Links

OPINIÃO


Candida Höfer, “Musée du Louvre Paris XVI 2005 - Peinture française”. Copyright: Candida Höfer/VG Bild-Kunst Bonn 2005/ADAGP, Paris 2006


Candida Höfer, “Musée du Louvre Paris XVIII 2005 - Grande Galerie”. Copyright: Candida Höfer/VG Bild-Kunst Bonn 2005/ADAGP, Paris 2006


Candida Höfer, “Musée du Louvre Paris VIII 2005 - Antiquités romaines”. Copyright: Candida Höfer/VG Bild-Kunst Bonn 2005/ADAGP, Paris 2006


Candida Höfer, “Musée du Louvre Paris XIII 2005 - Galerie de la Melpomène”. Copyright: Candida Höfer/VG Bild-Kuns56t Bonn 2005/ADAGP, Paris 2006


Candida Höfer, “Musée du Louvre Paris XI 2005 - Galerie d’Apollon”. Copyright: Candida Höfer/VG Bild-Kunst Bonn 2005/ADAGP, Paris 2006


Francis Bacon, “Final Unfinished Portrait”, 1991-1992. Copyright: ADAGP, Paris, 2006 DACS


William Forsythe / Peter Welz, “Retranslation / Final Unfinished Portrait (Francis Bacon)”. Copyright: ADAGP, Paris, 2006


Peter Welz, estudo para “Retranslation / Final Unfinished Portrait (Francis Bacon)”. Copyright: ADAGP, Paris, 2006


Vista da instalação “Retranslation / Final Unfinished Portrait (Francis Bacon)”, William Forsythe / Peter Welz. Copyright: Musée du Louvre/Angèle Dequier, © ADAGP, Paris, 2006


Edgar Degas, “Femme nue échevelée penchée en avant à droit”, Musée du Louvre, fundos do musée d’Orsay. Copyright: RMN/Jean-Gilles Berizzi


Sonia Andrade, Sem título, 1977, Filme PB, 4’. Copyright: Sonia Andrade


Eugène Delacroix, “Personnages et animaux d'après la 'Chute des Damnés’”, Musée du Louvre. Copyright: RMN


Kazuo Ohno, “Portrait of Mr. O”, 1969, Filme PB, 65’ (Chiaki Nagano). Cortesia Kazuo Ohno Archive


Charles Le Brun, “Homme nu, les bras levés”, Musée du Louvre. Copyright: Photo RMN /Gérard Blot


Bruce Nauman, “Bouncing in the Corner, No. 2: Upside Down”, 1969, Vídeo PB, 60’. Copyright: Electronic Arts Intermix (EAI), New York


Georges Seurat, “Le Dormeur”, 1887, Musée du Louvre, fundos do musée d’Orsay. Copyright: Photo RMN/Michèle Bellot


Samuel Beckett, “Film”, 1965, Film NB, 21’


Samuel Beckett, “Film”, 1965, Film NB, 21’

P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay" data-lightbox="image-1">
Paul Cezanne, “Le Pont de Maincy”. Copyright: P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay


Jeff Wall, “The Drain, 1989


Jeff Wall, “Rear View, Open Air Theater”, 2005. Cortesia Galerie Marian Goodman, Paris / fotografia Jack Foster. Copyright: Jeff Wall

P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay" data-lightbox="image-1">
Claude Monet, “La cathédrale de Rouen. Le portail vue de face. Harmonie brune”, 1892-1894. Copyright: P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay

P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay" data-lightbox="image-1">
Claude Monet, “La cathédrale de Rouen. Le portail et la tour Saint-Romain, effet du matin. Harmonie blanche”, 1893-1894. Copyright: P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay

P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay" data-lightbox="image-1">
Claude Monet, “La cathédrale de Rouen, le portail, temps gris. Harmonie gris”, 1892-1894. Copyright: P.Schmidt, Paris, musée d'Orsay


François Morellet, “Trois Démonétisations”, 2006. Copyright: François Morellet, ADAGP, Paris 2006

Outros artigos:

CRISTINA FILIPE

2024-11-25
FLORA CALDENSE. UMA COLABORAÇÃO PÓSTUMA DE MARTA GALVÃO LUCAS COM AVELINO SOARES BELO, JOSÉ BELO, JOSEF FÜLLER E JOSÉ LOURENÇO

