pertinence. They denote anything that in any way bears upon men, concerns them, and that accordingly is a matter of discourse. The Romans called a matter for discourse res. The Greek eiro (rhetos, rhetra, rhema) means to speak about something, to deliberate on it. Res publica means, not the state, but that which, known to everyone, concerns everybody and is therefore deliberated in public.” (1) Inicialmente com a conformação “natural” dos seus ramos e copa, o thing site foi sendo progressivamente podado e plantado em disposições que permitiam a criação de grandes extensões cobertas para albergar os encontros da população sob edifícios vegetais. Barbara Dolmeyer (2) apresenta como a árvore foi ganhando uma linguagem e substância simbólica que se sobrepunha à majestade natural e importava uma linguagem ao lugar da causa/coisa. Progressivamente as copas foram sendo artificializadas, incluindo elementos construtivos e tornados quase-edifícios para uso também no Inverno. As causas eram as coisas que reuniam e davam forma a estas para-arquitecturas. (A atmosfera democrática que se respira sob a árvore tem por reflexo antagónico a violência praticada na aplicação pública de penas físicas. A árvore foi frequentemente o local de punição. O enforcamento, ou o linchamento, aí tinham lugar, restando os cadáveres castigados como aviso à ordem pública.) Parte 2 – Proporcionar o encontro Esta primavera trouxe-nos as edições nacionais de dois eventos internacionais constituídos como plataformas de debate e apresentação de ideias. A japonesa Pecha Kucha Night (3) e a plataforma colectiva Wonderland (4) sedeada na Áustria. Ambos eventos se situam entre o encontro hype nocturno e a criação de novos espaços de debate, reinventando as formas de comunicação, seja, na primeira, pela introdução de um formato dinâmico, sintético, oral e multidisciplinar, seja no segundo caso, pela atenção disciplinar mais temática dispensada às práticas e estratégias dos ateliers de arquitectura mais jovens e já com alguma visibilidade pública. Recorrendo a formatos e tácticas comunicacionais distintas, ambos eventos manifestam o desejo de potenciar a partilha de experiências, dar visibilidade num panorama internacional. A noite P.K. Lisbon é uma maratona de apresentação de conceitos, projectos e ideias que permite aos oradores vencer a timidez, dar a conhecer work in progress e aperfeiçoar a apresentação pública. O formato é simples: 20 oradores com carreiras e experiências distintas (5 artistas + 5 arquitectos + 5 designers + 5 estudantes) dispõem de 6´40´´ cronometrados pelas 20 imagens projectadas que os acompanham. Abreviadamente, o Pecha Kucha Night Lisbon (5) é um evento-enciclopédia situável para além da reflexão académica e da discussão profissional. (P.K. significa algo como blá blá blá blá). A comunicação baseia-se na oralidade, na fisicalidade e no sentido de ritmo do orador, bem como na presença em palco, acompanhados pelo poder da imagem. O diálogo com a plateia está suprimido, contudo esta invade o palco, que partilha com os oradores. A noite resulta num inside voyeurista ao universo dos vários criadores, sob a forma de um brainstorm de informação a editar posteriormente. Reserva-se o intervalo denominado “da cerveja” e o final da noite para a troca de ideias, contactos e definição de futuras colaborações. A “Road to Wonderland” (6), no Porto, é um conjunto de noites de apresentação de jovens ateliers de arquitectura, focadas nas questões profissionais e nas estratégias de entrada no mercado de trabalho, bem como na contextualização de alguma produção cultural desta geração mais recente de arquitectos. É organizada pela Ordem dos Arquitectos do Norte, que procura conhecer e apresentar a realidade profissional dos seus associados mais jovens, de Norte a Sul. O Caminho para chegar a Wonderland conta com 2 tipos de apresentação: a conferência para apresentação de portfolio e de investigação histórica monográfica; e a mesa redonda de discussão. O formato, conhecido e com carácter convencional, apoia-se também nas novas tecnologias para as apresentações (slide show com vídeo, música, etc). É a parceria com a Wonderland, é uma rede