CATARINA REAL

2024-10-22
JULIEN CREUZET NO PAVILHÃO DE FRANÇA

HELENA OSÓRIO

2024-09-20
XXIII BIAC: OS ARTISTAS PREMIADOS, AS OBRAS MAIS POLÉMICAS E OUTRAS REVELAÇÕES

MADALENA FOLGADO

2024-08-17
RÉMIGES CANSADAS OU A CORDA-CORDIS

CATARINA REAL

2024-07-17
PAVILHÃO DO ZIMBABUÉ NA BIENAL DE VENEZA

FREDERICO VICENTE

2024-05-28
MARINA TABASSUM: MODOS E MEIOS PARA UMA PRÁTICA CONSEQUENTE

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


CORRESPONDÊNCIAS: APROXIMAçõES CONTEMPORâNEAS A UMA €ICONOLOGIA DO INTERVALO€



ANTÓNIO PRETO

2006-12-15




2
[...] A imagem da felicidade está indissoluvelmente ligada à da salvação. O mesmo ocorre com a imagem do passado, que a história transforma em coisa sua. O passado traz consigo um índice misterioso, que o impele à redenção. Pois não somos tocados por um sopro do ar que foi respirado antes? Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram? Não têm as mulheres que cortejamos irmãs que elas não chegaram a conhecer? Se assim é, existe um encontro secreto, marcado entre as gerações precedentes e a nossa. Alguém na terra está à nossa espera. Nesse caso, como a cada geração, foi-nos concedida uma frágil força messiânica para a qual o passado dirige um apelo. Esse apelo não pode ser rejeitado impunemente. O materialista histórico sabe disso.

4
[...] Assim como as flores dirigem a sua corola para o sol, o passado, graças a um misterioso heliotropismo, tenta dirigir-se para o sol que se levanta no céu da história. O materialismo histórico deve ficar atento a essa transformação, a mais imperceptível de todas.

5
A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz. O passado só se deixa fixar, como imagem que relampeja irreversivelmente, no momento em que é reconhecido. “A verdade nunca nos escapará” — esta frase de Gottfried Keller caracteriza o ponto exacto em que o historicismo se separa do materialismo histórico. Pois irrecuperável é cada imagem do presente que se dirige ao presente, sem que esse presente se sinta visado por ela.

6
Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo “como ele de facto foi”. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo. Cabe ao materialismo histórico fixar uma imagem do passado, como ela se apresenta, no momento do perigo, ao sujeito histórico, sem que ele tenha consciência disso. O perigo ameaça tanto a existência da tradição como os que a recebem. Para ambos, o perigo é o mesmo: entregar-se às classes dominantes, como seu instrumento. Em cada época, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que quer apoderar-se dela.

7
“Pensa na escuridão e no grande frio
Que reinam nesse vale, onde soam lamentos.”
Brecht
, Ópera dos três vinténs

Fustel de Coulanges recomenda ao historiador interessado em ressuscitar uma época que esqueça tudo o que sabe sobre fases posteriores da história. É impossível caracterizar melhor o método com o qual rompeu o materialismo histórico. Este método é o da empatia. A sua origem é a inércia do coração, a acédia, que desespera por apropriar-se da verdadeira imagem histórica, no seu relampejar fugaz. Para os teólogos medievais, a acédia era o primeiro fundamento da tristeza. Flaubert, que a conhecia, escreveu: “Peu de gens devineront combien il a fallu être triste pour ressusciter Carthage”. A natureza desta tristeza tornar-se-á mais clara se nos perguntarmos com quem o investigador historicista estabelece uma relação de empatia. A resposta é inequívoca: com o vencedor. Ora, os que num momento dado dominam são os herdeiros de todos os que venceram antes. A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, os dominadores. Isto diz tudo ao materialista histórico. Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão. De acordo com a pratica tradicional, os despojos são carregados no cortejo. Estes despojos são o que chamamos bens culturais e um materialista histórico contempla-os com distanciamento. Pois todos os bens culturais que ele vê têm uma origem sobre a qual ele não pode reflectir sem horror. Devem a sua existência não apenas ao esforço dos grandes génios que os criaram, como à força anónima dos seus contemporâneos. Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista histórico desvia-se dela. Considera tarefa sua escovar a história a contra-pêlo.

9
“Minhas asas estão prontas para o voo,
Se pudesse, eu retrocederia
Pois seria menos feliz
Se permanecesse imerso no tempo vivo.”
Gerhard Scholem
, Saudação do anjo

Um quadro de Klee, chamado Angelus Novus, representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que encara fixamente. Os seus olhos estão escancarados, a boca dilatada, as asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. O seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se nas suas asas com tanta força que não pode fechá-las. A tempestade impele-o irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Esta tempestade é o que chamamos progresso.