internacional de circulação de projectos em exposições e produtora da revista com o mesmo nome, que proporcionará a internacionalização de 11 dos ateliers na futura exposição “Wonderland Exchange: Changing Europe / (Ex-) changing conditions”. (Contudo, a organização refere que wonderland é um mapa dos caminhos e estratégias para a prática de arquitectura, e não um caminho para afirmar o estrelato.) Estes eventos atingem públicos e objectivos distintos. PKN permite retratar as práticas criativas e profissionais e tardo-académicas. No seu painel retrata-se a preponderância dos 2000 de colectivos - as*- atelier de santos, Atelier Mob, Musa, Pedrita + Frederico Duarte, Sara & André - e de colaborações/projectos multidisciplinares -aforest-design (moda/design), Moov (arte/arquitectura), Marta de Menezes (arte/ciência) – nos quais as fronteiras disciplinares são esbatidas, os processos são abertos e definidos em cada projecto. Apenas na concretização dos objectos se volta a relocalizar o (eventualmente dispensável neste contexto) enquadramento disciplinar. A proposta de livro “Fabrico próprio” sobre pastelaria semi-industrial portuguesa de Pedrita + Frederico Duarte é um desconcertante objecto de design, o trabalho de Moov utiliza conceitos da arquitectura e da arte, comunicando com um forte design gráfico, Marta de Menezes encontra-se no laboratório entre a arte e a ciência, e as vigas metálicas vermelhas colocadas por José Adrião ao longo do rio para demarcar um percurso de visibilidade da ponte de Sta. Clara enunciam uma ligação ao paisagismo e à arte conceptual. As apresentações “taylor made” concebidas para P.K. distanciaram-se do que torna esta noite única e interessante: a oralidade. Dispensando-a, Flúor Design e apresentou um esquema multimédia com fluxos que caricaturam e ironizam as relações entre o cliente, o designer e a produção de um trabalho. Também o poema visual ilustrado com sólidos geométricos por Carrilho da Graça dispensou o autor, abrindo um espaço de contemplação na noite. Ambas apresentações foram concebidas para a temporização da informação e desvalorizaram a fisicalidade, perdendo com isso substância. Na apresentação do sound designer Rui Gato podia-se ouvir, “tenho como fontes principais a síntese e o sampling. A síntese permite criar o som a partir do nada. O sampling permite captar qualquer som que exista no nosso multiverso.” O sampling (acrescentamos o zapping) podem caracterizar a hibridação disciplinar desta noite. Contudo, a aparente transversalidade, e multidisciplinaridade, do elenco convidado é rompida pontualmente. Por Fernando Brízio, que partindo de 20 frames de Buster Keaton e com base numa análise crítica sobre o papel social do designer, nos mostra como uma pincelada na parede pode ser um dispositivo relacional que origina um objecto. Foram as apresentações de práticas menos disciplinadas, e porventura mais transversais, que evidenciaram as diferenças disciplinares (com a arte, o design e a arquitectura). “Talking about music is like dancing about architecture” projecta Rui Gato, nos 6 minutos em que um instrumento electrónico fala por ele. A mesma clareza com que Mário Feliciano, numa apresentação sobre tipografia, nos refere “as letras são coisas não são imagens de coisas; e a minha coisa favorita é um [gigantesco] “g” minúsculo”. Leva a plateia a reperspectivar a atenção sobre transversalidade. O que pode ser mais transversal e simultaneamente mais disciplinar do que um “g” minúsculo? A RtW permite conhecer o que de novo se faz e constrói, quais os percursos individuais e colectivos e quais as estratégias encontradas e as condições para o fazer. Através dos projectos conhecem-se percursos (dos jovens licenciados aos menos jovens docentes). É usado o tom do relato da experiência pessoal. Verifica-se que as práticas emergentes se baseiam em laços de proximidade (muitas vezes na intimidade, entre amigos próximos e família, estão os sócios, os colaboradores, os clientes). As irmãs Rita e Catarina Almada Negreiros abrindo a porta do Atelier de Santa Catarina em Lisboa e formularam mapas com as cidades e todas as colaborações que já