Walter Benjamim, Sobre o conceito de História



Bebendo em três fontes diferentes e aparentemente incompatíveis – o romantismo alemão, o messianismo judeu e o marxismo –, a filosofia da história de Benjamin é uma crítica tanto ao historicismo hegeliano, como ao progressismo marxista. A crítica de Benjamin ao historicismo – que concebe toda a realidade como produto de um devir histórico e atribui à filosofia a tarefa de levar a cabo uma teoria da história –, de origem nietzschiana, expressa-se na recusa da “admiração nua pelo sucesso”, da “idolatria do factual” e da reverência diante da “pujança da história” que resulta numa insurreição contra a tirania da realidade, para nadar contra a corrente histórica. Se o historicismo de Hegel se baseia na observação de que não há nenhum critério objectivo para determinar a melhor teoria de análise de um determinado objecto de estudo, estando, por isso, as ciências, como quaisquer outras disciplinas, condenadas à historicidade – enquanto Karl Popper entende o historicismo como uma aproximação às ciências sociais que assume a predição histórica como objecto principal, alcançável mediante a descoberta dos “ritmos”, dos “padrões”, das “leis” e das “tendências” subjacentes à evolução da história –, Benjamin concentra-se no “apelo” que o passado dirige ao presente, entendido como “um ‘agora’ no qual se infiltram estilhaços do messiânico”: centra-se no Jetztzeit que é o “relampejar fugaz” da imagem histórica no momento de um perigo. Incitando a escrever a história gegen den Strich, a contra-pêlo, o ponto focal, formulado de modo categórico, é o anjo da história e o seu pente (critério objectivo) a negativização: contra a tempestade do “cortejo triunfal” historicista, Benjamin fala em nome dos vencidos: “A catástrofe é o progresso, o progresso é a catástrofe. A catástrofe é o contínuo da história”. E não é esta sempre escrita pelos vencedores?

A perspectiva de Benjamin sobre a história (e sobre a cultura) é pois pessimista: distanciando-se do fatalismo e do Kulturpessimismus alemão (conservador, reaccionário e pré-fascista), o pessimismo benjaminiano é um pessimismo revolucionário. Opondo-se ao “optimismo de diletantes” que caracteriza a postura dos partidos burgueses – cujo programa político não passaria de “um mau poema de primavera” – e adoptando o imperativo da “organização do pessimismo”, defendido por Pierre Naville como “a fonte do método revolucionário de Marx” e único meio de “escapar às nulidades e às desventuras de uma época de compromisso”, a revolução é em Benjamin a via exclusiva para a interrupção de uma evolução histórica que conduz inevitavelmente à catástrofe.

No campo da arte, o século XX quer definir-se como o século de todas as revoluções. No entanto, o modelo historiográfico vigente no domínio da criação estética é ainda – ou voltou a ser – de molde novecentista. Com efeito, a História da Arte, a um tempo universalista e etnocêntrica, continua a nivelar por um mesmo padrão epistemológico todos os objectos que propõe como artísticos, independentemente do seu enquadramento cultural (dos lugares, tempos e contextos de produção), fundamentando essa complanação num argumento eminentemente antropológico: a nova história da arte está pois disposta a compreender a visualidade moderna pela aproximação histórica entre arte, cultura de massas e sociedade. Mesmo tendo-se deparado com uma disciplina em mutação – como manter os limites internos da história da arte num contexto em que a produção artística contemporânea se desvia do trilho objectual ou, visando o consumo, se mistura aos demais domínios da produção cultural? –, os receios de Didi-Huberman sobre o fim da história da arte mostram-se assim infundados. Serenadas as convulsões anti-arte que marcaram, de modos diferentes, o início e os meados do século XX, a produção artística contemporânea mostra-se simpática e optimista. Resultado de uma notável elasticidade dos parâmetros estéticos e de uma revisão ideológica dos conceitos e das categorias artísticas, a ampliação da noção de arte foi o tramite mais eficaz para a superação do problema: tanto no sentido de uma ampliação horizontal – que a conduziu à identificação da criação artística com a visualidade –, como num sentido vertical – pela revisão das práticas historiográficas, propensas a considerar como “factos artísticos” todos os que “a ideologia dominante lhes oferece como tais através da suas instituições públicas e privadas” (Hubert Damisch). Gozando de uma probidade insofismável, a história da arte apruma-se invariavelmente pelos vencedores: o seu programa é, como diria Benjamin, o “apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo”, não para salvar o passado (i.e., para o problematizar), mas para o tornar útil: o imperialismo é neoclássico (ou seja, pós-modernista – não na versão de Lyotard, mas no sentido habermasiano do termo).

Alguns dos principais museus da “Capital do Século XIX” (imagem alegórica da própria modernidade) estão, neste momento, apostados em promover um confronto entre as suas colecções e a criação estética contemporânea. Tendo, há muito, deixado de ser o epicentro da discussão artística, Paris chegou à conclusão que só tirando partido das suas mais importantes instituições museológicas – e do incomensurável património artístico que estas gerem – poderá fazer frente a um certo decadentismo e abrir novas perspectivas face à hegemonia do paradigma anglo-saxónico: à presentificação fluida contrapõe, pois, o abismo da história.

O Louvre, depositário de uma colecção que facilmente se confunde com a própria história da arte, aposta em várias frentes. Dando continuidade a uma tradição e a uma lógica de “modernização” do museu – em 1947 Picasso é convidado a expor na Grande Galeria, em 1953 Braque pinta o tecto da sala Henri II – , na qual se inscreve a actual política de abertura à criação contemporânea, tem convidado, ao longo dos últimos 20 anos, diversos artistas a produzir pontos de vista particulares sobre a instituição, entre os quis se contam Christian Milovanoff (“Le Louvre revisité”, 1986), Jean-Christophe Ballot (“Le Louvre en métamorphose”, 1994), Etienne Revaut (“Le geste surpris”, 2004), Patrick Faigenbaum (“Louvre et Chaussé d’Antin”, 2004), Jean-Luc Moulène (“Le Louvre – Le Monde”, 2006) e, presentemente, Candida Höfer (“le Louvre”) que, com Thomas Struth e Louise Lawler (também eles já com trabalho e mostras realizados no museu) se tem centrado numa pesquisa estética sobre os dispositivos e espaços de exposição. Por outro lado, tem organizado ainda sucessivas mostras que visam o cruzamento da colecção com a criação contemporânea, nomeadamente “Contrepoint”, iniciativa que indo já na terceira edição (2004-2005 e 2006), propõe a disseminação de objectos contemporâneos pelo espaço das galerias. Paralelamente a estas acções, o museu tem vindo igualmente a convidar pensadores contemporâneos (não necessariamente ligados às artes plásticas) – Jacques Derrida, Peter Greenaway, Julia Kristeva, Hubert Damisch – a desenvolver abordagens transversais, “comissariando” novas aproximações à colecção. Neste momento, a proposição da escritora norte-americana Toni Morrison, intitulada “The Foreigner’s Home”/“Étranger chez soi”, constitui o mote para a exposição “Corps Étrangers : danse, dessin, film”.

Candida Höfer apresenta um conjunto de 9 fotografias de grande formato, de uma série de 15, realizadas em 2005 nas salas de exposição do Louvre. Interessada nos espaços públicos que simbolizam a cultura universal enciclopédica das grandes instituições culturais (museus, bibliotecas, arquivos ou, mais recentemente, a Ópera de Paris), Höfer realiza nesta série uma aproximação à especificidade da arquitectura museológica: a galeria. Instalada na cave do museu, na secção consagrada à história do palácio/castelo onde podem ser vistas as fundações do Louvre medieval – salle de la Maquette –, a exposição pretende pois questionar os próprios alicerces epistemológicos da instituição. As fotografias, esvaziadas de presença humana e reclamando a objectividade e o distanciamento que caracterizam a escola de Düsseldorf, centram-se em pontos de vista centrais sobre as perspectivas infinitas das galerias do museu. A fotografia de museu, que já quase se tornou um género em si mesma, serve aqui para questionar o linearísmo sequencial (espacial, mas também cronológico) que estrutura a organização museológica na sua formulação clássica, votando ainda uma atenção muito particular à história do edifício, aos indícios materiais que denunciam uma ocupação anterior de tipo diferente. Esta inquirição sobre a história do lugar e das suas reconversões, sugerida em todas as fotografias apresentadas, culmina numa imagem da grande sala de jantar de Napoleão III, cujos apartamentos privados no Louvre, preservados e abertos ao público, constituem uma peça-chave para a compreensão da sua cenografia museológica.