estabeleceram. Designers, artistas, paisagistas, arquitectos, dividem espaço e estabelecem parcerias à medida que os projectos surgem. As colaborações à distância com colegas noutras cidades, como a que deu origem ao 2º lugar no concurso da “Architectural Foundation” evidenciam a importância das pós-graduações e dos estágios no estrangeiro, não só como formação, mas como estratégia de trabalho. NPS arquitectos, três colegas desde a faculdade, mostraram como (o sucesso) na participação em concursos públicos – destaca-se a sede da Ordem dos arquitectos do Norte - permitiu consolidar o início de carreira e constituir escritório. Num paralelismo entre os espaços de trabalho que usam e os espaços que neles projectam, evidenciam a fragilidade do início e dão um tom positivo às possibilidades de crescimento. Também optimista, o atelier SAMI arquitectos, de Setúbal, mostrou como a mobilidade - do final de formação em Paris para a geografia ultra-periférica açoriana – e a diversidade de experiências (ex. no funcionalismo público) contribui para a maturidade com que começaram um percurso por concursos públicos, onde apresentaram propostas e encontraram clientes. Neste percurso conseguiram conceber e construir um conjunto de edifícios de pequena escala e grande pormenor. Guilherme Machado Vaz, único autor individual, apresentou uma casa de férias construída para a família. Focou a atenção sobre a ligação à paisagem, aos afectos, às suas referências literárias, e artísticas, bem como aos conceitos construtivos. O seu trabalho enquanto autor é desenvolvido paralelamente à carreira de “feliz funcionário camarário”. O escritório Labastida & Maia, de dois assistentes universitários, mostrou conceitos e obsessões do trabalho que nos últimos 8 anos vêm desenvolvendo paralelamente à actividade docente. A apresentação permitiu-lhes ordenar material, de onde ressaltam uma casa e a reconstrução de uma quinta, projectos para clientes privados com capacidade de investimento. Por contraste, o colectivo Plano B teve origem na experiência curta de cursos sobre tecnologias de construção em terra e na tentativa de experimentação prática da sua aplicação com materiais industriais. No seu percurso por concursos e na angariação de clientes, mostram como a (aparente) contradição entre o licenciamento no limite da legalidade e a autoconstrução por arquitectos e clientes lhes permite encontrar espaço para pequenas experiências com tecnologias modernas e técnicas vernaculares. Exploram a experimentação em workshops. Os mais jovens Ivo Martins (com Matilde Seabra) e Pedro Barata Castro demonstram percursos distintos: os primeiros projectando e construindo desde a faculdade, mantendo colaborações com instituições da cidade do Porto, e utilizando as próprias obras para finalizar o curso. O segundo, perseguindo uma formação teórica e procurando por concursos de ideias e a auto-proposta na criação de projecto e angariação de clientes. Ambos eventos têm lugar em auditório e palco. Alargam-se posteriormente pela noite onde se pode discutir por longo tempo o conteúdo das apresentações. Estendem assim o programa com a existência de um local de sociabilização. Pensemos como seria articular ambos espaços: o encontro e o debate. Sem parte – Just What Is It that Makes Today’s Gatherings So Different, So Appealing? Os eventos P.K.N e RtW diagnosticam a contemporaneidade, dão relevo à oralidade, definem o formato, criam público e têm visibilidade. Seria contudo interessante potenciar o diálogo e questionar um pouco mais o que caracteriza um encontro para criar condições para a discussão. Observemos o exemplo da “árvore” concebida por Tetrarc Concept Plastique, um projecto de 2003 que recupera o desejo de fundação de locais de encontro, de assembleias para discussão e partilha de ideias. Recupera a ideia de assembleia pública, é uma tenda itinerante encomendada pela Municipalidade para ser montada em praças de Nantes. Criada para debates e encontros de associações e grupos de cidadãos de Nantes, cria espaço de discussão e paralelamente, remete também para a simplicidade e pureza das actividades mais simples: piquenique, repouso, oferta de protecção do sol ou da chuva. « …L’ arbre