Dividida em duas partes, “Corps Étrangers : danse, dessin, film” parte do enquadramento temático-conceptual proposto por Toni Morrison – visando múltiplas ressonâncias, tanto históricas como contemporâneas, as noções de casa, asilo, lugar de ancoragem e comunidade servem para articular a questão: como é que ao longo do tempo o sentimento de pertença a um lugar, a uma identidade, tem sido posto em risco pelos acasos da história; como é que as mutações políticas, sociais ou culturais podem dar lugar a uma experiência de desaposseção do indivíduo daquilo que considera ser a sua casa, o seu território ou lugar de pertença, referência simbólica maior em permanente redefinição: como refere François Villon: “en mon pays suis en terre lointaine”. A exposição integra a instalação “Retranslation/Final Unfinished Portrait (Francis Bacon)”, trabalho de parceria de William Forsythe e Peter Welz, e “Corps Étrangers”, selecção de desenhos de Delacroix, Le Brun, Degas, Gériacult e Füssil, das colecções dos museus do Louvre e d’Orsay postos em relação com trabalhos em suporte vídeo realizados por Sonia Andrade, Samuel Beckett, Bruce Nauman e Kazuo Ohno.

Forsythe e Welz centram-se no último retrato de Francis Bacon, deixado inacabado aquando da sua morte, em 1992, para realizar um exercício de transposição formal. Se Bacon se refere à sua própria pintura não como uma “ilustração da realidade”, mas antes como uma “concentração da realidade e uma estenografia da sensação”, a tradução performativa de Forsythe adopta por matriz o desenho preparatório (impressão imediata do movimento, de uma energia em acto), o intervalo entre as múltiplas silhuetas que definem a figura. Trabalhando actualmente sobre os graus de consciência da sensação e sobre a ideia da figura como “desenvolvimento de um êxtase de sensações”, William Forsythe recusa a forma enquanto congelação de um ponto de vista objectivo: se o corpo evolui constantemente de um estado a outro, o que importa analisar é o processo de formação. Deste modo, impregnando os pés e as mãos com minha de chumbo, Forsythe tenta reproduzir com o corpo, de memória e através do movimento, as múltiplas linhas estruturantes do desenho de Bacon sobre um suporte branco horizontal, fazendo assim emergir um novo registo gráfico. A instalação vídeo de Peter Welz produz, por seu turno, uma interpretação plástica da performance decompondo o movimento no espaço. A tridimensionalização da figura, resultado de um processo de hibridação formal – desenho-performance-vídeo-intalação – apresentado nas salas de estatuária grega do Louvre, propõe assim um confronto contemporâneo com as representações do corpo na escultura clássica.

A segunda parte da exposição “Corps Étrangers”, partindo de uma premissa que identifica o corpo em movimento como “lugar de uma identidade precária, suspensa ou instável”, propõe-se a ler as representações gráficas da figura humana a partir da sua performatividade e das suas linguagens, prolongando assim a reflexão sobre as relações entre o desenho e o movimento corporal exploradas em “Retranslation/Final Unfinished Portrait (Francis Bacon)”. São quatro as aproximações à questão, formuladas no confronto entre desenhos do século XIX – que têm em comum o facto da qualidade do movimento das figuras representadas evocar uma experiência eminentemente física de “estados interiores”, desligada da fixação de uma narrativa – e obras fílmicas realizadas nas décadas de 60 e 70, provenientes de diferentes enquadramentos disciplinares (vídeo-performance, dança butô e teatro de texto). Na primeira confrontação, “Campos de batalha”, estabelece-se um paralelismo entre uma performance vídeo realizada pela artista brasileira Sonia Andrade, em 1977, em plena ditadura militar, e os estudos de Degas para o quadro “Scène de guerre au Moyen Âge”, de 1865. Num caso como no outro, os fundamentos do desenho como processo de definição e identificação da figura traduzem-se numa violência gráfica que é a da desfiguração. No espaço denominado “Pregas”, o filme “Portrait of Mr. O”, de Kazuo Ohno, 1969, entra em diálogo com esquiços de Delacroix, realizados entre 1836 e 1840. O fio condutor do confronto centra-se na emancipação expressiva do corpo e nas potencialidades das articulações, elementos intermediários de circulação e de fluxo que remetem para processos de transformação e de passagem de um estado a outro, ponto nevrálgico tanto do teatro butô como dos desenhos de Delacroix, inspirados em Goya e Rubens. A terceira parte da exposição, “Culpas”, põe lado a lado “Boucing in the Corner, n.º 2: Upside Down”, vídeo de 1969, da autoria de Bruce Nauman, e esboços de Le Brun produzidos por volta de 1672 para “La Chutte des anges rebelles”, pintura destinada ao tecto da capela de Versalhes. O tema central da reflexão é, nos dois trabalhos, a massa corporal, a sua densidade e o modo como a sujeição à gravidade define e investe de significado a postura e o movimento do corpo. Por fim, “Apagamentos”, último binómio apresentado na exposição, propõe uma correspondência entre o “Film”, transposição cinematográfica de teatro de texto realizada por Samuel Beckett, em 1965, e desenhos de Seurat, Füssli e Géricault. A polarização entre a experiência filmográfica de Beckett e os desenhos pré-românticos e impressionistas incide no relativismo percepcional proposto por Berkeley, na procura de um não-ser que se concretiza na experiência do apagamento e na temática moderna da figuração estranha a ela própria.

O denominador comum destas confrontações é, evidentemente, o corpo – as determinações estéticas, culturais e políticas dessa concepção, as representações associadas, as implicações sobre as possibilidades de perceber e agir –, suporte/medium e tema central, não apenas da pesquisa estética das décadas de 60 e 70 (com prolongamentos, desenvolvimentos e anacronismos que chegam até ao presente, de modo mais ou menos estereotipado), mas de toda a história de arte ocidental. No entanto, outros traços se detectam de imediato. O que os paralelismos propostos dão a ver não é só uma oposição entre o “antigo” e o “moderno”, uma recorrência de questões filosóficas e morfológicas que atravessam a criação artística e se constituem como prisma de abordagem diacrónica, certamente válido: a permanência das formas, a tese de que não há evolução em arte, traduz, neste como noutros casos, uma clara assumpção ideológica: se, por um lado, se verifica que todos os “desenhos antigos” da exposição são franceses, afere-se, por outro, que nenhum dos autores das obras contemporâneas que lhes servem de contraponto tem a mesma nacionalidade. Daqui decorrem pelo menos duas hipóteses de interpretação: ou a proposição indica que muitas das questões tratadas internacionalmente pelas neo-vanguardas haviam já sido objecto da démarche das escolas pré-romântica e impressionista francesas dos séculos XVIII e XIX; isto é, o modernismo francês seria portanto uma báscula fundamental da arte contemporânea, antecipando, enquadrando e definindo inúmeros aspectos presentemente em discussão; ou, o que a exposição denuncia é, pelo contrário, o historicismo como plataforma de afirmação e último reduto da participação da criação artística francesa no debate contemporâneo. Entre o louvor e a constrição, o que se afigura particularmente produtivo no confronto da arte contemporânea com a história é a reavaliação (bidireccional, correlativa e reversível) dos dois tropos postos em choque. Desse acidente, que originou algumas das transformações estéticas mais importantes do século XX, poderão, sem dúvida, resultar novas vias de entendimento do fazer artístico, nomeadamente no que se refere ao seu compromisso político, ou seja, à sua existência histórica.

Partindo de princípios idênticos aos que orientam este projecto curatorial do Louvre, também o musée d’Orsay tem, desde 2004, promovido o confronto de obras da colecção com criações contemporâneas. O programa desta iniciativa, denominada “Correspondences musée d’Orsay / art contemporain”, propõe dar a ver as colecções do museu através do olhar de artistas contemporâneos. A um ritmo de duas ou três edições por ano, o museu convida dois artistas com percursos criativos diferentes (sendo um francês e o outro estrangeiro, essa é a regra) a escolher uma obra da colecção para, a partir dela, estabelecer um paralelismo com o seu próprio trabalho. Do diálogo assim estabelecido, pretende-se que resulte a possibilidade de ver as colecções a partir de um novo prisma, fazendo “ressoar a modernidade ainda activa” das peças que a constituem. Depois das correspondências entre “Gustave Courbet / Tony Oursler” e “Gustave Le Gray / Pierre Soulages”, “Carpeaux / Joel Shapiro” e “Chat noir / Christian Boltanski”, “Van Gogh / Braco Dimitrijevic” e “Manet / Anthony Caro”, “Steichen / Alain Kirili” e “Courbet / Brice Marden”, “Quartier de l\'Opérea / Annette Messager” e “Gauguin / Robert Mangold”, são actualmente apresentados os confrontos entre “Cézanne / Jeff Wall” e “Monet / François Morellet”.