est un symbole fort, l’arbre à palabre sous lequel Saint Louis faisait régner la justice. Les exemples ne manquent pas. Il ne véhicule pas d’ image violente, un arbre est toujours bien accueilli «on en voudrait d´ailleurs un peu plus». L´arbre est l´image de la tranquillité et de la sagesse. Nantes en possède un véritable exemple à la Botière (un châtaignier de plus de 1300 ans)». (7) Constitui-se de uma gigante árvore transformada em estrutura portátil, recoberta com têxteis que filtram a luz e simulam folhagem verde através de mãos humanas impressas. Importa sublinhar a ideia subjacente ao projecto de Tetrarc: o seu programa é proporcionar encontro e gerar diálogo. Hoje, nestas noites de 2007 faz-se a apresentação de universos e experiências individuais, ordenam-se categorias e criam-se novos patterns. Nestes jovens eventos, começa a resultar mais visível e sistematizada uma realidade baseada na flexibilidade e inventividade dos criadores, que vem ganhando consistência metodológica, caracterizando-a como época. Através de uma enorme collage faz-se o levantamento de uma geração de criadores e assiste-se aos passos dados numa Europa alargada. Assiste-se ao cartografar de uma geração, cuja prática e quotidiano está em permanente mutação e que com a mobilidade, as novas tecnologias e as redes interpessoais de amigos e colegas estrangeiros alargou os seus horizontes e reinterpretou o que é ser português-europeu-cidadão. Ficando aberto espaço na esfera pública para esta nova geração, urge agora repensar formas de participação no espaço público que mantenham os modos de relacionalidade cartografados. Se em 1956, Richard Hamilton fazia quase a mesma pergunta na famosa collage da exposição “This is Tomorrow” em Londres, - “Just What Is It that Makes Today’ s Houses So Different, So Appealing?” - referia-se ao seu tempo, ao consumo, à sedução da imagem e ao interior da habitação. Hoje, é a necessidade de redefinição da esfera pública que nos leva a substituir o termo house – do título de Richard Hamilton - pelo termo gathering, isto é, o local de delimitação do encontro – casa – pelas condições do evento do encontro em si. Como vimos, ancestralmente foi sendo proporcionado pela árvore. Hoje, procuram-se lugares públicos, de encontro, para tornar simultaneamente “as coisas”, também “as causas”, públicas. Inês Moreira Arquitecta (FAUP) e Mphil (UPC-Barcelona) Doutoranda no Goldsmiths College, Londres PARTICIPANTES Na 1ª Pecha Kucha Night Lisbon: aforest-design, as*- atelier de santos, Atelier Mob, Fernando Brizio, Flúor Design, Gonçalo Justino, Mário Feliciano, Musa, João Luís Carrilho da Graça, José Adrião, Marta de Menezes, Moov, Pedrita + Frederico Duarte, Rui Gato, Sara & André, Vasco Araújo, 2aMO, 3JV, 6.40 Degraus, Triplet Na Road to Wonderland: Guilherme Machado Vaz, atelier de Santa Catarina, NPS arquitectos, abarrigadeumarquitecto.blogspot.com, plano B, Labastida & Maia, Sami arquitectos, Ivo poças Martins, Pedro Barata Castro. NOTAS (1) Heidegger, Martin – “The Thing”, 1951 texto reproduzido em Latour, Bruno, Weibel, Peter “Making Things Public. Atmosferes of democracy” ZKM, MIT, Karlsruhe e Londres, 2005 (2) Dolmeyer, Barbara “Thing site, Tie, ting place. Venues for the administration of law” in Latour, Bruno, Weibel, Peter “Making Things Public. Atmosferes of democracy” ZKM, MIT, Karlsruhe e Londres, 2005 (3) Site geral da pecha Kucha Night www.pecha-kucha.org (4) Site geral da Wonderland www.wonderland.cx subdivide-se em “Wonderland exhibition tour” e Wonderland magazine (5) Site Pecha Kucka Night Lisbon www.pechakuchalisbon.blogspot.com e www.pecha-kucha.org/lisbon. Foi iniciado em 2003 no Japão por um jovem atelier que abria o seu espaço. Em Lisboa aconteceu num auditório e a sua organização é independente: um grupo de jovens profissionais que procuram conhecer criadores de diferentes áreas para estabelecer uma cartografia do tempo ao qual pertencem. P. K. N. Lisbon teve lugar no Cine Teatro da Barraca, dia 21 Maio 2007 às 22h, o evento repetir-se-á trimestralmente, aguardando propostas espontâneas de oradores para Setembro. (6) Site da Road to Wonderland www.dd.fba.up.pt/roadtowonderland/ |