A primeira correspondência é estabelecida por Jeff Wall a partir de “Le pont de Maincy”, quadro de Cézanne, de 1879, que considera “essencial” no processo de fusão entre a herança pictórica e a perspectiva fotográfica. Se Wall ilustra as suas ligações com a obra de Caravaggio e de Poussin, reconhece em Manet, Degas e Cézanne referências evidentes e estruturais: evocando recorrentemente o paradigma do pintor da vida moderna, caro ao século XIX – período em que se reaviva e actualiza o princípio da invenção pictural –, considera que a prática pictórica destes autores lhe fornece um enquadramento à sua actividade fotográfica. “Le pont de Maincy”, que havia já sido objecto de uma interpretação de Jeff Wall, tendo determinado a realização de “The Drain”, em 1989, serve agora de ponto de partida para “Rear View, Open Air Theatre”, de 2005. Sendo óbvia a analogia formal entre as três imagens – a fotografia é para Jeff Wall, como a pintura para Cézanne, um trabalho minucioso de construção, de análise e sublimação de planos e estruturas compositivas –, esta transposição, que é também uma decomposição, traduz alguns dos principais determinações estéticas da pesquisa de Jeff Wall. Recusando o estatismo da classificação da fotografia entre o ficcional e o factual, Jeff Wall reporta as suas imagens como sendo “cinematográficas” ou “documentais” – implicando, as primeiras, diferentes formas de performatividade, de colaboração e de mise-en-scène, que as segundas não pressupõem, sugerindo, pelo contrário, uma “captação directa” do objecto, na maior parte das vezes entendível como “natureza morta” ou “paisagem” esvaziada de presença humana – para, a partir dessa organização, estabelecer um diálogo entre as duas categorias. A dinamização dos géneros opera-se em Jeff Wall através da exploração das potencialidades discursivas da fotografia, partido da convicção de que é impossível produzir uma narrativa sem representar ocorrências. Essa perspectiva, significativamente um dos grandes pontos de convergência tanto com a obra de Cézanne como com Atget (cuja influência é convocada na exposição, onde se incluem algumas das suas mais conhecidas imagens), articulada com uma vontade de aproximação aos “valores clássicos da fotografia”, propõe a representação como ocorrência: a produção da obra, a tomada de um ponto de vista, constitui, ela própria, um acontecimento, contendo, de algum modo, a história da sua própria elaboração. É precisamente essa sedimentação processual, a construção de um espaço de “outros visíveis”, ulteriores e simultâneos, que Cézanne mostra com tanta intensidade: a representação, a inclusão e o apagamento de figuras (esse terá sido o caso de “Le pont de Maincy”, e argumento para a encenação de “The Drain”) abre um espaço diegético. O elemento “invisível” contido na imagem – que, passe o paradoxo da invisibilidade em fotografia, não corresponde ao inefável ou ao intransmissível (nem decorrerá de um “efeito de leitura”) – é assim, sem o pretender definir, um dos pontos centrais do trabalho de Jeff Wall: o poder de sugestão como propriedade específica da obra de arte: a capacidade de fazer figurar coisas ou atributos que não são apresentados nem representados.

O segundo convidado do musée d’Orsay, François Morellet (fundador, nos anos 60, com Le Parc e Yvaral, entre outros, do Groupe de Recherche d’Art Visuel) tem trabalhado nas fronteiras do minimalismo, do conceptualismo e do concretismo. Recusando o “sentimento” em favor de uma “neutralidade activa”, investigando uma linguagem geométrica fundada em formas simples, associadas em composições elementares, e explorando as condições de instalação, a relação dos objectos com o espaço envolvente, a escolha para o confronto recaiu sobre a série “As Catedrais” de Monet, por se lhe afigurar “magnífica, sistemática, obstinada e provocante”: como Morellet, Monet é um pintor sistemático que recorre à série como estratégia de superação da subjectividade. Depois de já ter realizado inúmeros trabalhos (e “desfigurações”) a partir da obra de diferentes artistas – entre os quais Rodin, La Tour e Courbet – a abordagem à Monet desenvolveu-se, de modo assaz evidente, através do estudo do tratamento lumínico. Se Monet procede a uma análise da luz – para muitos impressionistas a análise realista de luz não passava, por vezes, de um pretexto para se libertarem do realismo –, Morellet faz uma síntese da luz. Partindo de três quadros da série de “La cathédrale de Rouen” de Monet (“Le portail vue de face. Harmonie brune”, “Le portail et la tour Saint-Romain, effet du matin. Harmonie blanche” e “Le portail, temps gris. Harmonie gris”, realizados entre 1892 e 1894), Morellet avalia as variantes da intensidade da luz entre os quadros e, respeitando as suas dimensões e o recorte das silhuetas dos portais da catedral representados, reproduz, usando tubos de néon, essas variações.

Procurando um distanciamento dos modelos canónicos da história da arte, através do ensaio de novas perspectivas sobre as colecções, o Louvre e o musée d’Orsay aproximam-se de algumas concepções da antropologia histórica das imagens e da iconologia do intervalo formuladas por Aby Warburg no limiar do século XX. Desenvolvendo o projecto de uma Kulturwissenchaft unitária, aberta a múltiplos campos do saber, Warburg encara a história da arte como uma memória errática de imagens que regressam constantemente como sintomas, como um processo trans-histórico de “renascimentos” (que não seriam um revivalismo através do qual se procederia à recuperação de uma tradição perdida, mas um mecanismo inconsciente, próprio da memória colectiva, que se manifesta através de sintomas – esses “índices misteriosos que impelem o passado para a salvação”, o “heliotropísmo” que tende a dirigir-se para “o sol que se levanta no céu da história”), de sobrevivência (Nachleben) da Antiguidade. A cultura seria assim um processo de sobrevivência, de transmissão (“não isento de barbárie”, acrescentamos, depois de Benjamin). É certo que se não sendo exactamente os mesmos os propósitos museológicos do Louvre e d’Orsay, os princípios metodológicos e expositivos que estão na base das correspondências denunciam a influência do modelo warburguiano. Elegendo a imagem como verdadeiro objecto da sua investigação (e dispensando o recurso às palavras), Warburg procura compreender a grande permeabilidade desta às sedimentações históricas e antropológicas, tentando identificar as cadeias de tradição que operam no interior da linguagem ocidental. O projecto inacabado da constituição de um Bilderatlas (Atlas de imagens que designou Mnemosyne) seria assim o instrumento fundamental para a realização dessa tarefa. A natureza das relações entre as imagens sobreviria pois da análise das constelações visuais, ordenadas não segundo uma mera similaridade formal, mas de acordo com conexões determinadas por uma “afinidade recíproca” e por um princípio de “boa vizinhança” (por sinal, o mesmo que presidia à organização da sua biblioteca). Deste modo, o que o projecto iconológico de Warburg demonstra é, antes de mais, a possibilidade (e a urgência) de superar o estatismo, o jugo do sincronismo e a saturação que caracterizam e circunscrevem a história da arte na sua formulação mais consensual: perfilhar uma disciplina implica, inevitavelmente, o reajustamento dos seus fundamentos e princípios operativos, a redefinição dos seus limites, a invenção da sua prática.

O programa de dinamização dos bens culturais traduz, nos termos em que tem vindo a ser implementado nos principais museus franceses, não apenas um imperativo de reavaliação dos métodos, pressupostos teóricos, horizontes e objectivos historiográficos, como também um forte investimento na sua rentabilização (económica, simbólica e política). Os últimos desenvolvimentos deste processo, que começou com a popularização do Impressionismo, passam pela promoção de um “turismo cultural”, disposto a consumir e venerar os mais extraordinários mistérios da arte do passado (mostrando particular apetência por quatro ou cinco ícones que não precisamos de nomear), pela elevação do património artístico ao estatuto (religioso) de relíquia do absoluto, o Deus republicano a que chamaremos Humanismo. No entanto, e fazendo justiça ao que parece ser a especificidade de todas as celebrações, é a nostalgia que se torna particularmente nítida: a República Francesa do século XXI ainda não soube digerir as glórias do passado, a arte contemporânea francesa não sabe como relacionar-se com essa pesada herança; mas, “irrecuperável é cada imagem do presente que se dirige ao presente, sem que esse presente se sinta visado por ela”, diria Benjamin: é que todo o efectivamente presente consubstancia, necessariamente, as determinações do lugar e as reverberações do passado. O estabelecimento de correspondências entre a produção estética de diferentes períodos (que, nos exemplos que referimos, procedem da interposição e da interpretação) constituindo, em si mesmo, um princípio formador tanto da museologia como da história, obriga à fixação de um ponto de vista, a uma ancoragem histórica, impõe um aqui e um agora como agentes da mediação (definíveis como linguagem, sujeito, ideologia, teleologia etc.). Questionar uma correspondência significa, por isso, problematizar a negociação, os instrumentos de intercessão que a estabelecem, o seu produto, e é a isso, precisamente, que as iniciativas do Louvre e do musée d’Orsay se furtam: a tematização evita os incómodos da desconstrução.
De qualquer modo, seria importante realizar um estudo comparativo entre estes e outros exemplos e o expediente dos principais projectos museológicos nacionais. Esse trabalho está, no entanto, por fazer.